Uma pequena obra na cobertura da cisterna islâmica da Rua do Castelo, localizada atrás da Catedral de Silves, foi efetuada no dia 12 de Novembro, anunciou a Câmara de Silves. A obra destina-se a corrigir um «erro técnico» feito nos tempos da intervenção do Programa Polis na cidade e que poderia ter sérias repercussões na estrutura arqueológica.
Esta cisterna já teve outros trabalhos arqueológicos e de conservação e restauro, nomeadamente em 2001, aquando dos trabalhos de repavimentação da Rua do Castelo, tendo nessa altura sido afetada pela máquina que procedia à remoção do betuminoso.
Seguiram-se trabalhos arqueológicos, da responsabilidade de Teresa Gamito, da Universidade do Algarve, que, com a colaboração da autarquia, procedeu ao desentulhamento da cisterna.
No âmbito do Programa Polis, foram depois feitos trabalhos de conservação e restauro, tendo sido colocada sobre uma das entradas na cisterna uma estrutura em aço corten e vidro. «Esta solução técnica, que, na época, não foi concertada com a área de Património da Câmara Municipal, veio a verificar-se bastante ineficaz, tendo em atenção que não permitia a ventilação da cisterna», explica a autarquia.
Assim, «na sequência dos trabalhos de monitorização de todo o património monumental, foi constatada a proliferação de vegetação infestante no interior da cisterna, que a médio prazo poderia afetar a estrutura do imóvel e comprometer a sua estabilidade».
Para remediar aquilo que os serviços da área do Património da autarquia ter sido um «erro técnico», optou-se agora por substituir dois dos módulos da estrutura de cobertura, em vidro, por outros laminados, para garantir a ventilação do espaço.
Esta pequena obra é, para o Sector de Património do Município, «um passo importante para a manutenção de uma estrutura que é testemunho do nosso glorioso passado».
Esta cisterna, apesar de há muito ser conhecida, só neste século foi e escavada no substrato rochoso. Forma um retângulo irregular, medindo cerca de 8,50 metros nos lados maiores, cerca de 3,50 metros nos lados menores e detém uma altura máxima interna de 4,50 metros, tendo capacidade para cerca de 140.000 litros de água.
A cobertura abobadada é construída em blocos afeiçoados de “grés de Silves”, sendo as paredes revestidas por blocos de tijolo burro de dimensões um pouco maiores que os atuais do mesmo tipo.
Todas as paredes apresentam um revestimento argamassado e pintado a almagre vermelho, como sucede com este tipo de estruturas de armazenamento de água. Esta solução conferia àquela substância uma maior pureza, uma vez que a cor escura impediria a penetração de luz e sua expansão no interior da cisterna, ocasionando uma menor oxidação da água.
O pavimento é, de igual modo, revestido a tijolo formando um ziguezague perfeito, podendo observar-se a necessária ampulheta para limpeza da cisterna, no extremo Este da mesma. A cobertura apresenta três entradas, posicionadas de forma irregular, uma mais ou menos a meio e as outras duas em cada uma das extremidades.
As fissuras que se observam em vários pontos da parede poderão ter constituído motivo do seu abandono em época que não se pode determinar, mas que poderá ter ocorrido em período anterior ao século XV, uma vez que a cisterna não é referida no Livro do Almoxarifado de Silves, que faz descrição exaustiva desta zona alta da cidade.
A arquitetura da cisterna e o seu sistema construtivo remete para o período islâmico, podendo estar associada à mesquita principal da cidade, que se crê ter tido localização nas proximidades.