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Luís Luz, de 48 anos, e Nuno Silva, de 35, estavam desempregados e já com pouca esperança de voltar a encontrar um posto de trabalho. Agora, o primeiro é rececionista de produtos não perecíveis e o segundo supervisor de congelados e ambos integram o lote de 130 colaboradores do novo Centro de Distribuição do Algarve do Grupo Jerónimo Martins, que esta quinta-feira, dia 13, abriu em Algoz (Silves).

A nova estrutura, a mais moderna do Grupo em todo o país, criou 130 postos de trabalho diretos e mais 90 indiretos, 60% dos quais de pessoas de Algoz ou que residem próximo, compra produtos a 40 produtores regionais algarvios, dos quais três de Silves, ocupa 27 mil metros quadrados e custou 25 milhões de euros. Tudo números que Pedro Soares dos Santos, presidente do Conselho de Administração da Jerónimo Martins, sublinhou, na conferência de imprensa que fechou o programa da inauguração.

Rosa Palma, presidente da Câmara Municipal de Silves, sublinhou ser «gratificante constatar a coragem e a iniciativa empresarial de quem decide avançar com um investimento desta envergadura».

Acrescentou ainda que este novo equipamento logístico, o maior do seu género no Algarve, integra-se na política da sua autarquia de «atrair e captar o investimento produtivo para o concelho de Silves».

A Câmara de Silves, aliás, já tinha sido elogiada por Pedro Soares dos Santos logo na cerimónia inicial do cortar da fita. O CEO do grupo fez questão de dizer que «em poucos locais do país temos tido a colaboração de uma Câmara como tivemos aqui, em Silves». Um elogio que não vai só para a atual equipa autárquica, mas para a anterior, já que Rosa Palma apenas tomou posse como nova presidente da Câmara em novembro, quando o Centro de Distribuição estava quase pronto.

O Centro de Distribuição do Algarve irá abastecer todas as 35 lojas Pingo Doce e Recheio, no Algarve e em parte do Alentejo, ou seja, em Sines, Moura e três lojas em Beja, como revelou Joana Barbosa, diretora da nova infraestrutura.

Pedro Soares dos Santos acrescentou, por seu lado, que o Centro irá ainda abastecer a empresa de food-services, a criar pelo grupo.

 

35 lojas no Algarve e Alentejo abastecidas a partir de Algoz

O Centro começou a funcionar a 14 de janeiro, mas, depois de uma primeira fase de testes, só agora está em plena laboração. Até à abertura desta estrutura, as 35 lojas no Algarve e Alentejo eram abastecidas a partir do centro logístico da Azambuja, na Grande Lisboa.

Por isso, a principal vantagem deste novo Centro é reduzir os custos do canal de distribuição do grupo, já que «encurta os ciclos de transporte para as 35 lojas». Só em transportes serão poupados 2,5 milhões de euros por ano.

«Além de poupar nos custos de transporte, o que é bom, este Centro vai permitir que o Jerónimo Martins, no Sul de Portugal, do Alentejo para baixo, esteja mais perto do consumidor do que estava». Isso será especialmente importante no Verão, sobretudo em Julho e Agosto, meses em que era «muito difícil servir o consumidor no Algarve».

Mas permite ainda que o grupo esteja mais próximo dos produtores. «Há uma necessidade enorme de nos aproximarmos cada vez mais dos pequenos e médios produtores agrícolas», sublinhou o presidente do CA. Isso trará vantagens para a Jerónimo Martins, mas também para os produtores, acredita. «Por exemplo, os nossos fornecedores no Algarve podem deixar o seu produto aqui e nós transportamos para o Norte».

Pedro Soares dos Santos adiantou que «80% das necessidades [de produtos alimentares] do Grupo são garantidas pelos produtores nacionais», que são 1600 a nível nacional e 40 no Algarve. Um deles, a Frusoal, uma organização de produtores de citrinos de Tavira, exporta mesmo parte da sua produção para as lojas do Grupo na Polónia, onde a Jerónimo Martins, através da sua marca Biedronka, é líder de mercado do retalho.

 

Mais investimento previsto no Algarve e no país

Pedro Soares dos Santos salientou também que este é o primeiro Centro de Distribuição com estas características que o grupo abre no país e que o próximo abrirá «ainda este ano ou em 2015», no Grande Porto, representando um investimento de 50 milhões de euros, o dobro do que foi gasto no Algarve.

No todo nacional, só em Centros de Distribuição, o Grupo prevê investir «100 a 120 milhões de euros nos próximos três anos».

Também vai continuar a crescer o número de lojas da marca Pingo Doce, mas agora «com uma filosofia baseada no franchising». Neste momento, já existem a laborar no país «quatro ou cinco lojas» neste sistema, mas o presidente do Conselho de Administração anunciou que, a partir de agora, «todo o nosso crescimento fora da Grande Lisboa e Grande Porto será feito com partners locais», num regime com algumas semelhanças com o franchising, embora sem que o Grupo cobre royalties pelo uso da marca. «Dividimos o investimento e a lucratividade do negócio e assim não escravizamos o parceiro».

No Algarve, «abaixo da EN125», o Grupo Jerónimo Martins prevê a abertura de «cinco ou seis lojas, em franchising, nos próximos cinco, seis anos».

Ao todo, nos próximos anos, deverão ser abertas a nível nacional 50 lojas em franchising, num investimento de 250 a 300 milhões de euros. «Haverá uma partilha de custos entre as partes» e os parceiros terão acesso a «linhas de financiamento muito vantajosas», através da Jerónimo Martins.

 

Tudo organizado para garantir a maior eficiência

No Centro de Distribuição do Algoz, tudo está organizado para garantir a maior eficiência. Existem diversos armazéns conforme o tipo de produtos, com temperaturas que vão desde os 20 graus negativos. Há armazéns e equipas de trabalho especializadas e com horários diferenciados para vegetais e frutas, peixe, carne, frescos, e não perecíveis.

É a partir de Algoz que saem agora os camiões que abastecem 35 lojas algarvias e alentejanas. Os veículos, como explicou a diretora do Centro, Joana Barbosa, são utilizados 24 horas por dia, em rotas desfasadas conforme o tipo de produtos a distribuir. As entregas ao longo do dia são três: peixe e frutas, não perecíveis, e ainda congelados e frescos.

Nesta altura do ano, o Centro faz um milhão de caixas por mês, mas no Verão, quando a população algarvia mais do que duplica, a expectativa é que se chegue aos 2,6 milhões de caixas.

Muita coisa para distribuir, pelas estradas do Algarve e do Alentejo, a partir deste centro logístico situado a cerca de 500 metros de Algoz e bem perto da Via do Infante e da EN125, os grandes eixos rodoviários da região.

 

Câmara de Silves aberta a receber os investidores

Depois do elogio inicial feito pelo presidente do Conselho de Administração do Grupo Jerónimo Martins, que sublinhou a colaboração havida com a Câmara de Silves neste investimento, a autarquia manifesta-se aberta a novos investidores.

Em declarações ao Sul Informação, a presidente da Câmara Rosa Palma revelou que tem recebido «contactos de mais empresários interessados em investir, nesta e noutras áreas, mas nada que se assemelhe à dimensão deste Centro».

«Silves quer continuar a ser concelho atrativo para o investimento. Estamos de portas abertas para receber os investidores e para facilitar o investimento no concelho, obviamente dentro das regras», acrescentou.

O Centro de Distribuição da Jerónimo Martins situa-se numa área industrial/polo logístico definida pelo município perto do Algoz e a dois passos da Via do Infante, da EN125 e da A2. Por isso, Rosa Palma espera que «se possam concentrar aqui mais empresas». «Todo o investimento gerador de postos de trabalho tem que ser acarinhado e é bem vindo», garantiu.

 

 

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