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Nem a chuva, nem a ondulação de cerca de dois metros fizeram João Pinto desistir da sua travessia do Algarve a bordo de uma embarcação à vela adaptada, este fim-de-semana de Páscoa, entre os dias 17 e 20 de abril, para promover a prática da vela adaptada para pessoas com deficiência.

As difíceis condições meteorológicas obrigaram, porém, o velejador a terminar em Tavira, em vez de continuar até Vila Real de Santo António.

Uma travessia à vela do Algarve, de Lagos até ao Guadiana, numa pequena embarcação individual, já é difícil em condições normais, mas torna-se numa verdadeira aventura quando se está a falar de João Pinto, um jovem velejador de 31 anos, paraplégico com lesão medular desde há dois anos, na sequência de um acidente de moto.

No último dia desta aventura, a previsão de mau tempo – com aviso Amarelo e depois Laranja da meteorologia – fazia prever uma jornada difícil. E as coisas revelaram-se complicadas logo desde o início, já que sair de Faro pela barra não é pêra doce. «Foi uma partida difícil, não só pela localização – é sempre bastante complicado sair de Faro – mas, acima de tudo, pelas condições meteorológicas que o João encontrou neste Domingo de Páscoa», explicou depois a organização do projeto Vela Solidária.

Como a «segurança do João» estava em primeiro lugar, a aventura teve mesmo de terminar umas milhas antes do previsto, em Tavira.

«Foi um dia difícil, com pouco vento da parte da tarde, muita chuva e ondulação de cerca de dois metros – condições extremas para um Access 2.3!», acrescenta a organização.

«Como nos disseram, “o bom senso faz parte do carácter dos grandes vencedores”! Tudo terminou bem e o João, apesar das condições extremas, continua com boa disposição e pronto para outra aventura».

O objetivo da Vela Adaptada é «promover a prática da vela entre pessoas portadoras de deficiência, criando condições materiais e humanas ao acesso e integração social dos seus praticantes, com relevo especial à formação de todos os interessados e seus acompanhantes».

Em comparação com a vela tradicional, «os barcos de vela adaptada têm de ser mais seguros e não podem virar». A prática da modalidade «exige um menor esforço físico, mas em termos teóricos, técnicos e táticos é muito semelhante à vela tradicional».

A vela torna-se então «uma oportunidade privilegiada de obter (ou manter) uma relação os desportos aquáticos e o mar.

 As dificuldades existem evidentemente, mas o voluntarismo e a vontade tudo ultrapassam».

João Pinto, velejador desde a infância, já tinha os conhecimentos técnicos, precisando apenas de se adaptar às suas novas condições e às da embarcação, depois do acidente que há dois anos lhe provocou a lesão medular e o deixou paraplégico.

No âmbito do Projeto Vela Solidária e na sequência do início da atividade da  Escola de Vela Adaptada, em 2013 – tendo como objetivo proporcionar a participação em regatas inseridas nos quadros competitivos nacionais e internacionais, João Pinto aceitou o desafio e lançou-se na aventura.

«Considero que nasci para o desporto, é por isto que gosto de viver. Este é um desafio que quero concretizar para sensibilizar e promover a vela adaptada a pessoas com deficiências», disse o jovem velejador, na apresentação desta aventura, na quinta-feira passada, em Lagos.

«Deem-me oportunidades que eu não vou desiludir», concluiu. E foi com esta enorme força de vontade, e com o apoio, dos responsáveis pela Vela Solidária e de muitos outros velejadores, que o desportista conseguiu concluir esta sua travessia, inédita no Algarve.

sulinformacao

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