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O Algarve não vai contar com tantos turistas russos como se chegou a antecipar, devido ao cancelamento de um acordo que seria celebrado entre o Turismo de Portugal e a operadora TUI Rússia, que previa a colocação no Algarve de cerca de dez mil turistas/ano, provenientes daquele mercado, nos próximos três anos.

Uma má notícia, na visão da Região de Turismo do Algarve (RTA), mas que é vista com alguma naturalidade pelos hoteleiros, já que não é a primeira vez que não se concretizam negócios apalavrados com operadores russos.

Ainda assim, nem tudo se gorou, a Leste, já que a operadora Natalie Tours mantém a operação que anunciou em fevereiro deste ano, no 1º congresso em Portugal daquele operador turístico, que é líder no mercado russo, que decorreu no hotel Pestana Vila Sol, perto de Vilamoura e juntou 270 agentes de viagens russos.

Quanto às razões para o cancelamento, há versões diferentes, embora pareça certo que a iniciativa partiu da parte da TUI Rússia. O presidente da RTA Desidério Silva, em declarações ao Sul Informação, aponta a tensão existente entre a Rússia e a Ucrânia como o fator principal para que o acordo entre o Turismo de Portugal e a operadora russa, já alinhavado, tenha sido cancelado.

Para o ano, dependendo da evolução da situação política na Rússia, «haverá nova tentativa de acordo», que poderá envolver um incentivo da parte do Turismo de Portugal, por cada turista que a operadora trouxer ao nosso país. «Também houve alterações na direção da TUI Rússia, que complicaram a situação», adiantou Desidério Silva.

Já a operação da Natalie Tours, que anunciou que iria trazer 15 mil turistas, em 2014, para o Algarve, não terá «tantos voos (charter) como estava previsto», mas manter-se-á.

Elidérico Viegas, presidente da Associação dos Hotéis e Empreendimentos Turísticos do Algarve (AHETA), disse, por seu lado, que a TUI Rússia tomou a decisão «antes da crise da Ucrânia», provavelmente porque «não houve o interesse desejado» por parte dos seus clientes.

«O impacto não será por aí além, já que o mercado russo ainda não tem grande expressão. Mas foram criadas grandes expectativas, que não se concretizaram», ilustrou. Elidérico Viegas lembrou que «o mercado russo sempre foi visto como tendo um grande potencial, mas nunca se afirmou para o Algarve», adiantando que este tipo de situação se tem repetido «nos últimos anos, independentemente das boas vontades».

Há muitos russos que parecem pouco interessados em vir para o Algarve, mas os que vêm, gastam mais dinheiro que a média e até se mostram «satisfeitos com a experiência».

Para o presidente da AHETA, um dos fatores que contribuem para este aparente desinteresse é a «dificuldade na atribuição de vistos para Portugal» para cidadãos russos. «É muito complicado para um russo conseguir um visto para Portugal, apesar de ser muito fácil, para outros países», disse.

Um problema que o presidente do Turismo de Portugal João Cotrim de Figueiredo anunciou, em fevereiro, estar «em vias de resolução», já que existiria um recente protocolo com o Ministério dos Negócios Estrangeiros, que previa o reforço «a partir de maio, do pessoal da embaixada e consulados encarregue dos vistos».

O objetivo, sublinhou, era «podermos assegurar um tempo de emissão competitivo, entre as 48 e as 72 horas». Elidérico Viegas, por seu lado, disse que este é um problema que «sucessivos Governos prometeram resolver, mas que nunca ninguém conseguiu aligeirar».

Os russos já não vêm em tão grande número, nomeadamente os 25 mil turistas que foram perspetivados, mas há quem compense.

«Globalmente, há companhias que reforçaram os voos, nomeadamente provenientes da Alemanha e da França», pelo que se espera um aumento destes mercados. «Acreditamos que podemos chegar ao final do ano com melhor desempenho que no ano passado», considerou Desidério Silva, presidente da RTA.

sulinformacao

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