Os municípios de Lagos e de Portimão vão estabelecer um Protocolo de Cooperação Técnico-Científica que sirva de base ao desenvolvimento de projetos em parceria no âmbito do património, museologia, conservação e restauro.
O protocolo, que deverá ser assinado em breve, diz especificamente respeito à colaboração entre os Museus Municipais dos dois concelhos vizinhos.
José Gameiro, diretor do Museu de Portimão, explicou ao Sul Informação que, entre os dois municípios e respetivos museus, «há recursos humanos, materiais, equipamentos e serviços que podem ser partilhados».
Um dos exemplos é o da conservação e restauro de peças, uma capacidade que os museus modernos, integrados na Rede de Museus do Algarve, têm que assegurar. Lagos não tem técnicos capacitados para esta tarefa especializada, já que o restauro por pessoas credenciadas para o fazer, no Barlavento algarvio, é um serviço que apenas existe nos museus de Portimão e de Silves.
«Por isso, no âmbito do protocolo, o Museu de Portimão vai assegurar o restauro de peças de Lagos», sendo que o dono da peça, no caso o museu lacobrigense, «paga as despesas», acrescentou Gameiro.
A colaboração vai também estender-se à área da arqueologia e da museologia, passando, por exemplo, por «partilhar coleções em exposições temporárias». É o caso dos materiais levados da villa da Abicada, um sítio romano no concelho de Portimão, para o Museu de Lagos, por José Formosinho, nos anos 30 do século passado e que poderão agora vir a ser mostrados numa futura exposição em Portimão.
O Protocolo visa regular a cooperação técnico-científica entre os dois municípios, a desenvolver no âmbito do património, museologia, conservação e restauro. Esta colaboração será efetuada «de acordo com a disponibilidade de ambas as instituições, podendo assumir várias formas, nomeadamente e entre outras, a disponibilização de recursos humanos e materiais, bem como o apoio à conservação e restauro de peças integrantes das suas coleções museológicas e a cedência temporária das mesmas para iniciativas conjuntas ou individuais».
Para a Câmara de Lagos, esta decisão foi tomada tendo em conta alguns pressupostos, nomeadamente «a política definida pelo Município no que se refere à afirmação e valorização da identidade cultural local, como fator de desenvolvimento cultural e social da população» e a «importância estratégica da marca “Lagos dos Descobrimentos” na afirmação da identidade histórico-cultural das suas gentes».
Na base do protocolo esteve também, para a autarquia de Lagos, «a importância, utilidade e consequência da conservação e da recuperação na valorização de todo o processo de divulgação do património», «as estratégias definidas pelo Município de Lagos, garante da dignificação e salvaguarda do património cultural local».
No âmbito do Protocolo, ambos os municípios vão partilhar «competências no âmbito da administração, recuperação e divulgação do património cultural, incluindo a possibilidade de constituição de parcerias com outras entidades», reconhecendo como «mais valia o estabelecimento de parceria que viabilize a realização de intercâmbio humano e material, com vista à promoção do apoio à conservação e restauro de peças integrantes das suas coleções museológicas».