O escritor angolano Pepetela aceitou a função de facilitador para a reativação da geminação de Loulé com a cidade de Benguela, ou seja, ser um embaixador de boa vontade para os propósitos de estreita cooperação e colaboração, em todos os domínios, com Angola, para já a partir de Benguela onde o escritor nasceu.
A proposta foi-lhe apresentada publicamente pelo presidente da Comissão Concelhia para as Comemorações do 25 de Abril em Loulé, como inscrita num quadro de cidadania, no termo da sessão que decorreu com o escritor angolano, no Auditório da Biblioteca Sophia (dia 8 de maio) e de imediato Pepetela aceitou tudo que ao seu alcance for possível para promover a reaproximação.
Seguiram-se os aplausos dos que enchiam completamente o auditório. Agora, há que arregaçar as mangas, avaliar os meios, traçar as finalidades e encetar o intercâmbio.
«Benguela é um pequeno passo para Loulé, Angola posse ser um grande passo para o Algarve», salienta o presidente da Comissão.
«Para já, a estatura moral e intelectual de Pepetela garante que temos “embaixador”, a que podemos tirar as aspas- Pepetela é Doutor honoris causa pela Universidade do Algarve, e uma geminação é uma causa de honra desde que, num quadro de cidadania, não se converta em verbo de encher ou não fique por aí», acrescenta.
Loulé tem atualmente registados nove acordos de geminações, na generalidade por completar ou mesmo com processos interrompidos há anos. É propósito da Comissão Concelhia, em consonância com o presidente da Câmara, reativar procedimentos e boas vontades recíprocas, contribuindo para o aprofundamento das geminações num quadro de cidadania. «Para Angola, melhor embaixador não há para acreditar, que Pepetela».
Data de 2006, o início do processo da geminação de Loulé com Benguela, que vive sobretudo da agricultura. Pelos justificativos iniciais, a geminação assenta em vertentes fundamentais para o desenvolvimento dos dois territórios.
Desenvolve-se através de programas de intercâmbio cultural, social, educativo, informativo, turístico e económico, para difusão recíproca da cultura dos dois povos e cooperação em programas de desenvolvimento a nível dos municípios.
Ainda segundo a doutrina inicial, a economia é um dos principais vetores desta geminação.
Através das respetivas instituições, propõe-se um programa de atividade e iniciativas económicas convenientes aos interesses comuns, designadamente a divulgação de produtos de ambas as regiões, como o artesanato, a produção e troca de informação de natureza económica nos domínios da agricultura, pecuária, comércio e indústria, o intercâmbio no domínio da formação profissional e o fomento de condições privilegiadas de alojamento, restauração e estruturas de lazer.
Ainda em 2006, pretendia-se também implementar programas específicos das Administrações Municipais, com apoio técnico e logístico, nomeadamente através da formação de técnicos municipais em várias áreas (administração pública, recursos humanos, arquivos, secretariado), saneamento básico, gestão e tratamento de resíduos sólidos e ainda no domínio da drenagem de esgotos.
Em 2006, dizia-se mais, que esta geminação iria privilegiar atividades relacionadas com a população estudantil, promovendo-se intercâmbios de jovens durante o ano letivo mas também em férias.
Mais ainda, que com o intuito de promover e apoiar em atividades suscetíveis de fomentar a vida nos respetivos municípios, este acordo passa também pelos intercâmbios de conferências, publicações culturais e informativas e exposições de pinturas, fotografias e outras consideradas de interesse e divulgação dos valores do património construído, museologia e criação de condições privilegiadas para visitas a Museus.
«Passaram oito anos, até este 2014, muita água correu debaixo das pontes, mas pouco ou nada foi feito, mas não adianta nada chorar sobre o leite derramado. Vamos tentar pequenos passos, mas cada um. decisivo passo. A vinda de Pepetela a Loulé, foi um grande passo».