São muitos e estão todos a trabalhar para o mesmo objetivo: partilhar conhecimento e divulgar as variedades tradicionais do Algarve de alfarroba, amêndoa, azeitona e figo, para as preservar e estimular a sua utilização, para bem da economia.
Nove entidades algarvias, de diferentes setores, uniram esforços para levar a cabo as Jornadas Técnicas «Fruteiras Tradicionais do Algarve – Tradição e Inovação» que a ExpoAlgarve, na Zona Industrial de Loulé, vai acolher entre 30 de outubro e 1 de novembro.
Este é um evento que é abrangente na união de vontades que conseguiu, mas também ao nível do público alvo. As jornadas são técnicas, mas não se fecham no mundo académico e institucional, abrindo as portas às empresas e à sociedade em geral. Assim, a organização estende o convite para participar a quem seja «produtor, investigador, comerciante, técnico, estudante, trabalhe ou pretende vir a desenvolver atividade na área».
Até porque um dos objetivos, como revelou ao Sul Informação Ana Arsénio, da In Loco, uma das entidades envolvidas na organização do evento, é convencer os jovens agricultores a apostar nestas variedades.
«O principal objetivo destas jornadas é trabalhar a fileira destas quatro culturas tradicionais da região. Mas não no sentido de que se faça tudo como se fazia antigamente. Queremos capacitar a nova geração para que possa apostar nesta área», revelou Ana Arsénio, através do conhecimento que tem vindo a ser gerado sobre a alfarroba, figo, amêndoa e azeitona do Algarve.
Ana Arsénio. “A aposta nestas culturas pode gerar ganhos para a economia local e postos de trabalho, ao mesmo tempo que mantém a paisagem, o que também é importante”
As jornadas serão, assim, muito focadas na componente empresarial e na partilha de conhecimentos, que permitam potenciar os negócios de quem apostar na produção e transformação destes produtos. E isso passa por também focar «as componentes da exportação e comercialização».
O programa é ambicioso, admite Ana Arsénio, mas apoiado numa base muito alargada e diversificada. Aliás, para referir as entidades todas que pertencem ao grupo de trabalho organizador, é preciso um parágrafo inteiro:
Associação In Loco; Associação Interprofissional para o Desenvolvimento da Produção e Valorização da Alfarroba; Câmara Municipal de Loulé; Direção Regional de Agricultura e Pescas do Algarve; Universidade do Algarve – Instituto Superior de Engenharia, Faculdade de Ciências e Tecnologia e CRIA; Escola Profissional de Alte; Comissão de Desenvolvimento Regional do Algarve; NERA – Associação Empresarial da Região do Algarve e ACRAL – Associação do Comércio e Serviços da Região do Algarve.
«Este evento não é pensado apenas por uma entidade, mas sim um encontro de objetivos comuns e da vontade de implantar uma visão estratégica para o futuro. Todos consideramos que estas culturas são determinantes para o futuro da região», considerou a técnica da In Loco, que está intimamente ligada à dinamização deste certame.
«A aposta nestas culturas pode gerar ganhos para a economia local e postos de trabalho, ao mesmo tempo que mantém a paisagem, o que também é importante», resumiu. Daí que haja atividades especialmente dirigidas ao tecido económico.
Os encontros Business to Business (B2B), que estão a ser dinamizados pelo CRIA – Divisão de Empreendedorismo e transferência de Tecnologia da Universidade do Algarve, são a iniciativa mais diretamente relacionada com os empresários.
Aqui, os agentes económicos podem trocar impressões com os seus pares «para potenciar sinergias» e trocar experiências. «Muitas vezes, quem trabalha ou pretende trabalhar com uma cultura, não sabe onde encontrar certas variedades regionais. Estes encontros acabam por ser muito úteis, também nesse aspeto», exemplificou Ana Arsénio.
Os interessados em inscrever-se nestes encontros, podem fazê-lo online, até dia 27 de outubro.
Variedades regionais à espera de quem as cultive
Apesar de nem sempre ser fácil encontrar a variedade regional ideal, elas existem e esperam apenas que alguém as cultive e, no processo, as preserve. «Conseguimos encontrar variedades regionais e ainda vamos a tempo de recuperá-las, na sua grande maioria. Mas isso pode não acontecer por muito mais tempo», avisou Ana Arsénio.
A engenheira agronómica lembra o caso das amendoeiras. «É triste perceber que perdemos muitas variedades desta espécie», disse.
Neste campo, a região conta com a Universidade do Algarve que é «um forte aliado» dos que querem manter as variedades tradicionais.
«É precisa investigação que possa ser aplicada no terreno. A UAlg sabe disso e tem bons investigadores a trabalhar na área», considerou Ana Arsénio.
Jornadas oferecem muitas atividades, totalmente gratuitas
Participar nas Jornadas Técnicas «Fruteiras Tradicionais do Algarve – Tradição e Inovação» não custa (mesmo) nada, apesar das muitas ações que serão realizadas. A entrada é livre, pelo que «há que aproveitar», embora seja obrigatória a inscrição nas atividades, dadas as limitações de espaço.
Ao longo dos três dias, será realizada a «Mostra Tecnológica e Informação», um espaço dedicado à exposição/demonstração de tecnologias, equipamento, produtos, entre outros, voltados para a produção, transformação e comercialização de Alfarroba, Amêndoa, Azeitona e Figo.
Também haverá diversos Workshops, Focus Groups e Seminários, «momentos de partilha e aprendizagem de novo conhecimento dedicado aos setores da produção, transformação e comercialização» das quatro culturas em foco. O programa pode ser descarregado aqui.