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O Algarve e a cidade de Faro têm estado divorciados da Universidade e não estão a ajudar a instituição na sua tentativa de captar estudantes portugueses e estrangeiros. Esta é uma das mensagens que o reitor da Universidade do Algarve (UAlg) João Guerreiro deixa na reta final do seu segundo e último mandato no cargo, avisando que é fundamental que a capital algarvia assuma de uma vez por todas a sua faceta universitária.

«O Algarve é uma região turística, que muitas vezes olha com alguma suspeição para o trabalho que a Universidade faz e não tem havido acolhimento quente. E isso seria fundamental. Se a cidade de Faro se assumir como universitária, se criar infraestruturas que possam ser agradáveis do ponto de vista da estadia dos estudantes – ciclovias, desportos náuticos – isso aumenta muito a capacidade de atração da universidade», considerou João Guerreiro.

Numa entrevista de balanço dos oito anos enquanto reitor, no programa radiofónico «Impressões», dinamizado em conjunto pelo Sul Informação e pela Rádio Universitária do Algarve RUA FM (102,7 FM), João Guerreiro defendeu um maior envolvimento das forças vivas do Algarve com a única instituição de Ensino Superior pública da região.

«A universidade não é um microcosmos, autonomizado e que não é condicionado pela envolvente. É condicionado e fortemente impulsionado pela envolvente», defendeu, dando o exemplo de cidades como o Porto ou Barcelona, que, ao apostar na vertente de cidade universitária, são hoje «focos muito dinâmicos de atração do programa Erasmus».

«A capacidade da Universidade de atração de estudantes nacionais e internacionais tem a ver com as condições que a região proporciona, as condições de contexto. Não tem sido fácil!», acrescentou.

Uma captação cada vez maior de alunos internacionais, de modo a compensar uma diminuição dos candidatos nacionais ao Ensino Superior em Portugal, e uma massa crítica que não é abundante, na área de implantação da universidade, foi uma das apostas claras das equipas reitorais lideradas por João Guerreiro.

Nos últimos anos, o número de alunos internacionais que chegam à UAlg, para aqui passar um ou mais semestres, ao abrigo de programas como o Erasmus, o Erasmus Mundus ou de protocolos, tem vindo a aumentar consideravelmente.

Revelando que, quando assumiu o cargo, o número de alunos vindos dos estrangeiro não devia ultrapassar as duas centenas por ano, o ainda reitor da UAlg disse que, este ano, são esperados cerca de mil alunos internacionais, cerca de 500 por cada um dos semestres, vindos de pelo menos 50 países. O objetivo é estabilizar o número de intercâmbios «em cerca de dois mil por ano».

 

Curso de medicina foi vitória, mas ficam coisas por fazer

Na conversa com o Sul Informação e com a RUA FM, o ainda reitor da UAlg admitiu que um dos pontos altos dos seus mandatos foi a abertura do Mestrado Integrado em Medicina, que permitiu à UAlg não só tornar-se a única universidade ao Sul do Tejo a oferecer este curso, mas também «desenvolver toda a área de Ciências Biomédicas».

Um processo que terminou no primeiro mandato de João Guerreiro, mas que fora «lançado por Adriano Pimpão», salientou.

Na hora da despedida, João Guerreiro não esconde a satisfação de resolver uma questão relacionada com este curso e outros com ele relacionados: a construção de um edifício para a Faculdade de Medicina, que deixa garantida.

Apesar disso, João Guerreiro admitiu que houve coisas que gostaria de ter feito e não conseguiu. Desde logo, «não acompanhar mais a estruturação da área de investigação científica», um trabalho que tem vindo a ser feito na UAlg e que motivou a filiação de vários investigadores em centros de investigação de outros países.

«Com esse movimento, ganhámos capacidade de investigação e, sobretudo, relacionamento científico com outras comunidades. De há dois anos a esta parte, estamos a voltar a chamar esses docentes, para criar áreas estruturadas de investigação científica. Muito gostaria de fazer isso até final do mandato, mas não se fará tudo, apesar de se fazer muito», disse.

João Guerreiro lamentou ainda «não ter conseguido colocar o Campus da Penha em Gambelas». «Não tem tanto a ver com questões financeiras, que também as há, mas, sobretudo, com a reunião da comunidade académica», disse, confessando que, com a atual situação financeira da UAlg, este desígnio será «extremamente complicado», mesmo que o futuro reitor lhe queira dar seguimento.

 

 

sulinformacao

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