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reitor antónio branco_1A Universidade do Algarve assinou esta semana um protocolo com o INEP – Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira, o organismo que, no Brasil, regula o acesso ao ensino superior. O objetivo é atrair para a academia algarvia estudantes universitários brasileiros.

A revelação foi feita pelo reitor António Branco, na entrevista que, esta quarta-feira, deu ao programa «Impressões», dinamizado em conjunto pelo Sul Informação e pela Rádio Universitária do Algarve.

O protocolo tem como objeto a utilização dos resultados do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM, equivalente ao exame nacional de acesso ao ensino superior), pela Universidade do Algarve, para fins de seleção de estudantes ingressantes.

António Branco explicou que «esse protocolo vai-nos dar duas possibilidades: termos acesso aos dados dos candidatos ao ensino superior no Brasil», mas também que «os estudantes no Brasil, quando escolhem a universidade para onde querem ir estudar, tenham lá a Universidade do Algarve como possibilidade de escolha».

Por outro lado, o protocolo «também diz aos estudantes brasileiros que aqueles exames que eles fazem são reconhecidos na Universidade do Algarve como provas específicas, portanto eles não precisam de fazer mais nada».

Assumindo que o público estudantil brasileiro é dos que mais interessam, para já, à UAlg neste seu esforço de internacionalização, o reitor esclarece que «não somos únicos, nem pioneiros». É que todas as outras universidades portuguesas estão a pensar no mesmo. Então o que distingue a universidade algarvia, o que lhe dá poder de atração?

Reitor António Branco: «Só no Brasil ficam milhões de pessoas de fora do ensino superior público. Algumas centenas, eventualmente um milhar de pessoas dentro de alguns anos, poderão vir estudar para a Universidade do Algarve»

«Só no Brasil ficam milhões de pessoas de fora do ensino superior público. Algumas centenas, eventualmente um milhar de pessoas dentro de alguns anos, poderão vir estudar para a Universidade do Algarve», disse o reitor da UAlg, sobre o potencial desta captação de estudantes internacionais naquele país sul-americano.

Para mais, sublinha António Branco, «temos um aeroporto internacional mesmo ao lado de um dos campus, muito perto de outro e muito próximo de Portimão. Temos esse acesso muito facilitado».

Além disso, «vivemos numa região cosmopolita como não há outra em Portugal e depois, desculpem-me usar uma coisa tão básica, mas de facto temos um clima magnífico. Estuda onde é bom viver, slogan que adotámos, aplica-se aqui muito bem!».

A Universidade do Algarve, sublinha o seu reitor, «tem condições para ser uma universidade de convívio entre culturas e línguas muito diferentes e isso é uma marca que me parece muito rica».

reitor antónio branco_3Mas a estratégia de captação de estudantes no Brasil não se vai ficar pela assinatura do protocolo com o INEP. A UAlg está apostada num posicionamento pró-ativo, pelo que vai participar, já este ano, nos roadshows que percorrem aquele imenso país, mostrando a oferta formativa disponível.

«Sabemos que, no Brasil, entre Novembro e Fevereiro, há um enorme movimento, com empresas altamente especializadas, de roadshows para a promoção da oferta formativa das universidades brasileiras e que já há universidades portuguesas a acompanhar esses roadshows. Portanto, o Gabinete de Comunicação [da Universidade do Algarve] está neste momento a identificar, dentro do conjunto de possibilidades, as que serão mais interessantes para nós. Vamos ter que ter uma equipa profissional num roadshow desses, como primeira experiência de demonstração da oferta que temos».

Para isso, revelou também António Branco na sua entrevista ao Sul Informação e à RUA FM, a UAlg está também «em ligação permanente com o corpo diplomático português, nomeadamente com a senhora Cônsul Geral de Portugal no Rio de Janeiro, que se disponibilizou para nos ajudar, com toda a rede de consulados, fazendo chegar a nossa informação a muitos setores diferenciados da sociedade».

A universidade algarvia vai ainda mostrar-se a um conjunto alargado de «escolas secundárias brasileiras, tanto do sistema público, como do sistema privado», identificando aquelas «onde possa ser interessante a Universidade do Algarve intervir, aparecer, e dizer quem somos, onde estamos, o que fazemos».

Considerando que «o desafio mais complexo e mais interessante dos próximos anos é o programa de internacionalização das universidades», o reitor da UAlg esclarece que a aposta não se fica pelo Brasil. No âmbito dos PALOP, também Angola, Moçambique e Cabo Verde são considerados países com um público que interessa ao Algarve.

Reitor António Branco: «haverá nichos dentro da Universidade capazes de fazer um bom ensino em língua francesa, que pode ser muito interessante, por exemplo, para públicos do Norte de África»

António Branco recorda ainda que, na academia algarvia, «já existem cursos preparados para ser lecionados em inglês», por isso, «temos esse universo ao nosso alcance». E sublinha a importância do universo dos falantes em francês: «haverá nichos dentro da Universidade capazes de fazer um bom ensino em língua francesa, que pode ser muito interessante, por exemplo, para públicos do Norte de África».

Mas os PALOP, admite, são uma escolha «óbvia». «O universo da língua portuguesa parece óbvio que é o mais importante. Porquê? Porque a maior parte das pessoas da universidade do Algarve fala português – professores, funcionários, alunos -, porque o português é uma língua de conhecimento importantíssima no mundo, com um peso muito grande, até do ponto de vista económico. É evidente que esses públicos são preferenciais até porque são os que colocam menos problemas na integração cultural que implica a receção de alunos internacionais».

Para começar, a Universidade do Algarve avança já, e em força, para a conquista do Brasil. Angola é outro objetivo prioritário dentro dos PALOP, mas, admite o reitor, «não é tão fácil, apenas porque internamente, as estruturas deste tipo [acesso ao ensino superior e divulgação da oferta formativa] não estão ainda tão profissionalizadas. A maneira de chegarmos [a Angola] com a nossa informação tem que ser muito bem pensada, porque não temos a facilidade que o Brasil nos oferece de termos empresas especializadas que fazem isto muitíssimo bem».

reitor antónio branco_2Apesar das dificuldades, a UAlg não está de braços cruzados. «Vai haver agora um evento em que a Universidade do Algarve participa, organizado pela Comissão Europeia, sobre o Horizonte 2020. Vai lá estar um representante da Universidade do Algarve para a parte da investigação e do ensino».

Apesar de todas as potencialidades que as universidades portuguesas têm para a captação de alunos internacionais, através do programa lançado este ano e que o reitor António Branco considera ser fundamental para a «sobrevivência da rede universitária portuguesa», «a internacionalização não se faz por decreto».

E «obriga pelo menos a duas coisas: a identificar muito bem, com alguma prudência, sem grandes festividades irracionais, os públicos que nós podemos convencer a vir estudar para a universidade. Estamos a fazer esse estudo com muita cautela».

E depois, além de uma «estratégia de comunicação que tem que ser muito bem pensada, nós temos que acolher esses alunos internacionais muitíssimo bem dentro da universidade». Isso quer dizer, sublinha António Branco, «que, em todas as dimensões [nomeadamente nas residências], a universidade terá de estar preparada para receber esses estudantes internacionais, que não são exatamente iguais àqueles que temos, porque vêm com expectativas diferentes, com problemas diferentes, com necessidades diferentes».

«E porque é que estou tão preocupado com isso? O melhor embaixador de uma universidade é um aluno que gostou de estudar nela e a pior publicidade é um aluno que sai descontente».

Áreas de excelência da UAlg: «O Mar é uma evidência para todos, a área da investigação e do ensino no Turismo é outra. Mas não é só, há muitas outras»

Além disso, há que valorizar «uma das qualidades que acho que é uma marca fortíssima da nossa Universidade, se a formos capazes de ativar com uma consciência da riqueza que isso é: o facto de sermos uma universidade de pequena ou média dimensão. Porquê? Pelo grau de proximidade que conseguimos e a flexibilidade que daí resulta».

«A ideia de que os alunos vão pelos corredores e ali têm os gabinetes dos professores, batem à porta e o professor está lá, ou que, quando vai de um edifício para o outro, de repente o professor encontra os alunos e fica ali a conversar com eles. Esta proximidade é uma riqueza enorme para quem estuda», garante António Branco.

A internacionalização passa também pela identificação dos cursos «onde o grau de qualidade do que estamos a fazer é superior», acrescenta. «Até ao final do ano, vamos definir o Plano Estratégico da Universidade e uma das obrigações que temos é de dar a nossa visão à instituição de quais são os “campos frutíferos”, aqueles em que evidentemente estamos a fazer muitíssimo bem e com muito bons resultados. Esses cursos e essas áreas de investigação são as bandeiras de que nos serviremos para atrair estudantes internacionais».

E quais são, para já, esses “campos frutíferos”? «O Mar é uma evidência para todos, a área da investigação e do ensino no Turismo é outra. Mas não é só, há muitas outras», garante o reitor António Branco.

 

Oiça aqui a entrevista na íntegra ou volte a ouvi-la no programa «Impressões» este sábado, às 12h00, na RUA FM, em 102.7 FM ou em www.rua.pt

 

 

 

sulinformacao

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