Celebra-se esta quarta-feira, 3 de dezembro, mais um aniversário do nascimento do poeta altense Cândido Guerreiro. Para assinalar a efeméride, o Pólo Museológico Cândido Guerreiro e Condes de Alte realiza duas exposições temáticas que vão estar patentes ao público até ao final do ano.
Assim, a partir de hoje pode ser visitada a exposição “Vida e Obra – Francisco Xavier Cândido Guerreiro (1871-1953)”. Esta Mostra integra livros e documentos que pertenceram ao poeta, obras da sua autoria, cartas, postais e fotos do poeta, da sua família e amigos e vários objetos pessoais musealizados.
No 5º aniversário do Pólo Museológico Cândido Guerreiro e Condes de Alte, que se assinalou em abril, nasceu o projeto Dos afetos nascem as coleções – vamos construir a nossa exposição. Ouvir, partilhar e dialogar com as crianças nascidas em 2009 sobre coleções e afetos foi o objetivo, partindo da história O rapaz que aprendeu a voar.
Durante cinco meses, realizou-se uma atividade, convidando as meninas e os meninos do pré-escolar de Alte a trabalhar cinco temas – A minha família faz coleções?, O que fiz nas férias?, Qual o meu objeto favorito?, Todos temos medos. Qual o objeto que me ajuda quando tenho medo? e Quando for grande, o que quero ser? – para cada um os participantes traziam um objeto. Assim se desenhou a Exposição “Tenho 5 anos… sou assim”, que marca o final desta atividade.
Dividida por sete vitrinas, tantas quantas as crianças que participaram no projeto, esta Exposição apresenta os objetos trazidos por cada criança ao longo destes cinco meses, pretendendo ser um primeiro contacto com conceitos como coleção e exposição mas acima de tudo o primeiro contacto com o Museu como um lugar de afetos e de pessoas que se escondem atrás dos objetos expostos.
As duas exposições podem ser visitadas de segunda a sexta-feira, das 9h00 às 17h00. A entrada é livre.
Quem era Cândido Guerreiro?
Francisco Xavier Cândido Guerreiro nasceu em Alte, em 1871.
Em 1889 inicia estudos no Seminário Diocesano de Faro. Em 1892 desiste da vida eclesiástica. Após o falecimento do seu pai, começou a trabalhar para ajudar no sustento da mãe e da tia que ficaram a seu cargo. A partir dessa altura abraçou várias profissões.
Com uma relação muito íntima com as palavras que iluminam o espelho de um contexto do maravilhoso, do imaginário e o do culto, os seus versos encerram o retrato de Francisco Xavier Cândido Guerreiro. Em 1895 edita o livro de poemas Rosas Desfolhadas, que dedica ao poeta João de Deus. Por esta altura apaixona-se pela poetisa Maria Veleda (Maria Carolina Frederico Crispim) de quem teve um filho que perfilhou, Cândido Guerreiro da Franca.
Entretanto, incentivado pelo seu amigo e poeta João Lúcio, decide terminar o liceu e, em 1903 ingressa na Universidade de Coimbra, no Curso de Direito, já com 32 anos de idade.
Em 1900 faz publicar o poema Ave Maria. É também no 1º ano de Direito que edita o poema Ballada, que escreveu por encomenda de alguns colegas. O Soneto ficou registado no penedo da saudade, em Coimbra.
Durante o período estudantil o poeta teve contacto com Aristides de Sousa Mendes, o célebre Diplomata que salvou judeus do holocausto da II Grande Guerra; António Sardinha, um dos fundadores do movimento do Integralismo Lusitano; Alberto Veiga Simões, diplomata republicano, Sousa Costa, escritor que lhe apresentou a irmã, Margarida, por quem o poeta se apaixonou.
Cândido Guerreiro foi republicano moderado. Os tempos que antecederam Coimbra, de feição conservadora, aliados ao convívio político e literário de filósofo nacionalista e republicano moldaram uma personalidade sem extremos.
Em 1904 edita, em Coimbra, o livro Sonetos, que dedica a Margarida de Sousa Costa a quem dedica também Eros, editado em 1907. Casaram em 1909 e foram viver para Loulé, onde nasceram dois filhos: Agar Guerreiro da Franca e Othman Guerreiro da Franca.
Em Loulé trabalha como notário mas cedo ingressa na vida politica. Em 1912 já está na linha da frente na governação do Concelho de Loulé. Nesta altura abdica da escrita poética. A eletrificação da vila, em 1916, foi uma das suas obras de destaque em prol do desenvolvimento do Concelho.
Alguns poemas fazem transparecer um espírito dedicado e pragmático, uma forma de sentir com realismo. Outros revelam elaboração e complexidade de espírito. A partir da década 20 (séc. XX) fixa-se em Faro. Aí pôde dedicar mais tempo ao que mais amou: a poesia.
A 11 de abril de 1953 faleceu em Lisboa. Foi sepultado em Faro. A 4 de dezembro de 2000 foi realizada a translação para o cemitério de Alte.