Tudo começou com um grupo de amigos, que, em abril de 1912, se juntou numa casa particular, no centro de Olhão, para fundar uma associação que lhes permitisse praticar desporto, nomeadamente futebol, a sua grande paixão.
Cem anos depois, o Sporting Clube Olhanense continua bem vivo e celebra hoje, sexta-feira, o seu centenário, com a certeza que passará a próxima época desportiva na I Liga.
A Gala de Aniversário do Olhanense vai decorrer amanhã, um jantar que vai juntar mais de 500 pessoas e que contará com a presença do Presidente da República Cavaco Silva.
Afinal, cem anos, são cem anos e, neste caso, até se trata de uma das mais emblemáticas coletividades desportivas da região que viu nascer o Chefe-de-Estado.
O Olhanense chega à vetusta idade de cem anos num ciclo muito positivo, ao nível desportivo. Além de a equipa principal de futebol de 11, a modalidade mais atrativa das oferecidas pelo clube à cidade, continuar um ciclo de permanência no mais elevado escalão do futebol português que já dura há três anos, também os mais novos deram alegrias ao clube.
A equipa de juniores subiu esta época à primeira divisão nacional, onde não alinhava há 21 anos. Há três anos, foi a equipa principal que quebrou um enguiço que até era mais longo que este, o do afastamento da I Liga, que durou 34 anos.
O Sul Informação falou com o presidente do Olhanense Isidoro Sousa, que não escondeu o orgulho pelo momento atual do clube e pela sua história. «Honra-nos o passado do clube e nós, direção, temos uma responsabilidade acrescida devido a este passado».
«Somos o único clube nacional que tem os três títulos nacionais: Campeão da primeira, segunda e terceira divisão», disse o dirigente do clube de Olhão. Os dois últimos foram conquistados numa altura em que já fazia parte da direção, enquanto o primeiro, o de Campeão de Portugal, foi conquistado em 1924, numa altura em que a Liga ainda não estava formada, pelo que o clube olhanense não faz parte do restrito grupo de vencedores do Campeonato Nacional de Futebol.
«Temos um passado riquíssimo, não só em termos desportivos, mas também em termos humanos. Aqui se formaram homens, e grandes homens. No fundo, sinto-me pequeno, como presidente, tendo havido inúmeros presidentes de grande gabarito nos tempos áureos do clube», disse Isidoro Sousa.
Algo que é percetível na Sala de Troféus do Olhanense, onde distinções bem antigas partilham o mesmo espaço de outras mais recentes.
Este «museu do clube» ganhou uma nova vida no centenário e será inaugurado, depois da sua remodelação, amanhã, por Cavaco Silva. «Esta renovação foi um esforço que quisemos fazer, levado a cabo pelo nosso departamento de marketing», revelou.
Isidoro Sousa não esquece «a massa associativa, que é das melhores que este país já viu», que assegura que é a grande motivação dos dirigentes para trabalhar pelo clube. Hoje, o Olhanense conta com 5700 sócios.
«Esta é uma terra de gente humilde e de pescadores. Os marítimos são homens de honra, de grande paixão. São homens com H grande. E este clube gerou-se também com uma base da sua terra e da sua humildade. É desta forma que nós gerimos o clube, sempre com humildade e com o máximo de transparência», garantiu.
Mensagem aos sócios no Centenário
«Quero dizer aos sócios que sempre foram o 12º jogador. É para eles que trabalhamos todos os dias e é a eles que eu dedico este centenário, com a herança de primeira liga e de toda a obra que foi feita nos últimos anos. São de uma paixão e entrega ao clube fantástica. A manutenção é um prémio merecido e bem merecido para todos eles», disse Isidoro Sousa.
Os fundadores:
O Olhanense foi fundado a 17 de abril de 1912, numa dependência de uma casa na Rua de São Bartolomeu, em Olhão, por António Borges Silva, Armando Amâncio, Virgílio Valentim, Alfredo Rosa, Artur de Matos, Leonel B. Alberto, Manuel Trigoso, Raul de Almeida, José dos Reis Silva, Joaquim António Pacheco e Francisco Pereira. São estes os signatários da Ata que deu origem, nesse dia, ao Sporting Clube Olhanense.