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O 39º aniversário do 25 de Abril foi comemorado em Lagos num apelo a uma “maior unidade e solidariedade entre todos e todas as forças políticas”. O primeiro Presidente da República eleito após o 25 de Abril de 1974 falou da “necessidade urgente de se fazerem, em nome do país, grandes opções, com competência, determinação e acerto”.

Ainda que as cerimónias se tenham iniciado na Praça Gil Eanes, onde se procedeu à tradicional Cerimónia do Hastear da Bandeira, com a presença dos eleitos locais, forças militares e policiais e das coletividades da cidade e a manhã tenha sido completada com a inauguração da área da Esplanada do Infante, na Frente Ribeirinha de Lagos, foi na Sessão Solene Conjunta da Assembleia Municipal de Lagos, da Câmara Municipal e da Assembleia da Juventude, que decorreu na parte da tarde, no Centro Cultural de Lagos, que se ouviram as principais mensagens do Dia da Liberdade.

Esta sessão, que se desenrola num formato ao que parece único no país, visa dar voz a todas as forças políticas representadas na Assembleia Municipal, bem como aos mais jovens que, não tendo vivido este período da revolução, têm uma visão muito própria sobre a sociedade dos dias de hoje.

Para além das diversas intervenções dos deputados municipais e das escolas representadas na Assembleia da Juventude, que se foram sucedendo de forma intercalada, a sessão contou com uma presença muito especial – o 1.º Presidente da República eleito após o 25 de Abril, General Ramalho Eanes.

Em representação da Associação 25 de Abril, esteve presente o Coronel Rodrigo de Sousa e Castro, um dos Capitães de Abril, que deixou, nesta ocasião, uma mensagem bastante emotiva sobre este período, falando igualmente das razões que, na sua opinião, conduziram o país à presente crise.

Mas, ainda que tenha sido muito aplaudida, a intervenção mais esperada da tarde foi a do General Ramalho Eanes. O antigo Presidente da República começou por lembrar os tempos em que o país foi conduzido por Salazar, “altura em que a sociedade civil foi cúmplice da sua própria situação, uma vez que não teve força suficiente para lutar pela democracia”.

Recordou igualmente o espírito das forças armadas na altura e “a posição determinante que acabaram por ter, em conjunto com muitos outros, na restituição da liberdade política aos portugueses”.

O General aproveitou para ressalvar a importância de “documentar Abril”, defendendo a necessidade de se fazer um balanço do trajeto percorrido e lembrar os momentos mais importantes da sociedade, frisando a este propósito que “é preciso não esquecer que temos hoje a juventude com a melhor educação de todos os tempos”.

Para este militar, o que é preciso “é saber olhar para além da crise” uma vez que acredita que esta “ainda nos vai castigar durante alguns anos”.

Nesta altura, refere, “é mesmo necessário e urgente fazer grandes opções, com competência, determinação e acerto. Importa agora que todos, inclusivamente os partidos políticos se preparem, tanto para governar como para fazer oposição. Que debatam com urgência, e com a sociedade civil, alguns dos principais pilares da sociedade, designadamente no que diz respeito a áreas tão importantes como a Educação ou a Saúde”.

“Só um grande desígnio nacional que a todos mobilize poderá realizar a vontade de trabalhar num projecto colectivo”, referiu o antigo Chefe de Estado, recordando que “houve outros momentos da nossa história da crise tão graves como este”, mas que “depois chega a aurora, novos projetos e a sociedade avança. E eu acredito nisso”.

Ramalho Eanes fez aqui uma pausa, e fazendo referência a Miguel Torga perguntou se “não somos nós um povo que fazemos o nosso destino?”, ao que se seguiram fortes aplausos da plateia do centro cultural.

Para Ramalho Eanes, “os governos não têm tido uma vida fácil com esta crise, mas é preciso que tomem opções, que sejam transparentes nas suas decisões e que as saibam explicar claramente à sociedade civil”. Aliás, o antigo Presidente da República terminou a sua intervenção defendendo que “os governos do nosso país não devem ser apenas avaliados de quatro em quatro anos, mas sim todos os dias”.

 

Júlio Barroso prestou contas

O presidente da Câmara Municipal de Lagos, Júlio Barroso, começou por recordar que “em Lagos dos Descobrimentos, seguimos a tradição de recordar condignamente o 25 de abril com toda a carga simbólica que historicamente representa”.

Fazendo questão de realçar “a que é considerada talvez a maior conquista de Abril – o poder local democrático e o trabalho laborioso de todos os autarcas que transformaram um país atrasado e quase analfabeto num espaço de progresso, cultura e bem estar” – Júlio Barroso lembrou que esta seria “a última cerimónia do Dia da Liberdade, em que tenho a honra de participar, enquanto presidente da Câmara Municipal de Lagos, eleito pelos lacobrigenses por três mandatos consecutivos”.

Por essa mesma razão, decidiu que seria a altura ideal para “prestar contas e deixar testemunho do trabalho de 12 anos ao serviço da comunidade, em meu nome pessoal e das equipas de homens e mulheres que tenho tido a honra e a responsabilidade de integrar e representar num exercício de permanente entrega, na concretização dos ideais do 25 de abril que são os que sempre nos têm orientado”.

Neste âmbito, e frisando que “tentou sempre ultrapassar atrasos e proporcionar a melhor qualidade de vida possível aos munícipes, assim como as melhores condições aos agentes económicos” o autarca fez uma revisitação ao trabalho de quase 12 anos da equipa autárquica salientando o que de mais importante e significativo foi levado a efeito em todas as áreas da competência da autarquia (Infância e Educação; Desporto e Juventude; Cultura e Animação; Habitação Social, Solidariedade Social; Espaços Verdes, Jardins, Património e Ambiente; Estacionamentos, Acessibilidades e Mobilidade; Proteção Civil e Segurança Pública; Ordenamento do Território; Apoio e permanente trabalho em parceria com as freguesias; Apoio à criação de empregos na Hotelaria e Turismo de qualidade e Qualidade da prestação de Serviços Municipais.

Na opinião do presidente da Câmara, “o trabalho feito, balizado pelos programas apresentados e sufragados pelas populações, correspondem em grande parte aos nossos compromissos e aos interesses mais gerais das populações, consubstanciando adequadamente a concretização das atribuições e competências do município previstas nas leis”.

Lembrando os tempos de crise, Júlio Barroso não deixou de sublinhar que “a escassez de meios e a prudência aconselham a que nos tempos atuais, e nos mais próximos, o enfoque seja posto na manutenção das infraestruturas e dos equipamentos, numa intervenção mais direcionada, de racionalização de meios e de projetos, de atenção redobrada aos sinais da sociedade, às políticas socais, com ênfase no apoio à juventude e à terceira idade, à colaboração entre a autarquia e os agentes económicos na melhor divulgação da nossa cultura, tradições e oferta turística”.

O presidente não mostrou dúvidas ao afirmar que, principalmente nesta altura, “a autarquia tem de estar ao lado dos agentes económicos no seu labor de diversificação económica e na criação de emprego, através da continuação da modernização administrativa e da simplificação, do planeamento, do urbanismo, na manutenção da qualidade do espaço público e na promoção local”.

Para o autarca, “nestes tempos de grandes e duras certezas e angustiantes incertezas quanto ao que o futuro e a austeridade nos reserva, temos que acreditar que seremos capazes de superar os obstáculos, se, apesar de tudo e das nossas naturais diferenças culturais, ideológicas, formos capazes de manter a serenidade democrática, a esperança e a confiança, e o espírito combativo e persistente para nunca desistir de continuar a infindável e grandiosa obra de construir um país de Abril”.

A terminar as intervenções nesta Sessão Solene, foi a vez do Presidente da Assembleia Municipal de Lagos, Paulo Morgado, dirigir umas breves palavras aos presentes.

Partilhando da opinião do General Ramalho Eanes, Paulo Morgado revelou que também acredita que “a política sem a filosofia não faz grande sentido” e que “a transparência e a ética devem sempre comandar as nossas vidas”. “Hoje é, felizmente, um dia de memórias. Memórias, porque não queremos, nem devemos voltar a esses tempos cinzentos anteriores ao 25 de Abril” insistiu o Presidente da Assembleia.

“Mas temos de pensar e analisar o passado, para podermos fazer as melhores opções para o nosso futuro. Porque queremos e merecemos mais!”

A última iniciativa organizada para assinalar este importante marco da nossa história, teve lugar no mesmo equipamento cultural, pelas 21h30, com a realização do Concerto Comemorativo do 25 de Abril – Ensemble Suest´arte – a cargo da Academia de Música de Lagos.

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