A Plataforma dos Amigos da Lagoa dos Salgados considerou hoje, em comunicado, que a apresentação pública do Parque Ambiental da Praia Grande é «uma ação de marketing para limpar imagem negativa do megaempreedimento previsto para aquela zona» do concelho de Silves.
Para a Plataforma, constituída por representantes de organizações não-governamentais de ambiente (SPEA, Almargem, Liga para a Proteção da Natureza, A Rocha, Quercus, Aldeia), de empresas de turismo de Natureza e pessoas particulares, a apresentação do projeto mais não foi que «uma declaração de intenções, vazia de conteúdo e que não permitiu sequer que o público que encheu a sala colocasse qualquer questão».
A apresentação, promovida pela empresa Finalgarve, do Grupo Galilei (ex-SLN/BPN), contou com o apoio da Câmara de Silves e decorreu na Biblioteca Municipal da cidade.
A Plataforma salienta que «as intervenções anunciadas pelo promotor para o “Parque Ambiental da Praia Grande” são na grande maioria ações contempladas no Plano de Gestão da Lagoa dos Salgados», que é um projeto da ARH Algarve, já adjudicado pela empresa Águas do Algarve em Outubro de 2011, e que «tem como objetivo principal completar a rede de esgotos do Município de Albufeira e como objetivo adicional gerir o plano de água da lagoa».
«O tão falado investimento de um milhão de euros para este “Parque Ambiental” é investimento que já estava previsto, no caso da obra das Águas do Algarve, e só não está já realizado, por responsabilidade daquela empresa e da tutela», salienta o comunicado a que o Sul Informação teve acesso.
As entidades que compõem a Plataforma sublinhou ainda que «mais uma vez, foi dado destaque ao impacto económico deste projeto e sua capacidade de gerar emprego na região», uma questão que a Plataforma considera ser «um “falso” assunto», sobre o qual «pouco mais há a dizer».
«Basta referir que, se tal impacto fosse de facto verdadeiro, então o Algarve não teria o desemprego que tem atualmente, tendo em conta a quantidade de empreendimentos que existem por toda a região, muitos deles encerrados e falidos, como pode ser constatado mesmo ao lado da lagoa, no empreendimento Herdade dos Salgados».
Durante a apresentação foi ainda anunciada a criação de uma Área Protegida de Iniciativa Privada, que já terá sido discutida com o ICNF. Esta iniciativa, que merece o «aplauso» da Plataforma, suscita-lhe, no entanto, uma questão de fundo: «quais os terrenos a incluir na futura área protegida, tendo em atenção que parte da lagoa e do sapal de Alcantarilha é do domínio público e outros terrenos incluídos nos mapas apresentados não são propriedade da Finalgarve?».
Por outro lado, os membros da Plataforma referem que, na sessão de apresentação, ficaram «a saber que o Estudo de Impacte Ambiental do megaprojeto turístico da Praia Grande já foi entregue na Agência Portuguesa do Ambiente. Esta notícia acabou por ser a grande novidade do dia, uma vez que foi apenas no passado dia 8 de Janeiro que o Secretário de Estado do Ambiente e do Ordenamento do Território, em declarações públicas, referiu que iria ser realizado este EIA».
«Esta situação apenas aumenta a desconfiança da sociedade na boa fé dos promotores, na competência da tutela e na qualidade do próprio EIA», sublinha o comunicado.
A Plataforma dos Amigos da Lagoa dos Salgados conclui que a apresentação pública do Parque Ambiental da Praia Grande foi «uma declaração de intenções, vazia de conteúdos técnicos e de detalhe».
«Esta situação foi agravada pelo facto não ter sido permitido ao público que encheu a sala colocar questões e fazer comentários. Para além da indelicadeza, ficaram por esclarecer os aspetos mais importantes da proposta apresentada (quem, onde, como, quanto e quando?)».
Por fim, o comunicado frisa que «à exceção das ações que em breve irão ser executadas no âmbito do Plano de Gestão da Lagoa dos Salgados, promovido pela ARH Algarve, tudo indica que este parque pretende ser outro Parque Ambiental de Vilamoura. Na altura, este foi também anunciado como um projeto inovador, importante para aquela região, merecedor de todas as críticas positivas. Hoje, na verdade, basta ir ao local para ver como está: sem qualquer gestão dos habitats, o centro de interpretação foi encerrado e convertido em espaço de escritórios, as atividades locais não existem, a vigilância é pouca ou inexistente, etc».
Perante tudo isto, a Plataforma dos Amigos da Lagoa dos Salgados afirma que «continuará a exigir que a Lagoa dos Salgados seja classificada e efetivamente protegida, alvo de uma gestão eficiente e que o empreendimento que se pretende instalar naquela zona seja profundamente revisto».