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“Empreender” foi a palavra mais vezes citada ontem no Cine-Teatro Louletano, durante o Workshop “Empreendedorismo e Criação do Próprio Emprego”, iniciativa reeditada pela Câmara Municipal de Loulé, após a forte adesão da primeira sessão, em novembro passado, no Centro Autárquico de Quarteira.

Com uma plateia completamente cheia, sobretudo composta por jovens à procura do primeiro emprego ou desempregados em busca de encontrar meios para criar o seu próprio posto de trabalho, o painel de convidados trouxe algumas informações úteis mas também o incentivo tão importante nesta matéria.

Na sessão de boas-vindas, Seruca Emídio falou das expetativas dos participantes, “numa oportunidade de encontrarem o caminho para as suas vidas, para o seu trabalho, para a sua profissão”. O autarca reportou-se ao “momento complicado” que o país atravessa. “As expetativas obrigam-nos a recorrer a tudo, sempre na esperança de encontrar um meio de subsistência, uma forma de pôr em prática os nossos conhecimentos. Temos de nos adaptar ao que nos é oferecido, num paradigma completamente diferente do que foi a realidade até aos dias de hoje”, considerou o edil.

Referindo o Algarve como “a região do país que mais está a ser penalizada com esta situação, depois de ter sido a região do país que mais proveitos trouxe”, o autarca acredita que a situação poderá reverter-se caso haja uma aposta na criatividade. “Esta é uma região muito dependente do turismo e da construção civil e esta quebra teve resultados dramáticos para todos nós. Hoje, cada vez mais, é necessário haver especialização. Não temos condições para competir com os outros destinos turísticos, particularmente da Europa. Há nicho de mercado, com imaginação e criatividade, e também aproveitando aquilo que nos é favorável, temos possibilidades de retomar o nosso caminho de desenvolvimento e também do emprego”, frisou.

Já Carlos Baía, delegado regional do Instituto do Emprego e Formação Profissional, falou do desemprego como “um problema nacional, com contornos acentuados na região”. “Os serviços públicos de emprego estão motivados para procurar resolver, dentro dos mecanismos e dos instrumentos que existem, o problema de quem os procura. Mas o apoio de todos nunca será demais”, considerou.

Perante o aumento dos números do desemprego, este responsável regional enalteceu a disponibilidade de todos os que se encontram nesta situação e que, “através dos seus próprios meios, querem alterar a sua situação e criar o seu próprio emprego, o que é um ponto de partida”.

Relativamente ao empreendedorismo, Carlos Baía falou da necessidade de existirem módulos de empreendedorismo, no âmbito das escolas. E nesse contexto, apontou para o Programa Estratégico para o Empreendedorismo e para a Inovação, cujos objetivos passam por estimular a cultura empreendedora no ensino, criar e reforçar as redes de partilhas de experiências e reforçar a ligação entre empresas e universidades.

Por último, o delegado regional descreveu o conceito de “empreendedor” como “a pessoa que tem habilidade de ver e de avaliar oportunidades de negócio, encontrar os recursos para os pôr em prática, iniciar a ação apropriada para assegurar o seu sucesso, avaliar os riscos”.

Seguiu-se uma intervenção do vereador Aníbal Moreno, principal promotor da iniciativa, que deixou alguns alertas aos presentes que pretendem criar o seu próprio negócio. “É bom sonhar, mas com os pés assentes no chão. Ser empresário é ter atitude, é ter ideias inovadoras. É necessário conseguir reunir os recursos necessários e estar disponível para enfrentar os riscos. É trabalhar muito e muito mais do que se espera e assumir muito mais responsabilidade do que hoje se pensa. Ter sucesso significa inovar e estar à frente da concorrência. É importante também parcerias com os colaboradores e alianças com os concorrentes”, disse este responsável municipal.

Perante um mundo globalizado, Aníbal Moreno adiantou que hoje é necessário ser ainda “mais criativo”.

Numa palavra final de incentivo aos participantes, este vereador deixou o exemplo de Sandra Correia, 40 anos, de S. Brás de Alportel, considerada Empresária da Europa 2011, prémio atribuído pelo Parlamento Europeu e Conselho Europeu das Mulheres Empresárias

Na parte dos painéis propriamente ditos, a sessão iniciou com a intervenção de Vítor Madeira, do Instituto de Emprego e Formação Profissional, que apresentou os programas de apoio existentes para estimular o empreendedorismo e a criação de empresas, concedidos por aquele Instituto, destacando ainda a possibilidade dos interessados se poderem candidatar a ocupar instalações no Ninho de Empresa de Loulé (CACE).

Laura Soares, representando a Associação Nacional de Direito ao Crédito, entidade com a qual o Município de Loulé assinou um protocolo de colaboração, referiu-se às condições de acesso ao Microcrédito Social.

Seguiu-se a apresentação de João Carlos Monteiro, do Banco Millennium BCP e especialista em Microcrédito. O orador incentivou os presentes a utilizarem as condições daquela entidade bancária e apresentou um vídeo com vários exemplos de microempresários que conseguiram ter sucesso nos seus projetos empresariais, recorrendo a este tipo de empréstimo.

Por último, Carlos Vieira, docente da Universidade do Algarve, efetuou uma intervenção sobre a atitude empreendedora, cativando a audiência e conseguindo transmitir uma forte mensagem de esperança, entusiasmo e motivação para que atinjam os objetivos que pretendem alcançar. Este foi, de resto, um final de sessão em alta.

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