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Macário Correia toma hoje posse como administrador delegado da empresa Algar, com o ambicioso objetivo de conseguir «resíduos zero, tendencialmente». O ex-presidente da Câmara de Faro embarca em nova aventura, numa área que sempre lhe foi querida, como político e cidadão, a do Ambiente.

«Quero tornar o Algarve mais limpo, tirar das ruas e dos campos tudo aquilo que se pode aproveitar e inseri-lo numa cadeia de valor», disse em entrevista ao Sul Informação. «Tudo se aproveita, para fazer novos produtos ou para criar energia ou gás. Quero fazer com que os aterros, no futuro, não tenham qualquer função. Hoje servem para produzir gás, mas essa não é a situação ideal», ilustrou.

Um dia antes de assumir o cargo de gestão da empresa algarvia de valorização e recolha de resíduos sólidos (lixo e reciclagem), Macário Correia falou com o Sul Informação e disse ter a «perspetiva de fazer um serviço público de grande dedicação ao que é a política ambiental no Algarve».

«Quero que a recuperação de matérias-primas, na região, seja aquela que se deseja. Ou seja, que vá ao encontro dos objetivos da política nacional e europeia nesta área», que defende o caminhar gradual para uma situação em que todos os resíduos que produzimos «tenham outra função no futuro».

Isto consegue-se «com a colaboração de cada família, das escolas e das autarquias». O a partir de hoje administrador delegado da Algar acha que a empresa «tem de apostar muito em promover o civismo das pessoas», começando pelas escolas, de modo a que «os filhos eduquem os pais».

Também as autarquias algarvias, sócias da Algar e as suas principais clientes, têm um papel importante, neste desígnio. «As linhas de recolhas e separação têm se ser cada vez mais eficientes», mesmo que para isso seja preciso investir em mais pontos de recolha ou na renovação dos existentes.

Até porque há uma dimensão humana, por detrás da recolha do lixo, que se ressente quando a recolha que se quer seletiva não o é. «O mais deprimente é ter de colocar pessoas a separar manualmente matéria por vezes putrefacta, para separar os resíduos. Se cada qual fizesse em casa, tornava-se mais fácil e barato para todos», considerou.

Quanto à sua escolha para ocupar o cargo, Macário Correia lembra a «simbiose» entre a sua vida política que durou 28 anos, em que foi secretário de Estado do Ambiente e edil de duas Câmaras algarvias e a sua ligação ao associativismo de defesa do ambiente, já que foi «fundador da GEOTA e de outras associações».

«Julgo ter as condições pessoais para ter um bom desempenho neste cargo», afirmou.

 

Cargo na empresa Hubel fica para trás

«Não vou continuar no cargo que ocupava na Hubel. O desempenho das duas funções é incompatível. Tive muito gosto em trabalhar lá, mas não continuarei», disse Macário Correia.

Conhecido por ser um homem de ação, o ex-presidente da Câmara de Faro não ficou parado após ter cessado funções na autarquia e garante que ainda não tirou férias, desde então. Depois da despedida da vida pública, em setembro do ano passado, aceitou um desafio do setor privado, para ser o representante da empresa algarvia Hubel (sistemas de água, agricultura e soluções energéticas) junto das autarquias.

Macário Correia vestiu a camisola e andou um pouco por todo o país a oferecer a diferentes câmaras municipais diagnósticos e reparação de redes públicas de água.

O ex-edil farense e tavirense defende que estas funções que desempenhou também foram imbuídas do «espírito de serviço público» que garante que sempre o moveu, já que os sistemas que vendeu servem para evitar desperdícios de água e dinheiro nas redes públicas.

«Há meio milhão de euros em perdas de água, por dia, em todo o país. No Algarve, podiam-se poupar entre 5 a 6 milhões de euros por ano se todas as autarquias atacassem o problema», garantiu.

Na maioria das Câmaras algarvias, há perdas muito elevadas de água, na rede pública, bem que é pago à empresa Águas do Algarve, mas que nunca chega às torneiras dos munícipes, perdendo-se pelo caminho. Isto leva a que as autarquias tenham de elevar a tarifa da água para valores que não estão de acordo com os gastos reais.

Segundo Macário Correia, «há municípios onde as perdas são superiores a 40 por cento». As exceções , no Algarve, são os municípios de Faro e Tavira, os que geriu, onde as perdas «estão abaixo dos 20 por cento» e dentro de um limite aceitável.

Macário Correia esqueceu-se de referir o caso de Portimão, onde o abastecimento de água é gerido pela empresa municipal EMARP, e onde as perdas em 2012 (o último ano do qual já há dados oficiais conhecidos) foram de 17,47%…

 

 

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