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A Comissão Nacional Portuguesa do Conselho Internacional de Museus (ICOM Portugal) manifestou hoje, em comunicado, a «sua profunda apreensão sobre o futuro e o destino final» do espólio do Museu da Cortiça, comprado em leilão pública na sexta-feira pelo Grupo Nogueira.

A preocupação do ICOM Portugal estende-se ao edifício da Fábrica do Inglês, que alberga, numa das suas alas, aquele museu. A Fábrica do Inglês foi, no mesmo dia, arrematada pela Caixa Geral de Depósitos, maior credora da empresa Fábrica do Inglês Gestão de Empresas Imobiliárias e Turísticas SA, no âmbito de cuja insolvência decorreu o leilão público.

O ICOM Portugal considera que, após estas vendas em leilão, se está «perante situações ainda não totalmente clarificadas e às quais se exige uma resposta».

Este organismo ficou especialmente preocupado com a «separação entre o espaço físico» do Museu da Cortiça, integrado no lote global do edifício da Fábrica do Inglês, licitado pela CGD e classificado como de interesse municipal, e a «sua coleção industrial», integrada num lote autónomo e licitado pelo Grupo Nogueira.

Por isso, sublinha ser «importante esclarecer, junto de várias entidades públicas (Município de Silves, Direção Regional de Cultura do Algarve e Direção Geral do Património Cultural) e privadas (Grupo Nogueira e CGD), as implicações desta nova situação sobre o Museu».

O ICOM Portugal salienta também ser «necessário saber, perante as intenções já manifestadas pelo atual proprietário da coleção (Grupo Nogueira), em assegurar a manutenção do Museu da Cortiça, qual será a forma como o pretende fazer, de modo a garantir as condições mínimas de gestão, de programação e de cumprimento das funções museológicas exigidas para a credibilidade e afirmação ética e deontológica enquanto Museu, representativo da forte comunidade corticeira local e reconhecido com o prestigiante prémio “Luigi Micheletti”, atribuído no contexto museológico industrial europeu».

Invocando os seus «princípios na defesa e valorização dos museus portugueses e dos seus profissionais», o ICOM Portugal salienta o seu «empenho neste caso» e acrescenta que deseja «contribuir para que seja encontrada a melhor solução para o Museu da Cortiça de Silves, entre todas as entidades envolvidas». E defende também que tal solução «se venha a constituir como um bom exemplo para a museologia portuguesa».

Tal como já tinha acontecido com a direção anterior do ICOM Portugal, eleita em 2010, a nova direção, eleita já este ano, afirma que se manterá «atenta ao evoluir da situação».

Uma atenção que, desta vez, será ainda mais próxima, já que esta direção daquela entidade integra pela primeira vez dois algarvios: Dália Paulo, ex-diretora regional de Cultura e atual diretora do Museu Municipal de Loulé, e José Gameiro, diretor científico do Museu de Portimão e membro do júri internacional EMYA/Museu do Conselho da Europa.

 

 

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