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A Igreja de Nossa Senhora do Amparo, em Portimão, foi pequena para acolher todas as pessoas que quiseram, esta terça-feira, prestar a sua última homenagem ao Padre Arsénio, que faleceu ontem, vítima dos graves problemas de saúde que há longos meses o afligiam.

Na missa de corpo presente, presidida pelo Bispo do Algarve D. Manuel Neto Quintas, e na qual participou mais de dezena e meia de sacerdotes, havia cerca de 700 pessoas dentro da igreja, e pelo menos umas 200 fora, que não arredaram pé, apesar do calor abrasador, que se fazia sentir.

O Bispo do Algarve lembrou a personalidade e a obra do Padre Arsénio, que passou os últimos 37 anos da sua vida a erguer, em Portimão, uma comunidade cristã que foi muito além do edifício da igreja.

Por seu lado, o Padre Alberto Brito, Superior Provincial dos Jesuítas em Portugal, congregação à qual o Padre Arsénio pertencia, lembrou a sua maneira de ser «com muita garra e muita genica».

No final da cerimónia na igreja que foi erguida nos anos 90 por iniciativa da paróquia à qual o Padre Arsénio presidia, mais de meio milhar de pessoas seguiu em cortejo o funeral até ao cemitério de Portimão, assim atravessando, a pé e em silêncio, a cidade quase de uma ponta à outra.

Apesar da grande amizade que os seus paroquianos – e não só – lhe tinham, no funeral não se viram flores. É que o Padre Arsénio pediu que o dinheiro, em vez de ser empregue em flores, fosse destinado ao arranjo do telhado da igreja paroquial de Nossa Senhora do Amparo.

 

Quem era o Padre Arsénio

O Padre Arsénio Castro da Silva, padre jesuíta, nascido em Vila Nova de Famalicão a 16 de fevereiro de 1939, veio para Portimão em 1975, para onde foi destacado com vista a fundar uma comunidade cristã.

Em 11 de abril de 1976, celebrou a primeira missa para os católicos residentes na zona da Quinta do Amparo, recorrendo para o efeito à adaptação de um espaço afeto à antiga fábrica de conservas de peixe “A Mercantil” e que ficaria conhecido como “Salão-Capela”.

Começou por ser um padre-operário que trabalhou mesmo na estiva da sardinha no porto de Portimão, criou uma escola para crianças ciganas, foi também professor numa das escolas secundárias da cidade, foi diretor, locutor e jornalista da Rádio Costa d’Ouro, de Portimão, e criador do Centro Social de Nossa Senhora do Amparo, que tem prestado um inestimável serviço de apoio social aos mais carenciados e excluídos.

Sagrada em 1999, foi sob a sua coordenação que foi construída a igreja de Nossa Senhora do Amparo, sede da nova paróquia de uma cidade de Portimão em expansão.

Aí bem perto, o Padre Arsénio criou depois o Centro Social, construído com muitas ajudas mas sem recorrer aos subsídios da administração central, e que atualmente, com o trabalho de três dezenas de empenhados voluntários, dá apoio a dezenas e dezenas de pessoas carenciadas de Portimão, servindo o seu refeitório social quase uma centena de refeições diárias.

Pelos seus relevantes serviços de caráter social e humanitário, em 2008 foi distinguido pela Câmara de Portimão com a Medalha de Mérito Municipal.

 

Nota: As fotos foram cedidas gentilmente pelo Fernando Vieira e por Samuel Mendonça (Folha do Domingo)

 

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