O Café Aliança reabriu as portas ao público ontem, segunda-feira, pela mão da candidatura PS de Paulo Neves à Câmara de Faro. Para já, apenas a sala principal do centenário café farense, um ex-libris da cidade que estava fechado há mais de três anos, está aberta ao público, não havendo acesso à zona que antigamente funcionava como tabacaria.
Perante uma sala onde predominavam militantes socialistas e apoiantes da candidatura do PS, mas onde se notavam também alguns curiosos, Paulo Neves aproveitou para fazer um claro discurso de campanha, onde não faltaram promessas.
Uma delas foi a de que o Aliança vai ter as portas abertas todos os dias e assim continuará, «independentemente do resultado das eleições autárquicas». «Desde que a minha condição pessoal e o contrato o permita, ou seja, que se mantenha nas atuais condições, em nenhuma circunstância o Aliança encerrará», garantiu o candidato do PS a Faro, à margem da sessão de reinauguração do café.
Frisando que não é «o dono do Aliança», mas sim arrendatário do espaço que tem de suportar «uma renda mensal», Paulo Neves adiantou que o seu desejo «é que o Aliança, no futuro, tenha donos ou exploradores que consigam fazer mais» do que está neste momento a fazer.
Para conseguir que o centenário café farense voltasse a funcionar, a candidatura de Paulo Neves teve de investir em melhorias e equipamento.
«O investimento será incorporado como despesa de campanha e tudo será divulgado. Em vez de ter mais cartazes e outdoors, investimos aqui», disse.
Mas a recuperação do Aliança não foi apenas uma questão de dinheiro, também foi uma união de vontades, com muitas pessoas e empresários a colaborar.
«Tudo o que fizemos foi com pessoas da cidade de Faro. Uns quiseram oferecer, outros fizeram descontos, houve quem oferecesse material e outros mão-de-obra. Todos os telefonemas que fiz a pedir a colaboração, nenhum deles recusou. E devo dizer que parte deles não serão minimamente apoiantes do PS, apenas gostam do Aliança», disse
«Em honra a esses, o Aliança não vai ter nenhum símbolo partidário exposto até ao dia 29 de setembro, sem prejuízo de realizarmos aqui tertúlias e outras ações sobre Faro. Todos os portugueses e estrangeiros que nos visitarem, apenas encontrarão um folheto a explicar o que aconteceu em Faro desde 1908 e o que passou para o Aliança. Não fala nem em PS, nem em eleições», assegurou.
Frequentar o Aliança é como andar de bicicleta
Apesar de ter estado fechado anos, o espírito do Café Aliança parece ter-se mantido bem vivo durante esse período. Numa altura em que a cerimónia decorria, com os discursos de diversas personalidades, na sala mais próxima da Rua de Santo António, no salão acima havia várias mesas ocupadas com pessoas a conversar sobre uma chávena de café ou a desfrutar, em silêncio, do espaço.
Notava-se, de resto, a presença de muitos cidadãos mais idosos de Faro, provavelmente atraídos pelo reabrir de uma casa que durante muito tempo foi o centro nevrálgico da vida social na capital algarvia.
Nos atuais moldes, quem visitar o Aliança poderá sentar-se, ver as fotografias que são uma imagem de marca do estabelecimento, apreciar os seus aspetos arquitetónicos e participar nas tertúlias que o PS ai irá promover, durante a campanha eleitoral.
Para consumir, há café e água, vindo de quem quiser contribuir. O retorno financeiro que for conseguido será «distribuído por Instituições Particulares de Solidariedade Social de Faro».
Veja aqui mais fotos da reabertura do Café Aliança.