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Aljezur, a par do vizinho concelho de Vila do Bispo, tem visto o mercado do surf crescer nos últimos anos, com a abertura de escolas, lojas, hostels e outros serviços de apoio. Os surfistas procuram a Costa Vicentina ao longo de todo o ano, e vêm de outras paragens de Portugal, da vizinha Espanha, do resto da Europa e até dos Estados Unidos. É um negócio que já movimenta muita gente e muito dinheiro, mas sobre o qual quase tudo se desconhece.

Por isso mesmo, o presidente da Câmara de Aljezur aproveitou, na semana passada, a visita do reitor António Branco ao seu concelho, para pedir que a Universidade do Algarve «estude o produto surf no nosso concelho».

«O surf afirmou-se, é uma realidade muito forte na economia de Aljezur, mas há ameaças, há problemas, há oportunidades que não estão devidamente estudadas e avaliadas», disse o autarca José Amarelinho, numa paragem da comitiva reitoral junto à praia de Odeceixe.

Junto ao mar, a debater a estratégia para o estudo sobre o surf

A importância do surf no concelho é tal que recentemente a empresa transportadora Transol lançou o «autocarro do surf», que liga Portimão à Praia do Amado, passando por Lagos e outros pontos, de modo a trazer mais turistas, em especial famílias, para aquela que é a meca da modalidade na Costa Vicentina.

O edil de Aljezur explicou que um «estudo aprofundado» sobre o surf e tudo o que gira à volta dele servirá para «perceber este importante mercado», mas, sobretudo, «para podermos ser mais assertivos na nossa estratégia para o surf».

«Precisamos de um estudo técnico feito por quem sabe», acrescentou José Amarelinho, garantindo que, a Câmara de Aljezur «disponibilizará o que for necessário» aos investigadores da Universidade do Algarve para que o trabalho possa avançar.

O autarca salientou que, devido ao seu rápido crescimento e à falta de regras, o surf já está a causar alguns problemas. «Como em todas as questões ligadas ao litoral, há muitas entidades diferentes que superintendem o surf, em especial aqui, que ainda temos o ICNF e o Parque Natural. Depois há também interesses antagónicos, por exemplo entre surfistas e banhistas, no que diz respeito à colocação dos corredores para o surf nas praias. Há os surf camps que têm aparecido como cogumelos. Não é fácil mediar todo este conjunto de interesses», disse.

Mas o nicho do surf, garante o presidente José Amarelinho, «está cá o ano todo e já gera muito dinheiro». Se estivesse mais bem estruturado, acrescenta, talvez gerasse ainda mais, porque há «oportunidades» a explorar. «Precisamos, por isso, de um documento de fundo, um estudo, que nos indique as ameaças, os problemas, as oportunidades, quantas e que empresas estão ligadas a este mercado, que estruturas são ainda necessárias, e, sobretudo, quanto vale este mercado».

E a Câmara de Aljezur precisa desse documento para quê? «Para fundamentar as nossas posições e para esgrimir argumentos, baseados em dados concretos, por exemplo quando temos reuniões com o Turismo de Portugal», explicou José Gonçalves, vice-presidente da Câmara.

Por isso, o presidente daquele município da Costa Vicentina manifestou o interesse em «estabelecer um protocolo com a Universidade, a expensas da autarquia. Vocês oferecem os cérebros, nós oferecemos o resto – podemos receber aqui os investigadores e os alunos, promover jornadas de trabalho, o que for necessário. Precisamos é da vossa massa cinzenta!».

O reitor António Branco e o pró-reitor Paulo Águas mostraram-se agradados com a proposta e anunciaram que será dado seguimento ao pedido, procurando na Universidade investigadores interessados em contribuir para esse estudo do impacto do surf.

Na visita anterior, uma semana antes, ao concelho de Vila do Bispo, a Universidade do Algarve tinha sido desafiada, por uma empresária marítimo-turística de Sagres, a estudar o mercado da observação de cetáceos, que tem igualmente registado um grande crescimento na região. E também aí o reitor assumiu o compromisso de procurar entre os investigadores da UAlg quem queira assumir este estudo.

 

 

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