O património oral do Algarve vai ser dado a conhecer em Portimão, na primeira edição do FOrA – Festival da Oralidade do Algarve, que decorre de quinta-feira até sábado, em diversos espaços da cidade.
Entre o Jardim 1º de Dezembro, a Casa Manuel Teixeira Gomes e o TEMPO – Teatro Municipal de Portimão, o FOrA convida o público a desfrutar de performances, oficinas, bailes, tertúlias, animação musical, entre outros, «aprendendo saberes que sobreviveram até aos dias de hoje e que foram comunicados oralmente de geração em geração», segundo a Câmara de Portimão, que apoia o evento, organizado pela Teia d’Impulsos, em parceria com diversas associações locais.
O FOrA começa na noite de quinta-feira na Casa Manuel Teixeira Gomes, a partir das 21 horas, com uma introdução ao que é o património oral do Algarve, a que se segue a exibição do documentário «Quem Manda Aqui Sou Eu» de Tiago Pereira, realizado no âmbito do projeto «A Música Portuguesa A Gostar Dela Própria».
Neste primeiro episódio da série «O Povo que ainda canta», a música popular algarvia tem lugar de destaque, transmitindo os seus sons e as suas vozes através dos tocadores de acordeão, dos mandos, dos trava-línguas, dos bailes, num périplo que conjuga passado e presente, dos ranchos ao folk, do hip hop à música experimental.
À exibição do documentário, seguir-se-á um espaço de conversa subordinado ao tema «Património Oral. Salvaguardando o efémero», onde se procurarão respostas para questões como o que é o património oral, quais as suas expressões, como preservar algo tão perecível e mutável, ou o que se tem feito no Algarve em prol da sua salvaguarda.
Estes e outros temas serão abordados por uma mesa de convidados, entre os quais se encontrarão José Ruivinho Brazão (APEOralidade), Margarida Tengarrinha (investigadora), Paulo Pires (programador cultural) e Sofia Matias (A Música Portuguesa a Gostar Dela Própria).
O segundo dia do FOrA começa às 18 horas, na Casa Manuel Teixeira Gomes, com uma Oficina de Cestaria, em que Isabel Luísa do Carmo, Diamantina dos Santos e Celeste Faustino irão ensinar os primeiros passos na técnica da cestaria, um saber que há séculos passa de boca em boca, de mão em mão. A partir das 19 horas será tempo de escutar Histórias do Mar, na voz do senhor João Pedro, de Alvor.
No mesmo local, às 21h30, decorre um encontro em que Fernando Reis Luís falará sobre Poesia Popular, «tanto mais que o Algarve, de António Aleixo a João de Deus, é região de poetas que, na palavra escrita, perpetuaram tradições, dizeres e costumes que circulavam na voz dos mais antigos».
A noite desta sexta-feira, 27 de junho, termina com o «Baile FOrA», no Jardim 1º de Dezembro que contará com a atuação do acordeonista Marcelo Rio.
O programa para sábado começará com um diálogo entre gerações, agendado para as 16 horas, na Black Box do TEMPO, com lengalengas e trava-línguas na voz de dois elementos do grupo «Moças Nagragadas».
Esta sessão é especialmente destinada a crianças entre os 8 e os 12 anos de idade e respetivos pais, que serão conduzidos à descoberta das chamadas linquitinas, por intermédio de duas informantes desta formação de Paderne.
«A ideia é que o público mais jovem seja seduzido pelas lengalengas, se envolva em exercícios de ortofonia com trava-línguas e reaja às quadrinhas “non sense”, despertando assim para o interesse pela língua materna, enquanto espaço singular e apetecível de intervenção lúdica e livre criatividade», segundo a autarquia.
As “Moças” darão lugar aos meninos e a Escola de Folclore do Rancho Folclórico de São Bartolomeu de Messines chegará ao Jardim 1º de Dezembro, pelas 17 horas, para ensinar Danças e Brincadeiras de Antigamente.
Ainda na tarde deste 28 de junho, a partir das 17h30 e no mesmo espaço, o TIPO – Teatro Infantil de Portimão promove uma Oficina de Jogos Tradicionais, na qual as crianças serão convidadas a participar ativamente, aprendendo novas formas de brincar e valorizando os conhecimentos adquiridos ao longo da vida pelas gerações anteriores.
Às 18h30, as “Nagragadas” dona Leonor e dona Almerinda regressam à Black Box do TEMPO para recordar como era o namoro à antiga, na sessão «A mulher e a expressão dos afetos no Cancioneiro Popular», que é «um convite à descoberta da afirmação juvenil dos afetos, da intervenção da família, da vigilância da sociedade e de toda a vivência afetiva presente na poesia anónima do cancioneiro popular». Segue-se a atuação d’ «Os Barlaventinos», com os seus cantares tradicionais, no Jardim 1º de Dezembro, a partir das 19h30.
À noite, o Grupo de Teatro do Centro de Convívio da Aldeia das Sobreiras apresenta a peça «Marafedisses», dirigida por João Bota, às 21h00, na Casa Manuel Teixeira Gomes.
«O sotaque e as expressões típicas do Algarve serão aqui representadas em quadros humorísticos que não deixarão ninguém indiferente: Do rir ao contar histórias. Ana Machado evocará as lendas do Al-Gharb, entre mouras encantadas, cavaleiros valentes e sítios mágicos», descreve a Câmara de Portimão.
Mais tarde, haverá uma «Oficina de Danças Tradicionais», dinamizada por um grupo de dançarinas de Alvor, que a partir das 22h30 ensinarão no Jardim 1º de Dezembro os bailes de roda, já a pensar em novo «Baile FOrA», com a atuação do acordeonista Pedro Silva, que fechará o program do festival.
Todos os eventos são de entrada gratuita, mas a participação nasoficinas de cestaria e de danças tradicionais terá de ser feita até 26 de junho. Os interessados devem enviar um email com nome e contacto (telefone e/ou email) para os emails teiadimpulsos@gmail.com ou alvorecer.alvor@gmail.com.
O FOrA é uma iniciativa da associação Teia D’Impulsos, com a parceria das associações ALVORecer, TIPO – Teatro Infantil de Portimão, APEOralidade – Associação de Pesquisa e Estudo da Oralidade e do projeto A Música Portuguesa a Gostar Dela Própria, e com os apoios da Câmara Municipal de Portimão, Junta de Freguesia de Portimão, Go Portimão, Rádio Costa D’Oiro e Pedras Salgadas.