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O Bloco de Esquerda de Faro considera que a passagem dos 280 hectares de terreno antes pertencentes à Freguesia do Montenegro para o concelho de Loulé, no âmbito da fixação de fronteiras entre os dois concelhos, põe «em risco toda a regularidade do processo eleitoral» do próximo domingo.

O BE recorda que «os moradores da Ilha de Cima da Praia de Faro são residentes no concelho de Loulé, recenseados em Faro, freguesia do Montenegro», mas «votarão, no dia 29 para esta assembleia de freguesia e para a Câmara e Assembleia Municipais de Faro», o que, na sua opinião, põe em causa as Eleições Autárquicas.

A fixação das fronteiras entre os dois município foi decidida no início do ano. No auge da campanha para as eleições autárquicas, que decorrem no domingo, o BE toma uma posição pública sobre um assunto no qual tem vindo a insistir nos debates públicos realizados no concelho de Faro.

Os bloquistas, candidato à Câmara é Vítor Ruivo, disparam na direção da coligação no poder em Faro e do PS, nomeadamente do então líder da bancada socialista que «falhou um acordo informal da oposição de votar contra a proposta camarária».

Além do socialista Falcão Marques, que acabou por se demitir do cargo que ocupava no mesmo dia da aprovação em Assembleia Municipal, outro dos visados é o presidente da Junta do Montenegro Steven Piedade, que também deu o aval à proposta, apesar de a Assembleia de Freguesia local ter votado contra.

Depois de ter insistido na questão da passagem de um terreno «muito valioso», sem as devidas contrapartidas, para Loulé, os bloquistas colocam agora em causa «graves problemas» que alegam ter ficado por resolver, não só relativos a parte da população da Ilha de Faro, que vive em terreno louletano, mas vota em Faro, como a questões relativas à proteção civil.

Contactado pelo Sul Informação, Macário Correia, presidente da Câmara de Faro, não quis comentar esta tomada de posição «de motivação eleitoral» da oposição. Mas Rogério Bacalhau não tem fugido a comentar a questão, nos debates em que participou.

No que ao valor do terreno diz respeito, o candidato do PSD a Faro defendeu que a maioria do terreno em causa «é água» e que se trata de terrenos pertencentes à mesma propriedade, antes dividida entre Faro e Loulé.

Num debate que teve lugar na passada semana no Pátio de Letras, em Faro, Rogério Bacalhau foi mais longe e defendeu que a fixação de fronteiras só foi possível porque «Seruca Emídio já não se podia recandidatar à presidência de Câmara», uma vez que considera que Faro saiu beneficiado do negócio.

Os socialistas, que também foram visados pelas críticas do Bloco, também se assumem contra a passagem do terreno e têm tentado demarcar-se da atitude tomada pelo seu ex-líder de bancada. O PS também se afirma contra a passagem desta parcela de terreno.

Outra questão que o BE levanta é ligada às competências da proteção civil. «Em que área da proteção civil se inscrevem os terrenos passados para Loulé? Quem intervém em caso de sinistro? Como se compensará a inevitabilidade de intervenção dos serviços sediados em Faro?», pergunta o Bloco de Esquerda.

sulinformacao

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