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«Não sou candidato à Câmara Municipal de Portimão. Neste momento, sou apenas candidato à presidência da Comissão Política Concelhia do PS Portimão», afirmou ao Sul Informação Luís Carito que, sexta-feira, dia 1 de junho, irá disputar com Joaquim Castelão Rodrigues aquele órgão dos socialistas portimonenses.

Carito, atual presidente da CPC cessante e vice-presidente da autarquia, defende que «o candidato do PS às próximas Eleições Autárquicas em Portimão deve ser o militante ou o independente próximo do Partido Socialista que reúna as melhores condições para que o PS continue à frente da Câmara». E isso, garantiu, «vai ser discutido dentro do partido a seguir a estas eleições para a Concelhia».

Até ao fim do atual mandato do PS à frente da Câmara de Portimão, há ainda ano e meio de trabalho. «É preciso que este mandato termine cumprindo os objetivos a que nos propusemos no início. Para isso, é preciso que o executivo camarário continue com força e com a solidariedade dos camaradas do partido».

Mas, se Luís Carito ganhar as eleições para a Concelhia, será então candidato à presidência da Câmara? «Não sei. Vamos ver quem será o melhor candidato», responde. Ainda assim admite que «se os militantes, no dia 1, nas urnas, derem um sinal de que olham para mim como candidato a candidato, poderei equacionar isso».

«Neste momento, o meu objetivo é ganhar a Concelhia. Seja qual for o escolhido, eu serei solidário e apoiarei fortemente esse candidato para que possa ser eleito e possa ser o futuro presidente da Câmara de Portimão», sucedendo ao socialista Manuel da Luz, que já não pode recandidatar-se.

 

Pouca obra e muita dívida

 

O facto de, neste mandato, haver pouca obra nova e muita dívida para mostrar à população prejudicará o futuro candidato do PS à Câmara de Portimão? «O PS tem que explicar às pessoas que esta dívida é fruto de uma série de investimentos que foram feitos. Ou seja, neste momento temos muita obra feita porque antecipámos e criámos dívida para fazer essa obra. Poderíamos ter tido uma atitude menos arrojada e aguardado que tivéssemos dinheiro em cofre para depois irmos fazendo as obras. Mas não foi essa a nossa opção. Foi: há capacidade de endividamento da autarquia? Então vamos lá fazer obra, porque, quanto mais depressa o município tiver obra concluída, mais competitivo se tornará», explicou Luís Carito, em entrevista ao Sul Informação.

O candidato à Concelhia do PS e vice-presidente da Câmara garante que essa opção não foi tomada «à toa». «Tínhamos perspetivas de receitas, que, entretanto, fruto da crise internacional, não se cumpriram», garante.

Antes de estalar a crise, Carito assegura que «Portimão tinha três mil milhões de euros de propostas de investimento privado, que iriam gerar receitas importantes para o município. Com a crise, tudo isto parou. Há projetos aprovados, mas os investidores não avançam».

A grande quebra de receitas das autarquias, nomeadamente de Portimão, recorda Luís Carito, não se refere apenas ao IMI e ao IMT. «Estamos a falar de taxas urbanísticas – não temos um novo loteamento aprovado ou um novo grande projeto em Portimão há não sei quanto tempo. Antes estimávamos que poderíamos faturar anualmente mais 40 ou 50 milhões, em taxas de loteamentos, em contrapartidas para a Câmara, etc. Mas isso foi tudo reduzido a zero. Estamos a viver dos impostos IMI e IMT, que também diminuiu substancialmente».

Na conjuntura atual, admite o candidato Luís Carito, «teremos de ter algum tempo sem tanto investimento. Mas o que é facto é que os equipamentos e as infraestruturas estão cá».

 

Propostas para 12 anos até 2024

 

Numa entrevista sobre as eleições internas do PS, na disputa pela Concelhia de Portimão, a conversa com Luís Carito acaba por ir sempre parar às questões da Câmara Municipal. Um aspeto que o seu adversário neste sufrágio partidário já criticou, em entrevista ao Sul Informação, dizendo que não tem havido separação entre Câmara e partido.

Mas essa não parece ser uma questão que preocupe Carito, nem o candidato se furta a ela. «Nestas coisas do poder autárquico, as coisas são indissociáveis. O PS é um partido de poder, que está à frente dos destinos desta Câmara de Portimão há mais de 30 anos».

Luís Carito refuta também a acusação do seu opositor Castelão Rodrigues de que não tem havido debate interno. «Não é verdade!», diz, categórico. «Mas é evidente que, nos mandatos que coincidem com fins de ciclos políticos, como é o caso, a participação e o debate interno se incrementa, porque é a partir desta altura que começamos a construir o que é o novo mandato autárquico, quais são as propostas que temos para apresentar. Aí, de facto, a participação, a reflexão, o debate interno, aumentam».

«Houve discussão, os órgãos funcionaram, o grupo parlamentar na Assembleia Municipal, em articulação com o partido, reuniu-se muitas e muitas vezes na preparação das Assembleias, fizemos Convenção Autárquica», enumerou Carito.

«A minha proposta é que, neste ano e meio que falta para as Eleições Autárquicas, o partido comece a debater, primeiro entre os militantes e simpatizantes, depois com a sociedade civil, aquilo que pretendemos para Portimão nos próximos 12 anos, até 2024, exatamente o ano em que Portimão faz 100 anos de cidade».

 

Responsabilidade pela situação da Câmara é de todos

 

Há quem considere que a imagem que boa parte da opinião pública portimonense tem de Luís Carito, como o grande responsável pela atual situação muito difícil das finanças da Câmara, pode prejudicar o Partido Socialista, face à oposição, nas Eleições Autárquicas de 2014. Será que isso preocupa Carito?

«Alguém tem de assumir algumas responsabilidades nestas matérias. Eu tenho o pelouro financeiro da Câmara e portanto assumo as minhas responsabilidades nesse âmbito», responde.

O candidato à Concelhia do PS avisa: «a responsabilidade da situação é minha, é de todo o executivo, é de todos os autarcas. Isto não são atos isolados, são atos coletivos, quer ao nível do executivo, quer dos órgãos que têm responsabilidade de fiscalização». Um aviso que poderá ser interpretado como tendo como alvos o seu opositor Castelão Rodrigues e um dos seus maiores apoiantes, João Vieira, ambos membros destacados da bancada do PS na Assembleia Municipal.

O PS de Portimão tem cerca de 380 militantes inscritos e serão eles que, na sexta-feira, dia 1 de junho, deverão escolher entre a Lista A, encabeçada por Joaquim Castelão Rodrigues, engenheiro agrónomo, ex-diretor regional de Agricultura e Pescas, que se candidata com a moção «A Mudança com Confiança – Regressar às bases, conquistar o Futuro», e a Lista B, capitaneada por Luís Carito, vice-presidente da Câmara, médico, com a moção «A Nossa Ambição é Portimão».

As eleições para as Comissões Políticas Concelhias do PS decorrem no Algarve e no país nos dias 1 e 2 de junho.

sulinformacao

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