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Jorge Farinha da CPA_Foto Ricardo HaponiukO mexilhão mediterrânico, produzido pela Companhia de Pescarias do Algarve (CPA), recebeu ontem a certificação de pesca sustentável, da organização mundial Marine Stewardship Council (MSC).

A distinção da MSC atesta as boas práticas da empresa algarvia, que produz esta espécie de bivalve numa aquacultura off-shore (mar aberto) ao largo da Ilha da Armona (Olhão), e poderá abrir a porta à exportação para alguns dos mercados mais exigentes, a nível mundial.

A empresa algarvia foi uma candidata exemplar e “passou” com distinção na avaliação, com «classificação muito elevada em todos os indicadores», segundo as representantes da MSC. Esta é a primeira vez que é certificada como sustentável a pesca desta espécie de mexilhão (Mytilus galloprovincialis).

«Acredito que esta certificação será a nossa porta de entrada para mercados mais exigentes que o nosso. Em Portugal e Espanha ,poderá ainda não ser muito valorizado, mas, em mercados como o dos Estados Unidos, do Brasil e noutros, acreditamos que esta é uma certificação com muito poder», considerou o administrador da CPA Jorge Farinha, à margem da cerimónia de entrega da certificação.

Com a aquisição recente da Fábrica Fides, em Olhão, a Companhia de Pescarias do Algarve terá, em breve, uma unidade industrial de congelação, que deverá entrar em funcionamento «a meio de 2015». A partir desse momento, poderá enviar o seu produto para todo o mundo, algo que não acontece, atualmente.

 

Fotos: Ricardo Haponiuk

 

«Neste momento, estamos a apostar em Portugal, Espanha e França, porque estamos a trabalhar unicamente com marisco fresco e não podemos chegar muito mais longe, com a qualidade que desejamos», explicou Jorge Farinha.

Atualmente, a CPA já coloca os seus mexilhões «em todas as principais cadeias de distribuição portuguesas e em algumas de Espanha», depois de ter começado a comercializar o seu produto em 2013.

Mas a procura de novos mercados torna-se quase um imperativo, já que o aumento de produção, aliado a novos investimentos em unidades de aquacultura, levarão a que haja cada vez mais produto para escoar.

«Este ano, teremos uma produção de 2 mil toneladas, número que pensamos dobrar no ano que vem», revelou Jorge Farinha. Esta produção é relativa aos 14 lotes que a empresa tem na Área de Produção Aquícola da Armona.

Jorge Farinha: «Este ano, teremos uma produção de 2 mil toneladas, número que pensamos dobrar no ano que vem»

Entretanto, a CPA já apresentou a candidatura a 16 lotes na nova Área de Produção off-shore que será instalada ao largo de Monte Gordo, o que lhe permitirá aumentar a produção, em anos vindouros, para números próximos «das 16 mil toneladas», colocando a empresa algarvia entre os maiores produtores mundiais deste bivalve.

Ao nível do volume de negócios, a CPA pretende «atingir os 1,2 ou 1,3 milhões de euros». «Acredito que, no ano que vem, teremos capacidade para andar próximos dos 3 milhões», acrescentou.

 

Selo da MSC ajuda empresas a exportar

Unidade de produção de mexilhão da CPA_Foto de Ricardo Haponiuk_3O selo da MSC, uma organização sem fins lucrativos, que se dedica à validação de operações de pesca sustentável em todo o mundo, é reconhecido em todo o mundo e, garante a representante da organização Laura Rodriguez, costuma ter o condão de ajudar os galardoados a expandir-se para novos mercados.

«Nós vemos que a certificação MSC é uma ferramenta particularmente útil para a exportação. Mas, a pouco e pouco, também começa a haver um maior interesse nos mercados português e espanhol, por estas questões da sustentabilidade», disse.

E, garantiu, apesar de a certificação ser relativa ao mexilhão mediterrânico, «só a Companhia de Pescarias do Algarve pode usar esta etiqueta».

E que caminho foi feito pela CPA, para obter a certificação? «Fizemos uma avaliação que durou 10 meses. Foi aferido o impacto desta pescaria no ecossistema e, depois, a própria gestão da pesca», revelou Cátia de Meira, da MSC.

Este trabalho foi feito por um auditor externo ao MSC, independente, que avaliou o estado do stock de mexilhão, que é bom «por se tratar de uma unidade de aquacultura», o impacto ambiental, que «é muito baixo», neste caso, por se tratar de uma aquacultura em mar aberto, e a gestão, que «é muito boa e robusta, tanto ao nível das autoridades portuguesas, como a nível regional e da União Europeia», precisou Laura Rodriguez.

Esta é a segunda vez que a MSC atribuiu o selo de sustentabilidade a uma pescaria portuguesa, depois da sardinha, em 2010, mas que está atualmente suspensa, devido à diminuição do stock existente. Neste último caso, a candidatura foi nacional e abrange toda a sardinha que seja pescada por membros de associações de produtores.

 

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