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Portugal Porta a PortaÉ sempre melhor combinar uma “boleia” do que estar à espera do autocarro da carreira, principalmente quando, em ambos os casos, se trata de serviços públicos.

O governo esteve no Algarve a promover o projeto «Portugal Porta a Porta», uma solução de transporte a pedido que visa melhorar a mobilidade dos que vivem em zonas de baixa densidade e conseguiu entusiasmar alguns dos autarcas algarvios presentes, que se disponibilizaram para implantar o sistema.

O conceito já vem sendo testado na zona do Médio Tejo, com sucesso. Além da melhoria substancial da mobilidade daqueles que habitam em zonas isoladas, onde dificilmente chegam transportes coletivos, o transporte a pedido tem merecido a aprovação dos clientes e permite gastar «10 a 15 vezes menos dinheiro» do que uma solução em transporte regular, que servisse os mesmos territórios.

O Porta a Porta surge como a solução complementar e alternativa ao transporte regular, neste caso, rodoviário. «Isto significa que rotas que não sejam economicamente viáveis, do ponto de vista regular, vão passar a possíveis. Desta forma, as rotas só se realizam se houver pedidos de pessoas», explicou o secretário de Estado dos Transportes Sérgio Monteiro, à margem da apresentação deste projeto, em Faro, na passada semana.

Uma ideia que deixou o presidente da Câmara de Aljezur José Amarelinho visivelmente entusiasmado. O autarca socialista é conhecido por não esconder o que lhe vai na alma, quando acha que há algo a criticar, traço da personalidade que se estende aos elogios, quando considera que se justificam.

«Não tenho qualquer problema em dizer que estou entusiasmado com este projeto. Isto é mais do que um serviço público, é ação social! Aljezur, e creio que outras Câmaras do Algarve, vai agarrar esta ideia com unhas e dentes. Isto irá resolver parte dos nossos problemas de mobilidade, pelo que a secretaria de Estado está de parabéns», considerou.

Esta componente social do Porta a Porta ficou bem patente na experiência piloto de transporte a pedido que a Comunidade Intermunicipal (CIM) do Médio Tejo está a promover desde 2013.

Médio Tejo: Transporte a pedido custava 4 mil euros por mês, em Mação. Com alargamento a mais dois concelhos, custos baixaram para mil euros mensais por município.

«Transportamos muitos idosos que precisam de ir ao Centro de Saúde, mas também outros que não têm dinheiro para um táxi, mas que aproveitam o serviço para ir visitar os amigos ao Centro de Dia», revelou Miguel Pombeiro, da CIM ribatejana.

O projeto piloto de transporte a pedido foi lançado em 2013, nesta rede de 13 municípios maioritariamente situados no Distrito de Santarém. A CIM do Médio Tejo tem 247 mil habitantes, mas há uma concentração significativa de cidadãos em algumas cidades deste território, como Abrantes, Torres Novas, Entroncamento, Ourém ou Tomar.

Depois de lançarem estudos de mobilidade em 2004, a CIM decidiu avançar para este projeto, que inspira o Portugal Porta a Porta. O concelho escolhido para a primeira experiência foi Mação, município «com pouca população, envellhecida, relativamente grande e onde 78 por cento da população vive em comunidades com menos de 500 pessoas».

Hoje, todos os habitantes de Mação são abrangidos por este serviço, bastando-lhes avisar até às 15 horas do dia anterior que precisam de transporte, neste caso, para a capital do concelho.

Ao nível de preços, é cobrado um valor uma vez e meia superior ao que seria cobrado numa ligação regular. No Médio Tejo, os preços variam «entre os 1,6 euros e os 5,10 euros».

Até agora, o projeto tem recorrido, essencialmente, a meios das autarquias, empresas transportadoras e a táxis, mas está ser levado a cabo um levantamento de toda a oferta disponível, incluindo de associações e bombeiros, entre outras, para otimizar o serviço e reduzir os custos ainda mais.

O reduzir «ainda mais», justifica-se plenamente, neste caso, já que os custos de 4 mil euros mensais da experiência em Mação depressa desceram para perto de mil por mês, por município, quando o sistema foi alargado a Abrantes e Sardoal, há poucos meses. «Acreditamos que ainda é possível poupar mais», disse Miguel Pombeiro.

 

Autarcas criticam falta de coordenação da rede de transportes

Sérgio MonteiroO conceito do Porta a Porta mereceu elogios dos autarcas, mas também houve muitas críticas, neste caso, em relação à falta de organização e articulação da rede de transportes públicos no Algarve, nomeadamente os interurbanos. Muitos responsáveis por entidades presentes consideraram mesmo que «não existe» uma verdadeira rede de transportes públicos, na região.

«As preocupações dos autarcas julgo que são legítimas, já que foram muitos anos em que a realidade foi essa. Mas, com a alteração que estamos a promover na lei, estamos também a promover uma alteração na responsabilidade», anunciou Sérgio Monteiro.

«Hoje em dia existe alguma desorganização, porque as decisões são tomadas a nível central, por organismos que não conhecem a realidade no terreno. A transferência de competências para os municípios, julgo que resolverá parte do problema. Não mais existirá desarticulação entre o transporte ferroviário e o rodoviário, seja o regular, seja o a pedido, porque essa será uma competência das Câmaras», acredita o membro do Governo.

A nova Lei de Base dos Transportes e Mobilidade está atualmente em consulta pública e deverá ser colocada à votação na Assembleia da República ainda este ano.

 

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