O mosaico restaurado da sala de refeições da villa romana da Abicada é a nova aquisição do Museu de Portimão. A partir de hoje, o mosaico colorido que em tempos cobriu o chão num dos aposentos da casa dos ricos proprietários romanos que há cerca de 2000 anos viveram com a ria de Alvor aos pés, pode ser visto no âmbito da exposição temporária “O mediterrâneo aqui tão perto”.
A casa romana seria bastante faustosa, como se pode ver nas recriações patentes também na exposição. Mas o que resta deste e de outros mosaicos não é muito. «Esta é a primeira possibilidade de ver o que resta do mosaico da sala de refeições. O que não está lá, as lacunas no mosaico, são consequência do tempo, mas também da ação do homem», explicou ao Sul Informação José Gameiro, diretor científico do Museu de Portimão.
«Durante muito tempo, pensou-se que bastava escavar um sítio arqueológico e deixá-lo à vista, ao ar livre», lamenta. Ora, estes mosaicos não foram feitos para estar a descoberto, mas dentro de casa. Umas curtas dezenas de anos a apanhar sol, chuva, mudanças de temperatura e a ser pisado – e roubado… – pelos visitantes, contribuíram mais para a sua destruição que os quase dois mil anos que terá estado enterrado, depois de a casa ser abandonada.
Daí que José Gameiro diga que, «se não tivesse sido retirado da villa, já não haveria nada do mosaico da Abicada».
Este mosaico, feito de milhares de pequenas pedras coloridas – as tecelas – a formar desenhos geométricos, foi recuperado graças a um protocolo entre o Museu de Portimão e a Direção Regional de Cultura do Algarve. O Museu forneceu o espaço – um armazém que serve para guardar reservas e para quarentena, na zona de Coca Maravilhas -, a Direção Regional pagou o trabalho especializado de uma empresa contratada para o efeito.
Outro dos vários mosaicos da villa romana da Abicada, o de um dos seus aposentos (quarto de dormir), está agora também a ser restaurado. Mas o protocolo com a Direção Regional de Cultura, que é a entidade responsável pela Abicada, classificada como monumento nacional, não prevê, para já, mais nenhum restauro.
O ideal, admite o diretor do Museu de Portimão, seria que todos os mosaicos regressassem, um dia, à villa romana, para aí serem apreciados pelos visitantes do monumento, que hoje pouco ou nada tem para ver. Mas isso só pode acontecer quando, na Abicada, for criado um centro interpretativo semelhante ao já existente nos vizinhos monumentos megalíticos de Alcalar. E, sobretudo, quando for construída uma estrutura que proteja as ruínas da casa romana das agressões do tempo.
Tudo isso está nos planos da Direção Regional de Cultura, mas terá de esperar por tempos mais prósperos.
A inclusão do mosaico restaurado na exposição temporária “O mediterrâneo aqui tão perto”, patente no Museu de Portimão, integra-se nas comemorações das Jornadas Europeias do Património, que começam esta sexta-feira, dia 26, e se prolongam até domingo, dia 28.
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