O Bloco de Esquerda exige que seja encontrada uma solução de realojamento para duas famílias que verão as suas casas demolidas, no âmbito do processo de renaturalização dos ilhotes de São Lourenço e Cocos, no concelho de Olhão, já em curso e que já foram desalojadas, sem terem, alegadamente, habitação alternativa.
«A família de Stefan Boti foi desalojada da barraca que ocupava no ilhote de S. Lourenço, a família de Cláudia Fernandes vai ser desalojada da casa em que habita no ilhote do Coco. Em ambos os casos estas são famílias em situação de emergência social», garantiram os bloquistas, numa nota de imprensa.
Um grupo de habitantes da Praia de Faro e dos ilhotes de Olhão da Ria Formosa, entre os quais estiveram os membros destas duas famílias, protestou esta quarta-feira junto ao Teatro das Figuras, aproveitando a presença do ministro Adjunto e do Desenvolvimento Regional Poiares Maduro na apresentação do programa Portugal 2020.
Os manifestantes exigiram uma intervenção do Governo para evitar que haja famílias que ficam sem casa, denunciando que há vários casos de agregados familiares que estão, neste momento, a viver em condições muito precárias.
O Bloco de Esquerda do Algarve pede «o imediato realojamento destas duas famílias e o acompanhamento da situação social das mesmas», e exige à Sociedade Polis, à Câmara Municipal de Olhão e ao Ministério da Solidariedade, Emprego e Segurança Social que intervenham.
«O Bloco de Esquerda do Algarve recusa a instrumentalização do drama destes cidadãos em nome do conflito de interesses que gira em torno da renaturalização das ilhas barreira. Assistimos a intervenções, de diversos atores políticos, que usam estes dramas para lançar uma cortina de fumo sobre o cerne da questão da ocupação das ilhas barreira, a apropriação por interesses individuais do bem comum que é o domínio público marítimo e os impactos dessa mesma ocupação a nível ambiental e os seus custos para o erário público», considera.
«Os mesmos que tão preocupados se mostram com as demolições de casas de férias e com a manutenção do estado das coisas, os mesmos que na praça pública não hesitam em usar os pescadores e mariscadores da nossa Ria Formosa como arma de arremesso para defender o interesse privado sobre o interesse público, nada fazem para minorar o problema destas duas famílias», acrsecentou o BE/Algarve
Os bloquistas acrescentam que tomam esta posição em defesa das duas famílias, «independentemente da solução que cada cidadão, cada associação e cada força política defenda, ou venha a defender para a ocupação das ilhas barreira».