A EN125 é bem o espelho da decadência da economia do Algarve: basta circular entre Almancil e a Fonte de Boliqueime, para ver as dezenas de lojas, armazéns, escritórios que estão fechados.
Há por ali, naquele troço de uma dezena de quilómetros, dúzias de placas a dizer «Arrenda-se», «Vende-se», «Trespassa-se».
Mas, em muitos casos, as antigas lojas disto e daquilo estão simplesmente fechadas, algumas com ar de abandono, como se ali tivesse caído uma bomba de neutrões que fez desaparecer para sempre toda a gente – vendedores e clientes.
Naquela zona, que em tempos foi considerada como um verdadeiro centro comercial a céu aberto, chegou a haver dezenas de lojas e empresas oferecendo os mais variados produtos e serviços ligados ao turismo, à construção, à hotelaria, à imobiliária, aos jardins, ao lazer.
Em muitos casos, nos tempos em que o céu parecia o limite para todos estes negócios, lado a lado havia duas, três lojas a oferecer os mesmos produtos. Se aqui abria uma loja de tampas de sanita fashion e tinha sucesso, ao lado abriam logo mais duas ou três.
Com a quebra, que em muitas zonas é quase paragem total, de novas construções, todos esses negócios foram por água abaixo. E agora é ver as lojas, os armazéns, os escritórios fechados, a ganhar bolor e pó, às vezes ainda com os produtos que vendiam lá dentro a apodrecer, como numa cidade fantasma que tivesse sido abandonada repentinamente pelos moradores.
Para mim, andar na EN125 é, também por esta razão, uma dor de alma. Porque de facto esta estrada é bem o espelho da decadência a que chegou o Algarve!
Nota: Este é o texto da minha crónica de quinta-feira na rádio RUA FM, no âmbito da rubrica «Tenho Dito», que pode ser ouvida de viva voz aqui