A mesa redonda sobre Arqueologia e Reabilitação Urbana, marcada para sábado, dia 22, às 10h00, será um dos pontos altos do 9º Encontro de Arqueologia do Algarve, que está a decorrer em Silves, na Fissul.
Rui Parreira, da Direção Regional de Cultura, que será uma dos participantes nesta iniciativa que vai ocupar toda a manhã de sábado salienta que «a arqueologia é uma componente fundamental do ordenamento do território», estando em Portugal muito associada a «obras públicas e privadas», na sua vertente de arqueologia de salvaguarda.
Que arqueologia e obras estão intimamente associadas indicam os dados revelados por Pedro Barros. Segundo este técnico do Igespar, nos dois últimos anos registou-se um decréscimo no número de trabalhos arqueológicos no Algarve, que passaram de 250 a 300 por ano para os atuais 150.
E o que está por trás deste decréscimo? Pedro Barros sublinha que «a construção influencia o mercado da arqueologia de salvaguarda, que corresponde a 97% do mercado dos trabalhos arqueológicos em Portugal». Ou seja, «se não há obras, não há arqueologia».
Tendo em conta a atual aposta do Governo na reabilitação urbana – esta semana reforçada com a aprovação do programa Jessica – a questão que será debatida pela mesa redonda tem todo o interesse. A iniciativa será moderada por Dália Paulo, diretora regional de Cultura, e contará ainda com a participação de Maria Ramalho, do Igespar, Miguel Reimão Costa, da Universidade do Algarve, Teresa Valente, da Divisão de Regeneração Urbana da Câmara de Faro e Rui Parreira.
Mas ao longo dos três dias do Encontro, que começou esta quinta-feira e termina no sábado, os 130 participantes inscritos vão apresentar e debater os resultados de dois anos de investigação arqueológica no Algarve.
Na primeira manhã, dedicada à Pré-História, Oswaldo Arteaga apresentou os últimos dados sobre os contributos da geoarqueologia para definir os contornos da Baía de Lagos há 6500 anos, bem diferentes dos atuais, Nuno Inácio apresentou os resultados das datações radiocarbónicas do Túmulo Megalítico e da Necrópole de Santa Rita, Maria João Neves falou sobre o contributo da arqueotanatologia e das Tecnologias de Informação Geográfica para interpretar as práticas funerárias no hipogeu de Monte Canelas (Portimão), e Mário Varela Gomes revelou as suas descobertas sobre o abrigo, com gravuras rupestres, da Quinta do Penedo, em São Bartolomeu de Messines.
À tarde, o tema genérico das comunicações foi a Proto-História, e estiveram em evidência, por exemplo, as intervenções de emergência na empreitada da variante Norte de Loulé (Artur Fontinha), ou ainda o curioso tema «Entre ovos, penas e carne: o Gallus domesticus em jazidas algarvias da Idade do Ferro à Época Moderna».
Hoje, o dia será inteiramente dedicado ao período Romano. Irá falar-se do Castelinho dos Mouros (Alcoutim), da Boca do Rio (Vila do Bispo), da Marateca (Lagos), da Villa Romana da Corte (São Bartolomeu de Messines) e do sítio romano do Espargal (Loulé) – que à tarde serão alvo de uma visita de estudo -, do Vale da Velha (Altura, Castro Marim) e das lucernas do Museu de Faro.
Amanhã, sábado, depois da mesa redonda, à tarde os participantes no Encontro irão falar sobre a época Medieval Islâmica e Cristã, com a apresentação dos resultados de investigações nas sepulturas Alto Medievais de São Bartolomeu de Messines, nas cerâmicas dos séculos IX e X encontradas no Castelo de Silves, dos dados preliminares resultantes do acompanhamento arqueológico na construção do novo campo de golfe de Palmares (Lagos), do sítio islâmico da Barrada (Aljezur), e do sítio medieval do Poço Antigo, em Cacela Velha.
Neste avançar pelos séculos de história, o Encontro termina com o tema do Moderno. A Gafaria de Lagos e os estudos antropológicos nos Conventos de Nossa Senhora da Graça e do Carmo, em Tavira estarão na mira dos participantes.