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Em “Storm”, há o David da Culatra, a Leonor da Armona e uma mensagem muito clara: se não cuidarmos do nosso planeta, quem cuidará? O novo espetáculo de Armando Mota é, acima de tudo, um bailado em forma de manifesto: pelo Algarve e pela atenção que todos temos de dar às alterações climáticas. 

Com dramaturgia e música original do maestro Armando Mota e coreografia de Daniel Cardoso, da Quorum Ballet Dance Company, “Storm” estreia esta sexta-feira, 10 de Janeiro, às 21h30, no Teatro das Figuras, em Faro.

A ideia, explica Armando Mota, durante uma pausa na azáfama dos dias pré-estreia, veio da preocupação em cuidar do que o Algarve tem de melhor.

«Atualmente, o mundo debate-se com o problema complicado que são as alterações climáticas. Então pensei que, a ser verdade o que os cientistas dizem, se o nível do mar subir 1,5 metros, a nossa costa vai ficar muito ameaçada e, em especial, as ilhas da Culatra e da Armona de que tanto gosto», diz ao Sul Informação. 

Assim, o espetáculo, que juntará 11 bailarinos em palco, é uma «forma de alerta, mas de uma outra forma: através da arte».

E o alerta tem duplo sentido: serve tanto para a questão das alterações climáticas, como para a importância de haver cultura no Algarve.

«Temos de ter uma oferta diversificada e a cultura é uma parte importante. Nós, no Algarve, somos o patinho feio nos subsídios e nos apoios do Estado que acha que somos uma região rica», lamenta.

“Storm”, por falar da Armona e da Culatra, é também visto pelo maestro Armando Mota como uma «projeção do Algarve».

«Há gente que nunca ouvi falar das duas ilhas! Temos de salvaguardar aquilo que temos e a questão da erosão costeira é essencial», exclama.

No palco, haverá elementos bem presentes na Armona e na Culatra: água e areia. A cenografia ficou também entregue a Daniel Cardoso, que vê este “Storm” como um desafio.

 

 

«Ter sido o maestro a fazer a música, a criar um enredo específico, é um desafio, porque me dá linhas orientadoras que tenho de seguir. Normalmente, trabalho de uma maneira até intuitiva e eu é que idealizo: aqui há um caminho que não nasceu na minha cabeça», explica, com o cenário, ainda a ser montado, à sua frente.

Mas engana-se quem acha que o desafio não motivou (ainda mais) Daniel Cardoso.

«Posso dizer que estou muito satisfeito com o resultado e estou expectante para ver qual será o feedback do público. Temos areia, temos água… São elementos essenciais para a história que vamos contar. O meu trabalho tem sempre este lado cénico forte e é o que me interessa», considera.

Armando Mota não tem dúvidas de que este espetáculo já é «uma aposta ganha». Nele, cabem também os festivais do Marisco de Faro e Olhão, bem como… o baile mandado, dança tipicamente algarvia.

«Do que sei, no mundo inteiro, em todo o folclore mundial, não há nenhuma forma de dança em que as pessoas estejam a dançar e esteja alguém a dizer o que devem fazer. Isso só acontece no baile mandado e isto é único!», atira.

«É um “Storm” muito fora da caixa. Não foi uma produção barata, mas é algo a que nos temos de habituar. A cultura custa dinheiro», acrescenta.

Para Gil Silva, diretor do Teatro das Figuras, começar o ano com uma produção destas também é motivo de orgulho.

«Diria que é uma excelente maneira de arrancar com a programação de 2025. Temos aqui dois grandes criadores: o Armando Mota e o Daniel Cardoso. A Quorum Ballet é uma companhia muito representativa da dança contemporânea profissional e das poucas que tem corpo de baile. Tudo está muito bem conseguido», conclui.

Depois de Faro, “Storm” já tem datas marcadas para Olhão, no sábado, dia 11, às 21h30, e Albufeira, no domingo, dia 12, a partir das 19h00. Também já há sessões para outros pontos do país e um sonho: levar a peça à Expo deste ano, em Osaka (Japão), para ser apresentada no Pavilhão de Portugal.

 

 

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