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Sul Informação - Finalmente uma paragem na invasão dos centros comerciais?

Os desempregados são todos gente preguiçosa

Agora parece estar na moda dar a entender que os desempregados são todos uma cambada de gente preguiçosa, que não trabalha porque não quer.

Há uns meses, foi o primeiro-ministro Passos Coelho a dizer mais ou menos isso, por outras palavras.

Nos tempos mais recentes, os exemplos deste tipo de pensamento e das consequências práticas nas medidas tomadas pelo governo são cada vez mais frequentes.

De tal forma, que parece que se está a construir toda uma nova linguagem, feita de eufemismos, para demonizar os desempregados e todas as pessoas que, pelas circunstâncias da vida, têm que receber prestações (ou subsídios) do Estado.

Por isso, agora aposta-se na destruição do valor do trabalho e no corte nas prestações sociais, mas chama-se a isso «incentivo à procura de emprego».

Fazem-nos crer que o desemprego é voluntário e radica na falta de ambição pessoal ou na pura e simples preguiça. E por isso corta-se no subsídio de desemprego e quer-se empurrar os desempregados para um el dorado que dá pelo nome de «empreendedorismo». Como se a salvação do país e a resposta para a perda de milhares e milhares de postos de trabalho fosse tornarmo-nos todos empresários e, mais do que isso, «empreendedores».

George Orwell, no seu livro «1984», escrito nos anos 30 do século passado, falou da novilíngua e descreveu-a como um mecanismo produtor de duplopensar.

Orwell escreveu sobre isso como sendo ficção, ficção científica, mas a verdade é que aquilo que ele imaginou há quase 100 anos está a tornar-se realidade, até em Portugal

É assim que, diante dos nossos olhos, todos os dias somos informados de que atacar o Estado social é salvar o Estado social, destruir emprego é criar emprego, empobrecer o país é reajustar o país. Ou refundá-lo.

Como não há ideias, verdadeiras ideias novas e produtivas, brinca-se com as palavras, inventa-se eufemismos. E se fossem todos refundir-se?

sulinformacao

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