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Dar a conhecer as «aves, répteis e anfíbios, insetos, mamíferos e as raridades da flora» das Alagoas Brancas, no concelho de Lagoa, é o objetivo de um novo site que a associação Almargem lançou hoje, dia 12 de Dezembro.

A plataforma, ao reunir informação sobre algumas das espécies que podemos encontrar nesta zona húmida às portas de Lagoa, pretende dar a conhecer a riqueza natural das Alagoas Brancas.

«A biodiversidade das Alagoas Brancas, já documentada em estudos e ações anteriores, justifica os esforços de proteção que vários movimentos cívicos e entidades levaram a cabo ao longo dos últimos anos, e o desejo de que esta seja, futuramente, uma área classificada», defende a Almargem.

Além do site, «fica também disponível para download uma brochura digital, em português e inglês. As informações sobre as espécies, escritas numa linguagem clara e acessível, são acompanhadas de ilustrações científicas de Davina Falcão, João T. Tavares, Marcos Oliveira e Paula Gaspar».

Tanto o site como a brochura são parte dos resultados da candidatura “Alagoas Brancas: do conhecimento à ação”, financiada pelo Fundo Ambiental.

Esta candidatura «permitiu levar a cabo uma série de outras ações, ao longo do mês de Novembro, com as quais a Almargem quis sensibilizar a população e aumentar o conhecimento público quanto à riqueza e valores naturais que aqui se encontram».

Em 2017, soaram os alertas para a possibilidade desta importante zona húmida ser destruída, uma vez que havia um projeto de construção de um empreendimento comercial previsto para o loteamento denominado Alagoas Brancas, que foi inscrito no Plano de Urbanização da Cidade de Lagoa aprovado pela Câmara de Lagoa em 2008, conferindo direitos ao promotor.

A partir daí, sucederam-se iniciativas de vários quadrantes da sociedade, desde partidos políticos a associações, mas também de cidadãos, que se mobilizaram em defesa deste local.

Entre eles, contou-se o Movimento Salvar as Alagoas Brancas, que desde 2017 promoveu diversos protestos e iniciativas em defesa da preservação daquela zona.

O caso foi levado à Assembleia da República e, mais tarde, ao ministro do Ambiente, neste último caso através de um pedido feito por quinze associações, entre as quais a Almargem, para que o Governo protegesse as Alagoas Brancas.

Já este ano, e na sequência de um protocolo celebrado entre a Câmara de Lagoa e o Fundo Ambiental, o Município assinou um contrato promessa de compra e venda com o proprietário do terreno, de modo a ali criar um parque natural.

 

 

Paralelamente, decorria o projeto da Almargem apoiado pelo Fundo Ambiental, que permitiu lançar o novo site.

«No âmbito desta candidatura, mais de 200 alunos e 10 professores das escolas do primeiro ciclo do ensino básico do concelho de Lagoa foram “Ornitólog@s por um dia!”. Orientados por especialistas, ficaram a saber mais sobre a biologia das aves, as espécies que ocorrem nas Alagoas Brancas e a importância desta zona húmida. Houve ainda tempo para uma sessão prática de observação de aves», descreve a Almargem.

«Estas ações são fundamentais para a formação de jovens cidadãos mais conscientes e com mais interesse na descoberta e defesa dos valores naturais. O seu sucesso ficou claro no interesse que alunos e professores mostraram em dar continuidade a este tipo de atividades», reforça.

Os fins de semana «ficaram reservados para uma série de saídas de campo nas Alagoas Brancas. Os participantes aprenderam sobre vários tipos de fauna (borboletas noturnas, insetos, aves), sobre a vegetação e a geologia deste espaço, em visitas guiadas por especialistas».

Também foi promovido um Bioblitz, «que contou com 11 atividades compactadas num animado fim de semana, permitiu à população participar ativamente na recolha de informação sobre as Alagoas Brancas. Foram contabilizadas as espécies encontradas (plantas aquáticas e terrestres, aves, insetos, anfíbios e outros grupos), uma informação fundamental para dar continuidade à monitorização da biodiversidade deste ecossistema».

«Destaque ainda para uma ação de voluntariado de remoção de plantas invasoras. Os cidadãos envolvidos ficaram a conhecer uma das ameaças às Alagoas Brancas e a forma como todos podem participar na sua defesa», diz a associação ambientalista algarvia..

Estas ações contaram com o apoio da Câmara Municipal de Lagoa e a participação de várias entidades: Centro de Ciências do Mar, Universidade do Algarve, Centro de Ecologia Funcional da Universidade de Coimbra, TAGIS, Associação Vita Nativa, A Rocha e Geowalk & Talks. A coordenação operacional do projeto ficou a cargo da associação Almargem.

As Alagoas Brancas são «o único local em Portugal onde ocorrem oito espécies botânicas importantes em simultâneo, e um dos poucos na Europa e no mundo com estas características. A riqueza botânica do local permite equipará-lo a uma “mini Doñana”. Destaque para a maior população, em Portugal, da estrela-de-água (Damasonium bourgaei), uma espécie muito rara».

«Para conhecer bem e proteger esta área é fundamental que as ações de formação, recolha de dados e monitorização tenham continuidade e se estendam ao longo de períodos alargados de tempo. No caso das Alagoas Brancas, por se tratar de uma zona húmida com características muito diferentes consoante haja, ou não, água, só o estudo de pelo menos um ano hidrológico completo (isto é, que cubra os diferentes níveis de precipitação ao longo de 12 meses) poderá ajudar a traçar um retrato fiável de todos os valores naturais presentes», conclui a Almargem, que em 2019, na sequência de um estudo que levou a cabo, propôs a classificação das Alagoas Brancas como Área Protegida de Âmbito Local.

 

 

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