«Uma andorinha não faz a Primavera». Este ditado popular, apropriado ao tema do turismo de natureza e à época do ano, é um bom exemplo para comentar o artigo precipitado e infeliz da Carla Cabrita, autora de um artigo de opinião neste importante jornal do Algarve.
Quando a Região de Turismo do Algarve, na pessoa do seu Presidente, Vice Presidente e Equipa de Direção, têm a iniciativa de convocar para uma reunião um conjunto de empresas do segmento do Turismo de Natureza para ouvirem, de viva voz, as suas experiências e opiniões sobre este mercado, não se espera que uma das pessoas presentes neste grupo de trabalho utilize uma página de opinião de um importante jornal de região, para usar informações dessa reunião, muitas delas ainda por definir, e que lance um rastilho de polémica e confusão, num tom arrogante como se mais ninguém fosse amigo do ambiente ou entendesse este mercado, porque só percebe de construção e resorts. Foi pouco ético e precipitado.
Não se espera também um ataque feroz à utilização de fundos comunitários, quando foram os fundos comunitários que pagaram nos últimos anos o Festival de Aves de Sagres.
Não se espera também que a Guia de Caminhada Carla Cabrita, que não pertence à organização do Festival de Aves de Sagres, nem à organização da Bienal de Turismo de Natureza, venha neste artigo lançar uma polémica desnecessária sobre a data dos eventos, sendo que a ponderação sobre as vantagens ou desvantagens de criar sinergias entre os dois eventos cabe unicamente às entidades organizadoras de ambos os eventos. A saber, SPEA e Almargem, por parte do Festival de Aves, e Associação Vicentina como chefe de fila de três ADL, onde estão também a In Loco e as Terras do Baixo Guadiana, uma pool de trabalho responsável pelos projectos de cooperação “Um outro Algarve”, que, entre várias ações no território, financiou o último Festival das Aves de Sagres, e a Bienal de Turismo de Natureza que, por razões técnicas, terá que ser no mês de Outubro.
E neste assunto, se a SPEA e a Almargem não considerarem vantajoso aproveitar a dinâmica da Bienal de Turismo de Natureza, que pela primeira vez reunirá num mesmo espaço as empresas do Algarve que trabalham o mercado do Turismo de Natureza, trazendo um conjunto alargado de Tour Operadores internacionais numa operação B2B, bem como jornalistas de vários países da Europa, e um conjunto de acções desconcertadas a acontecer no território do Algarve, acredito que não serão as ADL do projeto a opor-se a fazer o evento no fim de semana seguinte.
Também foi precipitado utilizar, neste artigo de opinião, informação de uma reunião de trabalho, onde o assunto da Bienal de Turismo de Natureza está neste momento a dar os primeiros passos organizativos com entidades como a Região de Turismo do Algarve, CCDR, entre outras, pelo que não é suposto vir para os jornais, muito menos com desinformação e polémica, como se dessa atitude possa vir algo de bom à imagem das empresas que operam no Turismo de Natureza.
Sobre a Aldeia da Pedralva, é ofensiva a expressão “que se recusou nos últimos quatro anos a participar no Festival”. Acreditamos que é uma liberdade nossa participar ou não. Que é diferente da expressão recusar-se a participar. E as razões são simples. Na Aldeia da Pedralva, consideramos que o território de Vila do Bispo precisa, antes dos festivais, de estruturar o produto no território para que possamos receber os turistas deste mercado. E como não temos empresas de birdwatching no concelho, não temos abrigos de observação de aves, não temos trilhos ornitológicos devidamente equipados com placards informativos e traduzidos e se, curiosamente, o único sítio em todo o concelho de Vila do Bispo onde é possível alugar binóculos para a prática de observação de aves, é no Centro de Atividades de Natureza na Aldeia da Pedralva, não estamos disponíveis para ser figurantes numa festa que apenas será interessante para o curriculum da SPEA.
Na Aldeia da Pedralva, não conseguimos sequer entender o conceito, missão e objetivos do festival. Se é um festival de conservação, se é vocacionado para a construção de produto ou se é um multi atividades com mergulho, caminhadas, passeios de barco para que se consiga mostrar muita atividade e pouco sumo.
Quem já visitou uma FIO ou uma BIRD Fair pode compreender que, quatro anos depois, o que se passa em Sagres é demasiado amador, sem lógica e sem resultados económicos para o território.
São razões legítimas e suficientes para que a nossa decisão seja esta. E que as pessoas a respeitem, tal como nós respeitamos a decisão de se continuar, quatro anos depois, e 100.000 euros depois do primeiro Festival, a ver que nenhum hotel do concelho está preparado para receber estes clientes, que nenhuma receção consegue dizer o nome de 3 aves que façam a migração por esta rota, que não nasceu uma única empresa de birdwatching no território, nem o território tem qualquer tipo de informação básica para receber estes turistas
Como empresário, promotor e administrador do projeto da Aldeia da Pedralva SA, como membro dos Órgãos de Gestão do ProDer – GAL ADERE e como Consultor de vários projetos, nomeadamente fazendo parte da equipa de trabalho da Bienal de Turismo de Natureza, gostaria de dizer que, a bem de um território chamado Algarve, e do mercado de Turismo de Natureza, fico feliz por saber que uma andorinha não faz a Primavera.
António Ferreira
Empresário