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Para já, foram caiadas casas de apenas duas ruas. No futuro, pretende-se caiar edifícios de toda a zona histórica cidade de Faro. O «Projeto Cal», uma iniciativa da empresa municipal farense Ambifaro, em parceria com o Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP), teve o seu momento «zero» na passada terça-feira, mas irá continuar e tentará chegar onde a degradação urbana existir, na capital algarvia, para lavar a cara à zona mais antiga da cidade.

Investindo pouco dinheiro, a empresa municipal farense deu um outro aspeto às ruas do Compromisso e do Prior (mais conhecida por rua do Crime), na zona de animação noturna de Faro. A cal utilizada «custou 16 euros» e permitiu pintar «uma área de 200 metros quadrados», ou seja, a fachada de diversos edifícios devolutos e, em alguns casos, em avançado estado de degradação, segundo declarou ao Sul Informação o presidente da Ambifaro Bruno Lage.

«As paredes, em muitos casos, estavam a esfarelar-se e absorveram muita cal. Mas, pelo que pudemos ver, até se aguentam melhor, depois de caiadas», descreveu.

Este projeto de caiação de casas devolutas surgiu a partir de uma conversa entre o responsável pela Ambifaro e Fernando Silva Grade, artista farense que é um dos grandes defensores do uso deste material tradicional nas casas mais antigas.

«Tivemos a conversa em novembro, mas na altura o clima não era o ideal. Entretanto, contactei o IEFP, que, ao princípio, disse que não conseguia ajudar, mas depois lembrou-se que tinha um curso de reabilitação urbana a decorrer, com um módulo de pintura», contou.

Foram 14 alunos deste curso que estiveram no terreno, ao longo de um dia, a pintar. Uma aula prática com utilidade pública, que até «ficaram satisfeitos» pela oportunidade de ter uma experiência real de pintura de uma habitação. «Normalmente, nas aulas práticas, são usados painéis, para simular uma parede», explicou.

E, como nos ensina a história de Tom Sawyer, a personagem dos livros infantis do norte-americano Mark Twain, nisto de pintar, é fácil encontrar quem esteja interessado em pegar no pincel. «Desde que fizemos a iniciativa, temos recebido muitos contactos de pessoas a voluntariar-se para caiar», revelou.

Esta iniciativa experimental também serviu para perceber exatamente o que é necessário para levar avante uma empreitada deste género. «Nunca imaginei a logística que era necessária para caiar uma casa. Desde a muita água que é precisa, aos pincéis, passando pelas extensões e pelas lonas para colocar no chão», disse Bruno Lage. Isto não significa que a obra se torne cara, pois tanto a cal como os pincéis utilizados são «acessíveis a qualquer bolsa», principalmente quando comparados com tintas plásticas e os acessórios usados para a aplicar.

«No futuro, queremos fazer iniciativas com mais dias, mais casas e com mais qualidade. Eventualmente, até se poderão fazer alguns rebocos», anunciou. Ainda assim, esta é apenas uma intervenção de cosmética, já que as casas são particulares e, em alguns casos, de donos ausentes.

«Há proprietários que estão na Austrália, em Singapura, na China e em Lisboa. Outros já não querem saber das casas. Nós temos de pedir autorização para caiar, porque as casas não são nossas», ilustrou.

Nova iniciativa só deverá acontecer «daqui a um ano», já que a Primavera é a altura ideal para levar a cabo este tipo de pintura. «Mas, se o clima ajudar, talvez seja possível avançar já em setembro», acrescentou Bruno Lage.

 

 

sulinformacao

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