A Comissão de Utentes da Via do Infante disse que, após a abolição de portagens na autoestrada 22 (A22), amanhã, 1 de Janeiro, a luta continuará pela remoção de pórticos, denúncia da parceria público-privada e manutenção do pavimento.
«Devemos continuar a lutar. A luta ainda não terminou. A Comissão de Utentes da Via do Infante [CUVI], a partir deste momento, vai continuar a exigir a desmontagem dos pórticos. Porque não sabemos se amanhã não teremos um outro governo que, alegando dificuldades para o país, seja tentado a colocar novamente as portagens», afirmou aos jornalistas João Vasconcelos, porta-voz da Comissão de Utentes da Via do Infante (CUVI).
O representante da plataforma falava em conferência de imprensa realizada em Boliqueime, junto à A22, para assinalar o fim das portagens nesta antiga Scut (via sem custos para o utilizador) a partir de 2025.
A comissão de utentes exige também «a divulgação e denúncia pública do contrato da PPP [parceria público-privada] da Via do Infante», considerando «necessário que aquelas questões obscuras que são desconhecidas dos algarvios e do povo português sejam tornadas públicas e que o Governo não pague as manigâncias que deram muitos milhões [de euros] à concessionária».

A plataforma continuará, por outro lado, «a exigir que a Via do Infante tenha um piso adequado» e que haja «uma manutenção adequada e rigorosa», destacou João Vasconcelos, indicando que, no dia 11 de Janeiro, a CUVI realizará um fórum em Loulé sobre estes três temas.
Já na quarta-feira, dia 1 de Janeiro, para «celebrar o fim das portagens no Algarve», a comissão de utentes apelou a um buzinão nas entradas e saídas da Via do Infante, às 10h00 e às 16h00.
A CUVI tenciona ainda mudar o nome para Comissão de Utentes da Via do Infante e da Estrada Nacional 125 (EN125), porque «há muito a fazer» pela EN125, nomeadamente a requalificação do piso no troço entre Olhão e Vila Real de Santo António.
João Vasconcelos sublinhou a luta de 14 anos da comissão de utentes, iniciada em 2010, um ano antes da introdução de portagens no Algarve, a 8 de Dezembro de 2011.
«Foi uma luta interessante e que saiu vitoriosa, não obstante os prejuízos que causou ao Algarve. (…) Muitas mortes, muito sofrimento, muitas famílias destruídas, mas a conclusão que se tira no final é que vale a pena lutar e o Algarve está de parabéns», referiu.
João Vasconcelos assumiu estar «ciente» de que só haverá abolição de portagens na A22, originada por uma iniciativa partidária do PS, «porque houve luta» e «pela dívida que alguns partidos têm para com o Algarve», numa referência direta aos socialistas.
«Em 2020, foi aprovada uma resolução na Assembleia da República, que estipulava a eliminação de portagens na Via do Infante enquanto a EN125 não fosse requalificada. Se isso tivesse sido cumprido, seria muito difícil depois voltar a introduzir portagens e o PS nunca cumpriu, o Governo do PS, de António Costa, nunca cumpriu», concluiu.
O Parlamento aprovou, em Maio, o projeto-lei do Partido Socialista para o fim das portagens nas ex-Scut a partir de 1 Janeiro. A proposta abrange as autoestradas do interior ou as vias onde não existam alternativas que permitam um uso com qualidade e segurança.
O projeto de lei passou com os votos a favor do PS, BE, PCP, Livre, Chega e PAN, e a abstenção da Iniciativa Liberal (IL). PSD e CDS votaram contra.
