O uso da criatividade para melhorar um negócio e levá-lo a um patamar superior, também se pode e deve aprender. As ferramentas ao dispor dos empreendedores são muitas e as principais foram focadas no seminário CREA NET 2.0, realizado no âmbito da ECCIXII Conferência Europeia de Criatividade e Inovação, que decorreu no Algarve entre 14 e 16 de setembro.
A iniciativa juntou à mesma mesa alguns dos principais especialistas europeus em criatividade e inovação. A ideia é que estes continuem a colaborar e a refletir em conjunto sobre estas matérias
O seminário foi organizado pelo CRIA -Divisão de Empreendedorismo e Transferência de Tecnologia da Universidade do Algarve, um dos parceiros nacionais do projeto CREA NET 2.0. Nele, participaram alguns dos maiores pensadores europeus da área da criatividade e inovação, que deram preciosas dicas sobre inovação e criatividade empresarial, criatividade em rede e aprendizagem colaborativa.
O seminário assentou no modelo de Mesa de Trabalho, uma vez que o seu objetivo principal era lançar as sementes para a criação de uma Rede Europeia de Especialistas em matéria de criatividade.
A semente deste Tink Thank deu frutos e a desejada discussão e reflexão não só aconteceu como foi alargada à assistência, numa autêntica experiência de aprendizagem colaborativa.
Não se poderá dizer que o seminário CREA NET 2.0 tenha configurado um processo de Collaborative Design Thinking, uma das principais ferramentas para a inovação nas organizações, mas foi ao encontro daquilo que a oradora convidada Katja Tschimmel explanou na sua intervenção.
A especialista em Collaborative Design Thinking explicou o conceito e deixou bem claro que não é necessário ser um designer para o colocar em marcha. «Collaborative Design Thinking acaba por ser a capacidade de um sistema vivo em gerar novas ideias», resumiu.
As empresas, enquanto organizações criadas e dinamizadas pelos indivíduos, podem ser vistas como sistemas vivos. E são elas que mais vantagens podem tirar deste método.
«O Design Thinking expressa a entrada dos métodos do design em áreas além das tradicionais, nomeadamente a inovação empresarial», disse. No fundo, trata-se de colocar todos os ativos da empresa a trabalhar para o mesmo fim, num processo criativo alargado a todos os elementos da empresa, já que a inovação pode surgir em qualquer setor. «Todos nós somos especialistas em algo e todos queremos dar o nosso contributo», acredita a criativa alemã, há muito radicada em Portugal.
Dimis Michaelides, outros dos oradores convidados, também frisou a importância de tornar o processo criativo o mais abrangente possível. «Uma das evoluções recentes foi a passagem da noção de criatividade de poucos grandes criativos, para muitos criativos de menores dimensões», ilustrou. Ou seja, nunca sabemos quando estamos sentados ao lado de um génio criativo, frase que serviu de mote à ECCIXII.
No que toca à organização e inovação empresarial, o especialista grego instou os empreendedores a perceber, à partida, «qual o sabor de inovação que mais lhes convém», antes de aplicar mudanças nas suas empresas. A inovação é positiva quando bem focada e orientada para resultados, explicou, mas pode ter efeitos nefastos quando mal orientada.
A discussão em breve se espalhou aos demais membros da Mesa de Trabalho, os precursores da rede de especialistas que aqui nasceu. Além de Herman Hoving, que fez uma apresentação sobre Open Innovation, também Paul Corney, Gijs Van Wulfen e Pia Reksten’s acrescentaram a sua visão à reflexão conjunta.
Entre as questões debatidas, destaque para a aplicação da criatividade ao serviço da inovação em diferentes culturas. Para Gijs Wulfen, as diferenças culturais podem ser um fator determinante, mas Paul Corney acredita, baseado na sua experiência, que há métodos universais de estímulo à criatividade.
«Pode-se criar um evento colaborativo e desafiar ativamente as pessoas a participar», acredita, de modo a ultrapassar obstáculos. Como frisou Herman Hoving, «em todo o mundo há pessoas criativas, mas em certos países há barreiras que impedem muita gente de dar o seu contributo».
Já Pia Reksten’s defendeu que «a inovação deve partir de um problema concreto», já que há o risco de «haver demasiadas ideias», o que torna todo o processo contraproducente. Ao saber qual a questão que temos de resolver, o processo criativo torna-se mais orientado e eficiente.
Após várias horas de discussão, o seminário CREA NET 2.0 terminou e deixou a generalidade dos participantes satisfeitos. A dinâmica e fluidez da Mesa de Trabalho foi tal, que a pausa para café acabou por não se realizar, sem que tal fosse notado pela maioria dos presentes.
O CREA NET 2.0 é um projeto co-financiado pelo Programa de Cooperação Territorial INTERREG IVB SUDOE, que junta parceiros de Portugal, Espanha e França. O líder do projeto é a Agencia de Desarrollo Económico de La Rioja (ADER).