O fotógrafo portimonense Júlio Bernardo, de 97 anos, faleceu ontem, dia 15 de julho, em Portimão.
Júlio Bernardo foi o autor de muitas das belas imagens sobre a Portimão dos anos 50 e 60 que hoje são exibidas no Museu de Portimão, mas também em restaurantes, cafés e casas particulares da cidade e não só.
José Gameiro, diretor do Museu de Portimão, disse ao Sul Informação lamentar «de forma muito profunda» a morte do fotógrafo, com o qual tinha «uma relação muito próxima, de amigos e colegas de fotografia, desde há muitos anos».
Gameiro salientou a «energia e a sensibilidade» de Júlio Bernardo enquanto fotógrafo e enquanto pessoa. «Felizmente, o Museu de Portimão tem um vasto espólio do Júlio Bernardo», pelo que, logo que possível, será promovida «uma exposição de homenagem».
Ainda recentemente, em dezembro de 2011, o Museu de Portimão tinha promovido a exposição «Uma Cidade, 2 Fotógrafos», homenageando o trabalho de dois fotógrafos da cidade – o próprio Júlio Bernardo e Francisco Oliveira. Na altura, ambos assistiram à inauguração da mostra.
A exposição «Uma Cidade, 2 Fotógrafos» revelava os seus diversos modos de olhar Portimão, durante a década de 50 até aos finais dos anos 70 do século XX.
Júlio Bernardo, comerciante de profissão, fotografava por prazer e dedicava-se ainda a outras artes, como o cinema, a pintura e a cenografia. Era um homem de mil facetas, não só como fotógrafo e cinegrafista premiado, mas também como pintor e cenógrafo, ligados aos Carnavais de Portimão e ao teatro. Famoso ficou o seu premiado filme “Há peixe no cais“, que mostra imagens de uma cidade de Portimão inteiramente dedicada à pesca, hoje desaparecida.
Júlio Bernardo
Nasceu em 1916, na freguesia de Ferragudo, e desde cedo manifesta gosto pelo desenho.
Aos oito anos muda-se para Portimão com os pais e destaca-se na escola do professor José Buísel através dos desenhos que aí faz dos seus colegas e do próprio professor.
Dotado de uma personalidade artística multifacetada, Júlio Bernardo revela-se para além do pintor e desenhador, um talentoso fotógrafo, cenógrafo, e cineasta.
A sua inserção nos grupos e coletividades da cidade levam-no a colaborar em eventos diversos, nomeadamente na criação de cenários para festas e para os grupos de teatro amadores locais e na decoração dos carros alegóricos do Carnaval de Portimão, na década de 50.
Mas será como fotógrafo e cineasta que Júlio Bernardo mais se destacaria, áreas em que foi reconhecido com vários prémios nacionais e internacionais.
Da sua filmografia, com cerca de trinta filmes de formato reduzido (de 8mm, super 8 e 16 mm) é de realçar o “Há peixe no cais”, um importante documento que dá a conhecer a azáfama e o movimento da descarga do peixe no antigo cais, enquanto símbolos da identidade local.
Funeral
O corpo de Júlio Bernardo está em câmara ardente numa das capelas mortuárias da Igreja do Colégio, em Portimão até amanhã de manhã. Às 10h30 será rezada missa e depois o féretro seguirá para o local onde o corpo do malogrado fotógrafo será cremado.
Atualizada às 13h20, acrescentando informação sobre o funeral.