As propostas do Master Plan para a Regeneração Urbana do Centro Antigo da Cidade e dos Planos Estratégicos de Reabilitação Urbana, que foram apresentados esta segunda-feira, dia 26 de setembro, no Teatro Municipal de Portimão, em sessão pública, são ambiciosas e apresentam muitas mudanças em locais da cidade como a estação rodo-ferroviária, a zona ribeirinha ou o centro antigo.
O objetivo das intervenções é recuperar e preservar a identidade/memórias da cidade relacionadas com os aspetos arquitetónicos, históricos e culturais do centro de Portimão, como também o de intervir no espaço público.
Durante dois anos, uma equipa de especialistas externos e técnicos dos serviços municipais trabalhou nas propostas, estudando os mais diversificados aspetos e desenvolvendo um conjunto de propostas de intervenção nesta zona tão sensível da cidade.
Apesar da sessão desta segunda-feira se destinar a esclarecer e mostrar as propostas para aquelas três áreas, contíguas umas às outras, a verdade é que os arquitetos Miguel Arruda e Sidónio Pardal não conseguiram explicar bem nem as propostas, nem o que pretendem melhorar e alterar e porquê, e muito menos o que vai ser feito em cada um dos locais, de forma clara e simples.
Uma dificuldade de comunicação que acabou por fazer com que grande parte das pessoas que, movidas pela curiosidade, tinham começado por encher o grande auditório do tempo acabassem por ir abandonando a sala.
Por isso, para suprir essa lacuna, o Sul Informação explica aqui as alterações que foram propostas para cada zona de intervenção:
Zona ribeirinha de Portimão
A proposta apresentada pelo arquiteto Sidónio Pardal pretende resolver problemas funcionais, respeitando a memória dos sítios. Assim, na zona ribeirinha é necessário, segundo o especialista, resolver um vazio que existe entre o tecido urbano e a água (o Rio Arade).
A principal novidade é a reposição do trânsito automóvel frente à Casa Inglesa (à qual Sidónio Pardal chamou Loja dos Ingleses, arrancando risos à assistência).
O ordenamento do trânsito automóvel é assim apresentado como uma das soluções, para aproximar a cidade do rio, devendo ficar a circulação mais facilitada. Desta forma, a Rua Júdice Biker passa a ter o sentido único invertido, entre a Caixa Geral de Depósitos e o Largo Heliodoro Salgado. Em vez de ser a via de saída da cidade, passa a ser a entrada. Esta solução é semelhante à forma como o trânsito se fazia há alguns anos, antes de ser cortado na frente ribeirinha.
Em sentido contrário, para escoar o tráfego proveniente da Praia da Rocha, será criada uma rua fazendo a ligação do Largo do Dique à ponte velha do Arade, passando à frente da Casa Inglesa. A partir dessa zona, a rua passa a ter dois sentidos, culminando com uma rotunda que substitui o atual cruzamento à saída da ponte e de acesso às ruas Infante D. Henrique e Serpa Pinto.
Mas os planos apresentados pelo arquiteto Sidónio Pardal passam também pela construção de um edifício para lojas, restaurantes e outros serviços no atual Largo do Dique, sendo que, na opinião do arquiteto, deveria ser para esta zona, entre a Capitania e a Casa Inglesa, que os restaurantes das sardinhas deveriam ser instalados.
Outra das suas propostas é a criação de um edifício multiusos, com estacionamento, entre a ponte velha e os restaurantes das sardinhas. Ao lado, onde atualmente há a venda ambulante, será construída uma praça pública, com um espaço ajardinado na envolvente. As árvores passam também a «separar» o espaço de circulação da água, em toda a zona ribeirinha.
Além de que os planos para a zona ribeirinha mantêm também a proposta de criação de um teleférico, que circule desde a ponte velha até à zona do Museu de Portimão.
Largo/Jardim 1º de Dezembro
O jardim situado em frente ao Teatro Municipal de Portimão, uma das zonas nobres da cidade, será alvo de um melhoramento, «sem que se perca a memória daquele espaço». A proposta nesta zona verde passa pela redução dos caminhos que atravessam o jardim, sendo colocada uma maior área de relvado, «para que as pessoas se possam ali deitar», como salientou Sidónio Pardal.
Os bancos, revestidos a azulejos, serão mantidos, sendo feita apenas uma recuperação dos equipamentos, enquanto na zona nascente (uma das entradas do jardim) será instalado um quiosque e bar mais moderno.
Igreja Matriz
Depois do edifício centenário ter sofrido uma recuperação no interior e exterior, será a vez de tornar mais facilitado o acesso à Igreja Matriz de Portimão. No último ano, foram realizadas obras, financiadas pela comunidade, particulares e autarquias, para dar estabilidade e uma nova vida àquele local de culto religioso e pólo de atração turístico.
No entanto, ainda falta alterar a zona envolvente. «A atual escadaria da Igreja Matriz é muito empinada e a proposta feita é suavizar esse acesso, colocando um pavimento nobre», revelou o arquiteto Sidónio Pardal. «Assim as noivas deixarão de ter medo de subir aquelas escadas», brincou.
No adro da Igreja serão ainda realizados melhoramentos e reorganizado o espaço, onde as árvores assumirão destaque para fazer sombra.
Arruamentos do Centro Antigo
A proposta no centro antigo é criar vias com pavimentos simples, limpos, que garantam uma boa circulação pedonal e não choquem com os edifícios existentes. Ou seja, a intenção, como afirmou o arquiteto Sidónio Pardal, é reabilitar os arruamentos, «em pedra, para que que estes não tenham uma datação».
Assim não haverá uma discrepância entre as ruas e os edifícios, pois «não será possível atribuir uma data de construção concreta», justificou.
Gare rodo-ferroviária de Portimão e áreas adjacentes
Toda a zona envolvente à Estação da CP, do Portimão Arena, do Largo Sárrea Prado e do Jardim Gil Eanes terá uma nova dinâmica, quando as intervenções estiverem finalizadas. A proposta para o projeto que dará uma nova vida àquela zona da cidade não é nova, chegando a estar prevista para avançar em 2010.
Apresentada de forma oficial pelo arquiteto Miguel Arruda, esta segunda-feira, a proposta é feita «pelas e para as pessoas que habitam naquela zona da cidade». A verdade é que, apesar dos espaços verdes previstos ganharem uma nova vida, da reabilitação urbana dos espaços públicos e edifícios, é a fusão da estação ferroviária com a gare rodoviária o grande destaque desta intervenção.
As primeiras obras de requalificação serão as do Jardim Gil Eanes, que ganhará um novo espaço de esplanada e serviços de apoio, sendo a linha de água que o atravessa colocada a descoberto e criada uma zona de estacionamento na zona nascente do Jardim, que será requalificada.
Segundo o arquiteto Miguel Arruda, no Largo Sárrea Prado, estão previstas as recuperações dos edifícios e paisagísticas, o ajardinamento de espaço livre, com um espelho de água e a colocação de uma «estrutura que permite fornecer sombra ao jardim, deixando ao mesmo tempo passar ar e luz».
Do outro lado da linha férrea, imediatamente a norte, no local onde se situam as oficinas da empresa Frota Azul, na Caldeira do Moinho, será construída a Gare Rodoviária, que terá uma passagem aérea para peões de ligação à estação de comboios.
Miguel Arruda apresentou três propostas de localização para esta passagem aérea, que apenas diferem na localização junto ao edifício da atual estação ferroviário, que se mantém.
Há uma zona integrada nesta intervenção que ainda está a ser alvo de licenciamento pela Câmara, situada a nascente da estação e junto ao Portimão Arena. Será nesta zona que nascerá uma passagem rodoviária que ligará a Rua Infante D. Henrique ao Parque de feiras e à gare rodo-ferroviária, passando por cima da linha férrea em viaduto.
Esta é, segundo sublinhou ao Sul Informação fonte do Gabinete da Presidência da Câmara de Portimão, «a grande novidade e o investimento fundamental nesta área».
No entanto, a solução para concretizar a Gare Rodoviária passa ainda por mudar a localização das oficinas da empresa Frota Azul, que estavam previstas serem instaladas no Malheiro, junto ao futuro cemitério.
Esta é uma zona crítica da cidade, em especial à noite, por ser um dos locais escolhidos para a prostituição, apesar de durante o dia ser uma zona movimentada devido à estação ferroviária, à proximidade do Pólo da Universidade do Algarve e de estar junto às principais vias de entrada e saída da cidade.