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Representantes sindicais dos profissionais de saúde do AlgarveOs profissionais de saúde do Algarve vão mesmo partir para a greve e será já no dia 22 de agosto, ou seja, de amanhã a oito dias. Médicos, enfermeiros, administrativos e auxiliares de saúde vão juntar-se em protesto contra a falta de condições nas unidades de saúde do Algarve, concretizando a ameaça feita há cerca de semana e meia e apelam à população da região para que se junte à sua luta.

Numa conferência de imprensa conjunta, promovida hoje, quinta-feira, frente ao Centro de Saúde de Faro, os sindicatos dos Médicos da Zona Sul (SMZS), dos Enfermeiros (SEP), da Função Pública (FP) e a União de Sindicatos do Algarve (Usal) anunciaram que já foi entregue o pré-aviso de greve e que, além da paralisação, será levada a cabo uma Tribuna Pública, frente à sede da Administração Regional de Saúde do Algarve, às 17 horas, onde também marcarão presença autarcas  algarvios e deputados à Assembleia da República eleitos pela região.

A decisão de avançar para uma greve de todas as classes profissionais que coexistem nas unidades de saúde, inédita no Algarve, foi tomada no seguimento de dois plenários de trabalhadores promovidos na passada sexta e esta segunda-feira, nos Hospitais de Faro e Portimão e Lagos, respetivamente. Ao mesmo tempo, «foram sendo sondados os colegas das diferentes unidades de saúde da região».

«O que nos foi dito foi a confirmação daquilo que já vimos denunciando há muito tempo: uma enorme carência de pessoal, falhas de material e novas consequências dessas falhas», descreveu o dirigente do SEP/Algarve Nuno Manjua.

 

Nuno Manjua: “Qualquer dia não temos condições para conseguir prestar aquilo que são os cuidados mais básicos de Saúde”

 

Assim, decidiu-se avançar com duas formas de luta. Desde logo, «a greve a 22 de agosto, de 24 horas, para todos os profissionais de saúde do Algarve». Ao mesmo tempo, os trabalhadores, em plenário, decidiram «declarar este dia como o Dia Regional em Defesa do Serviço Nacional de Saúde do Algarve», que será assinalado com já referida Tribuna Pública.

«Os profissionais quiseram convidar todos a estar presentes. Aliás, esta é já uma iniciativa de todos. Dos profissionais de Saúde, dos utentes, dos autarcas e dos deputados eleitos pelo Algarve, que têm vindo a ser contactados, no sentido de estar presentes, para todos juntos defendermos a saúde do Algarve», disse o sindicalista algarvio.

Ficou igualmente o apelo à população «para que se mobilizem, na defesa da sua saúde, da dos familiares e amigos, porque qualquer dia não temos condições para conseguir prestar aquilo que são os cuidados mais básicos de Saúde». Situação que, garante, está muito próxima.

 

Greve em agosto é «um basta a declarações vazias» dos responsáveis pela Saúde

Rosa Franco e Nuno ManjuaAs ações de luta anunciadas esta quinta-feira são um «basta a declarações vazias dos nossos responsáveis, que assumem que faltam 823 profissionais de saúde no Algarve, dizem que vão abrir vagas significativas para o Algarve». «O que é certo, é que as únicas vagas que abriram foram para médicos, assumindo desde logo que elas iriam ficar por preencher e não são coerentes, porque não abrem concursos para as outras profissões», disse Nuno Manjua.

Mas, como demonstra a abrangência desta greve, os problemas nos serviços de saúde não são apenas ligados aos médicos e os enfermeiros. A falta de pessoal é geral e afeta não só a parte clínica, mas também todos os outros setores das unidades de saúde, pondo em causa ações nem sempre focadas, mas fundamentais, como a higienização de utentes e espaços de tratamento, recolha de lixo, trâmites administrativos e o atendimento em si, entre outras.

«Estamos a falar de falhas a todos os níveis. Temos pessoal que está, constantemente, a fazer escalas de 16 horas nos internamentos e na urgência, por falta de pessoal. (…) Há telefonistas que fazem turnos sozinhas das 16 às 24 horas, sem tempo para sair para fazer as necessidades básicas ou comer, por estarem isoladas na central telefónica» ilustrou a coordenadora do Sindicato da Função Pública no Algarve Rosa Franco.

A escolha do Verão para levar a cabo uma greve, no Algarve, serve, admitem os sindicalistas, para marcar uma posição. «A população do Algarve triplica, no Verão e não foram acauteladas medidas para reforçar os serviços, para poder responder aos residentes e turistas. Estamos aqui à porta do Centro de Saúde de Faro, onde as colegas nos dizem que chegam muitos turistas para fazer tratamentos e elas não conseguem dar resposta», revelou Nuno Manjua.

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