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O Centro Hospitalar do Algarve tem menos 238 enfermeiros do que devia e a carência destes profissionais de saúde, no conjunto das unidades públicas da região, ultrapassa os 350. A denúncia foi feita esta sexta-feira pelo Sindicato dos Enfermeiros Portugueses, que considera que a situação, transversal aos hospitais e centros de saúde do País, pode colocar em causa «a segurança e a qualidade» do Serviço Nacional de Saúde.

«A qualidade e segurança dos cuidados, em muitos serviços, é questionável. Isto deve-se às medidas do Governo e as pessoas têm de ter consciência disto. Devem denunciar, organizar-se para protestar e se manifestar», defendeu o presidente do SEP José Carlos Martins, numa conferência de imprensa convocada por aquele sindicato, que decorreu em Faro. Mesmo assim, salientou, o Serviço Nacional de Saúde «ainda garante níveis elevados de resposta às pessoas».

O encontro com a comunicação social visou dar conta de um levantamento sobre as necessidades atuais do Centro Hospitalar do Algarve, que se baseou em relatórios oficiais do Governo. A carência de enfermeiros nos três hospitais algarvios, apesar de estar longe de ser única, «está no topo» das mais graves, a nível nacional.

A falta de enfermeiros na região e no país determina que a generalidade dos serviços esteja subdotado de enfermeiros, o que leva a grande pressão sobre os profissionais, que nem sempre chegam para todas as encomendas. Isto leva ao «aumento de risco de infeções hospitalares e de erros», devido às horas extra de trabalho, aliadas a mais obrigações.

«Por termos poucos enfermeiros por turno, voltámos à década de 80 e temos serviços com só um enfermeiro. (…) Temos blocos operatórios que, em vez dos três enfermeiros que a lei e as boas práticas determinam, funcionam apenas com dois», ilustrou José Carlos Martins, que está no Algarve no âmbito da campanha «O nosso trabalho é um direito seu, exija mais enfermeiros».

Esta realidade está a provocar, segundo o sindicato, «uma onda de descontentamento e desmotivação nos profissionais e que tem levado à saída para o privado, para o estrangeiro ou até mesmo ao abandono da profissão».

Na calha, estará a contratação de 45 novos enfermeiros para as unidades de saúde públicas algarvias, números que  o dirigente regional do SEP Nuno Manjua considera insuficientes e que servirão «em grande parte, para compensar as saídas».

Os sindicalistas exigem que a situação seja corrigida e contratados mais enfermeiros, em número suficiente, até porque dizem ser «uma contradição» haver «tantos enfermeiros no desemprego ou a emigrar», quando as necessidades do país são tão elevadas.

Segundo o SEP, em todos os serviços públicos de saúde do país, incluindo os cuidados continuados, paliativos e domiciliários, a falta de enfermeiros atinge «os 25 ou 26 mil».

O SEP já se reuniu com a nova Administração Regional de Saúde do Algarve, que informou que estaria a fazer «um levantamento das necessidades», segundo Nuno Manjua. «O problema é que cada administração, quando entra, diz que vai fazer um levantamento, mas nunca se chega aos concursos para suprimir as necessidades», lamentou.

Além da carência de recursos humanos, os enfermeiros denunciaram faltas de material recorrentes e garantem que já tem sido pedido às famílias que o providenciem.

Em causa estão «fraldas, agulhas, seringas, pensos e adesivos», entre outro material que é usado diariamente. «Na última ronda que fizemos nos hospitais, esta semana, a situação tinha melhorado um pouco, mas tem vindo a acontecer», garantiu Nuno Manjua.

 

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