A Câmara de Loulé assumiu o desafio de conseguir que 15 por cento da população louletana se desloque preferencialmente de bicicleta, até 2024 e compromete-se a criar condições para isso, de modo a que o concelho seja «reconhecido nacional e internacionalmente como uma região amiga da bicicleta».
O Cicloloulé – Plano de Mobilidade Ciclável do Município de Loulé foi apresentado na passada semana e um dos seus objetivos é criar uma rede de ciclovias entre os principais centros urbanos do município.
O projeto foi desenvolvido para a autarquia pela Federação Portuguesa de Cicloturismo e Utilizadores de Bicicleta (FPCUB) e assenta, em grande medida, na promoção do uso deste veículo não poluente como «vetor essencial para a melhoria da qualidade de vida e um contributo para o desenvolvimento sustentável do território», segundo revelou o vereador da autarquia louletana Joaquim Guerreiro, na apresentação do plano.
«De acordo com os dados apresentado pelos Censos de 2011, o Concelho de Loulé tem cerca de 70 mil habitantes e a bicicleta representa 0,9 por cento na repartição modal, em contraste com o automóvel ligeiro, com 66,4 por cento. As deslocações a pé representam 21,5 pontos percentuais, valor acima da média nacional. No entanto, o crescimento urbano que se registou nos últimos anos já não permite uma utilização tão intensa do modo pedonal. Simultaneamente, a resposta dos transportes coletivos é difícil, dadas as características de dispersão no território e ainda não satisfaz as necessidades de mobilidade da população, que opta pelo transporte individual. É esta situação que os responsáveis municipais querem inverter», ilustrou a Câmara de Loulé, numa nota de imprensa.
O período para implantação do plano agora apresentado é de dez anos, com diversas metas pelo meio, nomeadamente a evolução gradual do número de ciclistas. A ideia é que, em 2017, se atinjam os 5 por cento, se aumente para os 10 pontos percentuais em 2020 e que em 2024 se chegue aos 15 por cento. Dentro de dez anos, Joaquim Guerreiro espera que o concelho seja visto como um local «onde o andar de bicicleta seja encarado como uma opção de transporte comum e desejável, porque é seguro, vantajoso, confortável e divertido para pessoas de todas as idades».
«As ações previstas neste Plano passam pela criação de uma rede ciclável que se caraterize por ser contínua e articulada a todo o Concelho (infraestruturas cicláveis, estacionamentos, equipamentos de apoio, integração com parceiros e outros meios de transporte, sistemas de bicicletas públicas), pela implementação de programas de apoio à mobilidade ciclável (educação, sensibilização, incentivo e promoção), pelo desenvolvimento, em redor da bicicleta, de uma economia sustentada (no turismo, na indústria, na recreação e no desporto) e pela gestão da implementação do próprio Plano (planeamento, financiamento, monitorização e avaliação)», anunciou a Câmara de Loulé.
Joaquim Guerreiro salientou alguns dos pontos fortes, que apoiam a pretensão da autarquia, nomeadamente «as excelentes condições climatéricas para deslocações em bicicleta», a existência de equipas e grupos formados em Loulé direcionados para a prática de BTT e Ciclismo, «o facto de existir em Vilamoura um Sistema Integrado de Bicicletas de Uso Partilhado e uma rede ciclável integrada, bem como o potencial turístico com a integração na rede europeia de cicloturismo “Eurovelo”, na Ecovia que integra a “Rota Atlântica”, o que potencia o turismo europeu como destino a Portugal e ao Algarve».
Além disso, Loulé conta, neste momento, com sete percursos de BTT, «num total de 220 quilómetros (sem contar com a Via Algarviana)» e há «uma cultura de respeito pela bicicleta». Por outro lado, há que contabilizar «as distâncias inferiores a 10 quilómetros entre os núcleos urbanos principais e a densidade de núcleos urbanos e pontos de atração turísticos (na zona do litoral)».
O Cicloloulé é cofinanciado pelo Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional, no âmbito do Quadro de Referência Estratégico Nacional – 2007-2013, ao abrigo do Programa Operacional Algarve 21.