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A insolvência da Fábrica do Inglês SA, decretada pelo tribunal na semana passada, anulou a hasta pública do Museu da Cortiça, que deveria ter tido lugar no passado dia 5 de junho, por decisão da Autoridade Fiscal e Aduaneira.

O pedido de insolvência foi apresentado pelo próprio Grupo Nogueira, que em 2012 comprou as empresas do antigo Grupo Alicoop/Alisuper, tendo sido a forma de evitar a alienação do edifício e espólio do Museu da Cortiça, que integra o complexo da Fábrica do Inglês, fechado desde 2009.

Rogério Pinto, presidente da Câmara Municipal de Silves, revelou ao Sul Informação que vai pedir uma reunião com a administradora da insolvência, «para ver quais as suas intenções em relação ao museu».

O autarca acrescentou que tanto a Câmara de Silves como a Direção Regional de Cultura estão a acompanhar o caso. «Vamos dialogar com quem de direito e depois, na base disso, veremos o que se poderá fazer, na certeza, porém, de que se trata de um património a preservar», acrescentou Rogério Pinto.

 

Maioria parlamentar PSD/CDS vota contra proposta do BE para preservar Museu da Cortiça

 

Entretanto, na sexta-feira passada, a maioria parlamentar (PSD+CDS/PP) chumbou, em votação na Assembleia da República, o Projeto de Resolução do Bloco de Esquerda que pedia a suspensão da alienação do Museu da Cortiça de Silves e a adição de medidas de requalificação no espaço museológico. O Projeto de Resolução obteve apenas os votos a favor do BE, PCP-PEV e PS.

O documento, que acabou por só ser votado já depois da declaração da insolvência da empresa proprietária do Museu da Cortiça, deu entrada na Assembleia da República no início de abril, foi debatido em duas comissões, tendo sido discutido a meio da semana passada. Como as votações são à sexta-feira, no final dos trabalhos, só nesse momento se conheceram os resultados.

O Bloco considerava, no seu Projeto de Resolução, que, «pela riqueza do seu espólio, pelo seu papel na promoção da indústria corticeira e pelo seu acervo notável em maquinaria, o Museu da Cortiça não constitui apenas um dos mais importantes polos turísticos e culturais de Silves, como justifica o seu papel e reconhecimento além-fronteiras».

«A sua perda é uma perda para a história, para a cultura, para a indústria corticeira, pelo que o Bloco de Esquerda considera inaceitável a sua alienação», acrescenta o BE, que considerava o Museu como um «símbolo histórico e cultural de Silves e património de valor inestimável para Portugal».

«A importância deste museu e o seu riquíssimo património exigiam, por isso, a intervenção pública, mormente das competentes direções da Cultura e do Turismo, que salvasse o museu, onde foram investidos 12 milhões de euros», afirmava ainda o Projeto de Resolução.

Inaugurado em 1999, após a recuperação e transformação da centenária fábrica Aven, Sons & amp; Barris em parque de cultura, animação e lazer, o museu foi em 2001 distinguido com o prémio Luigi Micheletti, como o melhor museu industrial da Europa, recebendo nesse ano mais de 100 mil visitantes.

O espaço museológico integra no seu espólio exemplares únicos de máquinas corticeiras para transformação da cortiça, bem como um importante arquivo documental do séc. XIX.

Encerrado e deixado ao abandono há quatro anos, o BE denunciava que, com a hasta pública que estava prevista, o Museu da Cortiça estava sujeito a uma possível alienação com todo o espólio museológico ainda no seu interior, «património público, de valor essencial para a história industrial do país, e que não pode estar sujeito a qualquer estratégia de alienação cega que lesa o interesse público».

Fonte do Bloco de Esquerda do Algarve acrescentou que, com a insolvência da empresa proprietária do espaço, «e embora esta empresa esteja formalmente “morta”, isso não significa que o património esteja salvaguardado. Foi nesse sentido, de salvaguarda do espólio, que o BE apresentou esta recomendação ao governo».

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