Cerca de 75% das mulheres portuguesas reconhece que o desconhecimento geral sobre a doença e os escassos progressos dos tratamentos têm contribuído para a elevada taxa de mortalidade por cancro do ovário.
Esta é a principal conclusão de um estudo inédito promovido pela Liga Portuguesa Contra o Cancro (LPCC), apresentado no âmbito do Dia Mundial do Cancro do Ovário, que hoje, dia 8 de Maio, se assinala.
O inquérito, realizado a mais de 40 mil mulheres, revela que 61% das inquiridas considera que o cancro da mama é o mais preocupante e apenas 1% se preocupa com o cancro do ovário.
O estudo revela também que 96% das inquiridas considera que a dificuldade de diagnóstico do cancro do ovário se prende com a falta de especificidade dos sintomas. Mesmo assim, e admitindo que os sinais e sintomas podem ser vagos e silenciosos, cerca de 1 em cada 4 mulheres falha a consulta anual de ginecologista e 74% admite que não está atenta aos sintomas.
Questionadas em relação às principais causas, 46% das mulheres admite que as causas de aparecimento e desenvolvimento do cancro do ovário não são claras e 37% acredita que poderá estar relacionado com o HPV (Papiloma Vírus Humano).
Quanto aos sintomas associados à doença, 52% consegue reconhecê-los apesar de estes serem pouco específicos. Pressão ou dor abdominal, abdómen inchado, sensação de enfartamento, perda de apetite ou prisão de ventre são os sintomas que podem conduzir ao diagnóstico da patologia.
Os resultados do estudo demonstram ainda que apenas 3% das inquiridas reconhece que o risco de aparecimento desta doença é mais elevado a partir dos 60 anos.
Já 60% acredita que, geralmente, o cancro do ovário não tem prognóstico positivo, uma vez que a maior parte das mulheres diagnosticadas apresenta já um estadio avançado.
Deolinda Pereira, oncologista e especialista no tratamento do cancro do ovário, considera que “este questionário demonstra que, apesar de haver ainda algum desconhecimento sobre a patologia, as mulheres portuguesas têm consciência que é a falta de informação e os escassos progressos no tratamento que contribuem para a alta taxa de mortalidade deste tumor. É preciso lembrar que só a vigilância regular da saúde da mulher e um diagnóstico precoce nos permitirão agir atempadamente e tratar com sucesso este tipo de cancro”.
O cancro do ovário é a sétima causa de morte mais frequente no sexo feminino e a sua incidência está a aumentar nos países desenvolvidos. Para sensibilizar a população portuguesa e o poder legislativo para esta causa, a LPCC vai promover uma campanha informativa na sua página oficial de Facebook e uma reunião com deputadas e deputados da Comissão Parlamentar de Saúde, agendada para o dia 8 de Maio.