A Direção do Mestrado Integrado em Medicina (MIM) da Universidade do Algarve já reassumiu funções, depois de ter chegado a entendimento com o reitor da instituição João Guerreiro.
O responsável máximo pela universidade «aceitou reformular a cláusula que causava tanta discórdia» e, como resultado deste gesto de aproximação, a direção e o Grupo executivo demissionários vão enviar nova carta a retirar os pedidos de demissão que lhe haviam dirigido.
Ao Sul Informação, João Guerreiro considerou a polémica como fazendo «parte do passado» e revelou que ele próprio reformulou a cláusula, no sentido de clarificar as competências de cada uma das partes, garantindo a independência pedagógica, sem que ela interferisse «no mecanismo interno do Hospital».
«Nessa cláusula proponho que os convites sejam feitos sempre por iniciativa da universidade, mas que cabe à direção do Hospital autorizar ou não a vinda dos médicos a seu cargo».
«No fundo, a grande diferença é que agora se remete a resolução do problema da autorização para o especialista convidado», o mesmo que acontece na relação «com todos os outros convidados e instituições», salientou o Reitor. «Quando um professor da UAlg é convidado para estar presente em algum lado, também me pede autorização. É claro que eu nunca neguei nenhum pedido, mas faz parte», exemplificou.
Fica, desta forma, sanada uma polémica que chegou a levantar receios quanto à continuidade do curso. Isto porque é a direção que organiza as diferentes atividades pedagógicas, entre as quais os seminários com especialistas externos, que fazem parte integrante do inovador modelo pedagógico usado na UAlg.
Os seminários estiveram, de resto, no centro da situação que levou ao pedido de demissão da direção. Na passada quinta-feira, dia em que avançaram com o pedido ao Reitor, os docentes do MIM explicaram que o faziam por considerarem que estava em causa a sua autonomia pedagógica.
O pomo da discórdia era uma cláusula de um protocolo que será assinado com o Centro Hospitalar do Algarve, que João Guerreiro «aceitou reformular», de modo a clarificar que «os contactos da direção do curso com especialistas do CHA sejam totalmente independentes» das direções de serviço da unidade hospitalar, segundo a diretora do Curso de Medicina da UAlg Isabel Palmeirim.
«Não temos qualquer questão em falar com os diretores de serviço e continuaremos a fazê-lo. O que não queríamos era ter de submeter a nossa escolha e sujeitá-la aos responsáveis pelo CHA», explicou.
Com a garantia dada «sob palavra de honra» por João Guerreiro, os dirigentes do MIM consideram o assunto encerrado. «Para nós, isso é o suficiente», afirmou Isabel Palmeirim. O Reitor espera agora a carta em que a direção retira o pedido de demissão «com justificação», algo que também ficou acordado na reunião entre as duas partes.