O grupo «Aquitania» (Marrocos/Espanha), especializado na música medieval das três culturas, encerrou este sábado, 21 de Fevereiro, com um concerto no Convento de S. José, em Lagoa, o 15º Festival de Música al-Mutamid.
Ao longo de 60 minutos, o grupo interpretou canções cantadas em árabe, ladino e castelhano antigo, transportando os espectadores por uma viagem colorida e multicultural pela Idade Média em al-Andalus, através de uma cuidada seleção de temas que tiveram o seu esplendor entre os séculos IX e XIV.
O Festival tinha começado a 23 de janeiro, também em Lagoa, mas no Auditório Municipal, com o grupo «Media Luna» (Marrocos/Espanha).
Este festival surgiu no ano 2000 com o duplo objetivo de homenagear o rei poeta Al-Mutamid, e simultaneamente resgatar e divulgar a música das três culturas monoteístas (medieval cristã, muçulmana e judaica-sefardita) que, durante séculos, inundou bazares, medinas, palácios, judiarias e castelos do al-Andalus, Mediterrâneo e Médio Oriente.
Nesta 15º edição, o balanço é, segundo a organização, «extraordinariamente positivo, porque, no cômputo geral, aumentou o número de público, e particularmente, público português».
O destaque vai ainda para o facto de a cidade de Almada ter recebido pela primeira vez o Festival de Música al-Mutamid, no Fórum Municipal Romeu Correia, com lotação esgotada.
Por isso mesmo, a organização destaca também «o interesse de algumas cidades que fazem parte da “Rota de al-Mutamid” (itinerário turístico-cultural relacionado com a história do al-Andalus, tendo como fio condutor a memória histórica do Rei al-Mutamid e abarcando o território transfronteiriço da Andaluzia e do Algarve) em aderir ao Festival de Música».
Um dos pontos altos deste festival foi a atuação do grupo sírio «Alturaz Al Andaluzi», que emocionou o público de Almada e Olhão.
Este grupo, que tem como diretor artístico o reconhecido cantor sírio Mahmoud Fares, especializado na música andalusí Inshad e al Tarab do estilo alepino (de Alepo – Síria), impressionou pelos seus dotes melódicos, enquanto o bailarino Mohamed Babli surpreendeu o público, ao retirar do seu vestido de dança tanoura uma faixa com a palavra Paz.
Fotos de: Duarte Costa