A Câmara de Faro aprovou nova moção contra as demolições nas ilhas-barreira do concelho, desta vez relativa às casas situadas nas zonas Nascente e Poente da Praia de Faro.
Depois de ter aprovado, por unanimidade, uma moção contra a destruição de casas nos núcleos dos Hangares e do Farol da Ilha da Culatra, a Câmara farense volta a carga, desta vez sem os votos favoráveis da coligação PSD/CDS-PP, no poder.
A proposta aprovada na Reunião de Câmara de dia 6 de novembro foi apresentada pela CDU e passou com os votos a favor do vereador eleito pelos comunistas e dos quatro vereadores socialistas. A coligação PSD/CDS-PP, que também conta com quatro vereadores, absteve-se.
Mesmo sem votar a favor, o executivo está veiculado a esta decisão, que coloca a autarquia contra o deitar abaixo de habitações nos extremos da Praia de Faro, ao mesmo tempo que volta a pedir a passagem do espaço que atualmente é do Domínio Público Hídrico para a gestão camarária.
A moção determina, entre outras, que a Câmara se «disponibiliza a ser parceira ativa no processo construtivo que, em alternativa, vise aproveitar, recuperar, melhorar e reordenar os territórios em causa», no âmbito do requerimento para Cedência da Utilização do Domínio Público das Ilhas-barreira de Faro, aprovado pelo mesmo órgão autárquico, em junho passado.
Na moção apresentada pela CDU, a Sociedade Polis Ria Formosa e o Governo são acusados de dar primazia às «intervenções destrutivas sobre as intervenções construtivas», bem como da «priorização do binómio demolir/renaturalizar, relativamente ao binómio recuperar/reordenar».
Há algumas semanas atrás, os nove vereadores da Câmara de Faro tinham sido unânimes em condenar as demolições previstas para a Ilha da Culatra, nos Hangares e parte do núcleo do Farol, no seguimento da abertura do concurso, pro parte da Sociedade Polis, para proceder à renaturalização destes núcleos.
A moção apresentada pelo executivo colocava, ainda, em causa, a prioridade que foi dada às demolições, em Faro, em detrimento das dragagens e dos novos acessos à ilha de Faro, obra que, entretanto, já se sabe que não avançará, pelo menos, para já.
Em declarações ao Sul Informação, relativas à moção sobre os Hangares e o Farol, o presidente da Câmara de Faro Rogério Bacalhau disse que aquilo que a autarquia pode fazer é «pressão para que esta situação seja revista».
Sobre a Praia de Faro, processo mais avançado, o edil adiantou que, apesar de já terem sido emitidos avisos a todos os moradores que não tenham a sua primeira habitação as zonas poente e nascente para abandonarem as casas até 28 de novembro, «há algumas situações que não estão muito bem aferidas».
«Ajudámos à elaboração de alguns processos de reclamação, por parte de alguns moradores. Há abertura da Sociedade Polis em analisá-los e até para lhes dar razão, em alguns casos», assegurou.
Já nos núcleos dos Hangares e na parte do núcleo do Farol que não pertence à Administração dos Portos de Sines e do Algarve, «ainda não foram entregues notificações» e não se sabe se haverá a mesma abertura, por parte dos gestores do Polis Ria Formosa.