O XV Encontro de Música Antiga de Loulé, um dos mais conceituados eventos de música antiga do País, volta a este concelho de 5 a 19 de outubro.
Da Idade Média, ao século XIX, passando pelo Renascimento e Período do Barroco, esta iniciativa da Câmara Municipal traz a Loulé alguns nomes sonantes nesta área.
O Encontro arranca sábado, dia 5 de outubro, com o Ensemble Bonne Corde que sobe ao palco do Convento de Santo António com o espetáculo “Le Retour de la Paix”, e apresenta obras de três compositores: Haendel (1685-1759), Clérambaut (1676-1749) e Montéclair (1667-1737).
O Ensemble Bonne Corde é um agrupamento de Música Antiga, dedicado à Interpretação Historicamente Informada com instrumentos originais, tendo como repertório alvo a literatura para violoncelo solo do séc. XVIII, tanto de câmara como concertante, não esquecendo o importante papel do violoncelo como instrumento de contínuo.
O Ensemble Bonne Corde apresenta‐se com diferentes orgânicos instrumentais, desde do violoncelo solo à orquestra barroca.
O nome do grupo pretende ser uma alusão às cordas de tripa utilizadas nos instrumentos de corda do século XVII e XVIII e hoje de novo utilizadas pelo agrupamento.
É através deste contacto com as práticas interpretativas históricas que o grupo visa a recuperação de património musical português e europeu.
Fundado pela violoncelista Diana Vinagre, o Ensemble Bonne Corde continua um trabalho de conjunto iniciado entre jovens músicos de várias partes do mundo que se foram cruzando nos seus percursos formativos e profissionais, em locais tão prestigiados como o Real Conservatório da Haia (Holanda) e a Orquestra Barroca da União Europeia. Todos os membros do grupo colaboram com alguns dos mais prestigiados agrupamentos de Música Antiga da Europa.
O evento prossegue no dia 11 de outubro, no Convento de Santo António, com o grupo Capella Sancta e Crucis que traz a este Encontro a música instrumental do Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra no século XVII.
Uma das instituições portuguesas mais proeminentes deste período é seguramente o Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra.
Sob proteção real e de forte influência política, o Mosteiro terá sido um extraordinário centro cultural e artístico ao longo dos séculos XVI e XVII.
Um feito testemunhado pela respetiva intensa atividade musical da qual temos apenas uma visão muito parcial através do fundo musical, de manuscritos e impressos, proveniente da ordem crúzia e hoje conservado na Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra.
A Capella Sancta e Crucis é antes de mais um laboratório de polifonia portuguesa.
É a imagem sonora do trabalho de investigação de doutoramento levado a cabo pelo seu diretor artístico Tiago Simas Freire, desenvolvido em cotutela internacional entre o CNSMD de Lyon (França), a Universidade de Saint-Etienne (França) e a Universidade de Coimbra.
O agrupamento deve o seu nome à capela do mosteiro de onde são provenientes os manuscritos musicais sobre os quais o cerne do seu trabalho é elaborado, contribuindo para a pesquisa sonora das origens do Barroco Musical Português, no seu contexto ibérico e europeu.
Este projeto visa estabelecer pontes entre a pesquisa teórica musicológica e a busca de um resultado sonoro que reanime e justifique o valor dos tesouros ainda pouco conhecidos, tais como a atividade musical de um dos principais centros culturais portugueses durante os séculos XVI e XVII – o Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra.
A 12 de outubro, é a vez do quarteto L’Antico Affeto subir ao palco do Convento de Santo António para um “Pequeno Concerto Espiritual”, em torno do compositor Heinrich Schütz, com canções sacras da Alemanha e Itália do século XVII.
A transição do século XVI para o XVII foi um período de grande alvoroço intelectual em Itália. No domínio da música, um aceso debate estético haveria de culminar no nascimento daquilo que hoje denominamos Música Barroca.
O título do presente programa, “Pequeno Concerto Espiritual”, é inspirado no conjunto de obras designadas por Schütz Kleine Geistliche Konzerte, publicadas após o regresso da sua segunda visita a Itália.
Compostas para vozes e baixo contínuo, sem recurso a outros instrumentos, estas obras refletem o período de enormes dificuldades económicas que assolou a Europa durante a Guerra dos Trinta Anos.
Utilizando o stile nuovo aprendido com Claudio Monteverdi, Schütz consegue – com uma enorme parcimónia de meios – conferir a expressividade do recitativo italiano a um estilo germânico algo mais austero, obtendo um resultado que, ao mesmo tempo que move os afetos do ouvinte, o convida ao recolhimento espiritual.
L’Antico Affeto é composto por Filipa Meneses (viola de gamba), Hugo Sanches (tiorba), Birgit Wegemann (soprano) e Manuela Lopes (soprano).
O Ensemble de Música Antiga da Escola de Música do Conservatório Nacional e o Ensemble de Flautas de Loulé encerram este Encontro de Música Antiga, a 19 de outubro, na Igreja Matriz de Loulé, com “Um Banquete Musical: Renascimento e Barroco”.
O Ensemble de Música Antiga da Escola de Música do Conservatório Nacional surgiu em 2012, da classe de Música Antiga (Música de Câmara) desta escola, orientada pela professora Helena Raposo.
O agrupamento divide-se em várias formações, consoante a necessidade do repertório a apresentar em concerto. Esta formação estuda e executa repertório vocal, instrumental e vocal com acompanhamento instrumental, sendo utilizados instrumentos e práticas de execução históricas.
O Ensemble tem-se apresentado em concertos em Lisboa, com repertório que abrange desde a Idade Média, passando pelo Renascimento até ao Barroco.
O Ensemble de Flautas do Centro de Expressão Musical de Loulé – CEM foi constituído em dezembro de 1994 por alunos da Escola de Música do Município de Loulé, sob orientação do professor Francisco Rosado.
Gravou até ao momento três cds, com peças da Idade Média ao século XX, com apoio da Câmara Municipal de Loulé e tem participado em todas as edições do Encontro de Música Antiga, que anualmente se realiza neste Concelho.
Tocou em dezenas de concertos em vários locais do Algarve e em momentos musicais integrados no Festival MED de 2008, 2009, 2010 e 2011, bem como no Festival Clássica em Cacela de 2009.
Alguns elementos do grupo participaram em master classes lecionadas por destacados flautistas – Bart Spanhove, Paul Lenhouts, Pamela Thorby, Kerstin de Witt, Dorothee Oberlinger, Peter Holtslag e Maria Martinez Ayerza – quer a nível da música de consort, quer a solo.
Todos os espetáculos do XV Encontro de Música Antiga de Loulé têm início às 21h30. A entrada é livre.