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A Câmara Municipal de Almodôvar é um caso raro num país afogado num mar de endividamento, uma vez que entra em 2012 sem quaisquer dívidas a fornecedores e com uma poupança de quase dois milhões de euros.

António Sebastião, presidente desta autarquia do Baixo Alentejo, salientou que «as contas de 2011 foram fechadas com uma taxa de execução orçamental que ascende a cerca de 80% da realização da receita e 70% da realização da despesa».

O autarca explicou ao Sul Informação que esta situação «já vem de trás, do rigor imposto nos anos de 2009 e 2010, em que, através de uma gestão rigorosa, da cuidada definição de prioridades e da adoção de critérios muito rigorosos na utilização dos recursos financeiros disponíveis, o Município de Almodôvar conseguiu manter e consolidar uma posição financeira muito confortável e sólida, que lhe permite encarar o futuro com confiança».

E como é isso possível, tendo em conta que o Município de Almodôvar, apesar da sua dimensão, tem feito investimentos importantes nos últimos anos?

Como nas restantes autarquias, a grande fatia das receitas de Almodôvar provém das transferências do Orçamento de Estado e dos impostos, como o IMI ou o IMT. Neste último caso, e tendo em conta que a construção para o mercado turístico não tem o peso que esse setor assume nos vizinhos concelhos do Algarve, as quebras não têm sido significativas, ao contrário que se passa mais a sul.

Mas há também outras receitas próprias, como os cerca de 200 mil euros anuais que são pagos à Câmara pelas empresas que exploram energias renováveis – eólica e fotovoltaica – no concelho.

António Sebastião chama ainda a atenção para outro fator importante: «o grande aproveitamento dos financiamentos comunitários, maximizando tudo o que é possível nas candidaturas que fazemos a esses fundos».

Aqui, há ainda uma vantagem que resulta da situação «confortável» do município: «não temos necessidade de estar à espera de saber se os projetos vão ser financiados por fundos comunitários para avançar com as obras. Por isso, muitas vezes, quando as candidaturas são aprovadas e os financiamentos chegam, já a obra está em curso e avançada».

António Sebastião, presidente da Câmara Municipal de Almodôvar

O presidente da Câmara António Sebastião alerta, porém, que, «apesar do nosso conforto financeiro», Almodôvar é «um concelho difícil, na transição entre a planície alentejana e a serra algarvia, com uma população muito dispersa. Os custos em saneamento básico, em acessibilidades, em transportes escolares, por exemplo, são muito elevados por causa disso, além de mantermos uma política social muito ativa».

No Orçamento Municipal para 2012, que atinge 14,3 milhões de euros, o autarca salienta que foi mantida a «grande atenção na área da Educação, tendo sido reforçadas as verbas para o apoio à comunidade escolar do concelho, bem como as verbas para o apoio social».

Num ano em que quase nenhuma autarquia do país irá lançar novos investimentos, Almodôvar prepara-se para lançar equipamentos, em especial ligados à área cultural.

Uma dessas obras é a remodelação do edifício do Cineteatro. Mas no Convento de Nossa Senhora da Graça, situado também na vila e sede de concelho, que está já em obras, será criado um Fórum Cultural e um Museu de Arte Sacra, que virá reforçar a rede museológica de Almodôvar, que já inclui o premiado Museu de Escrita do Sudoeste (MESA), o Museu Severo Portela e ainda o Museu Etnográfico de Santa Clara. Tudo isto, reforçou o autarca, ligado à valorização do património arqueológico do concelho, com destaque para a estação arqueológica da Mesa dos Castelinhos.

O objetivo destes investimentos na área do Cultura e do Património é «melhorar a qualidade de vida da população local, mas também aumentar a atratividade de Almodôvar», até tirando partido do facto de o concelho estar às portas do Algarve.

Cultura, património, gastronomia, ambiente, produtos tradicionais são considerados por António Sebastião como componentes fundamentais para desenvolver uma área muito importante que é o turismo. «O nosso objetivo é que Almodôvar seja cada vez mais visitado por quem se interessa pela cultura, pela arqueologia, pela excelência da nossa gastronomia, pelas ofertas de turismo de natureza».

«Esta é uma estratégia que tem vindo a ser pensada e concretizada nos últimos anos. Para isso, também é necessária confiança na autarquia, daí a nossa preocupação de rigor. As empresas sentem confiança em trabalhar com a Câmara de Almodôvar, o que até nos traz vantagens», concluiu o autarca em entrevista ao Sul Informação.

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