A Ryanair vai aumentar a sua atividade no Aeroporto de Faro durante o inverno de 2015, criando uma nova rota (Memmingem – Munique) e aumentando a periodicidade de vôos para Eindhoven e Londres. Michael O’Leary esteve no Algarve a anunciar estas medidas, que podem fazer crescer o número de clientes em 1,6 milhões e criar 1600 postos de trabalho diretos e indiretos anuais.
O CEO da Ryanair deixou ainda críticas ao valor das taxas aeroportuárias que é praticado, que dificultam a expansão da atividade e entrada de turistas nos meses de menor tráfego do aeroporto algarvio.
«Este será o primeiro Inverno em que vai haver crescimento da atividade no Aeroporto de Faro», realça O’Leary, que adianta que isso faz parte de uma estratégia da empresa para aumentar a procura da região durante uma maior parte do ano.
O’Leary diz que acredita que Faro «tem a oportunidade de aumentar a época de tráfego, que tende a ser curta. Atualmente vai de abril a setembro. Não vemos razões para não promover mais o golfe para que existam mais visitantes durante a primavera, e até ao fim de outubro».
Para isso, o empresário considera que a região também tem de fazer a sua parte. «Estamos a fazer um trabalho com as autoridades do turismo, para a promoção do golfe. É curioso que em aeroportos e regiões que competem com Faro, como Alicante e Málaga, existem bons resultados nesses meses [março, abril, setembro, outubro]. Uma das razões que eu encontro é que algumas das atrações, como hotéis, restaurantes, o Zoomarine, fecham demasiado cedo. Temos de persuadir os negócios de turismo a ficar abertos durante mais tempo para que haja mais coisas para fazer».
Mas O’Leary encontra outro entrave a parar o crescimento no Aeroporto de Faro: o preço das taxas aeroportuárias. «Gostaria de ver mais crescimento em Faro, este é um aeroporto que conheço bem, numa região que conheço bem, e estamos a tentar encorajar a ANA a baixar os custos, que são altos. Quanto mais baixos forem os custos, mais facilmente podemos subir o nosso tráfego aqui, principalmente a partir deste ano porque vamos começar a receber novos aviões».
«As taxas são demasiado altas, em Faro. Em junho, julho e agosto as pessoas pagam taxas elevadas, mas porque as taxas são elevadas, a época tende a ser mais curta e retira capacidade de crescimento. Quando eu falo em reduzir as taxas nos meses mais baixos, dizem-me “não podemos”. Sim podem!, porque o aeroporto está vazio, não faz sentido. Isto faz parte de um processo que precisamos de trabalhar com a Vinci e com a ANA», acrescentou.
Rota Faro – Madrid pode voltar, Faro – Lisboa não
A rota Faro – Madrid pode voltar a ser ativada. Desidério Silva, presidente do Turismo do Algarve adiantou na apresentação do Plano de Marketing Estratégico para o Turismo do Algarve para 2015/18 que havia contactos para tentar restabelecer a rota, e Michael O’Leary diz que essa é uma possibilidade, entre outras.
«É uma rota que pode voltar, essa e outras podem ser criadas como para a Alemanha, a Escócia e Itália. Há algumas rotas que aqui tivemos que gostaríamos de restaurar. Nos últimos dois anos, não tivemos novas entregas de aviões, a nossa frota estava “congelada” e, abrindo novas bases, tivemos de retirar aviões de Faro, em especial no inverno. Agora, a partir de setembro, vamos receber 40 novos aviões/ano, e temos a oportunidade de voltar a aumentar as rotas».
Já a rota Faro – Lisboa, que esteve ativa durante 24 dias apenas, não vai ser recuperada. «Nenhuma rota consegue competir com uma boa auto-estrada que nos coloca no destino em três horas. Durante cinco semanas com preços de 9 euros, tínhamos 25 por cento de ocupação», explica Michael O’Leary.
Ryanair quer ser a maior companhia aérea em Portugal
A partir do final de março, a Ryanair vai ter quatro bases em Portugal, acrescentando a Faro, Porto e Lisboa, Ponta Delgada e O’Leary quer mesmo assumir-se como a maior companhia aérea em solo nacional.
«O nosso plano é passar de cinco milhões de passageiros, que tivemos no último ano, para dez milhões de passageiros nos próximos cinco anos. Isso fará de nós maiores do que a TAP em Portugal, e é isso que queremos ser, a maior companhia aérea em Portugal», afirma.
No entanto, o ambicioso plano poderá ter de esperar algum tempo devido à privatização da TAP, que para O’Leary também tem influência neste projeto. «A privatização da TAP é uma questão política. A ANA e a Vinci não querem aborrecer o Governo, porque um crescimento rápido de outra companhia aqui, pode enfraquecer a TAP. Por isso, uma parte deste plano poderá ter de esperar até à privatização, que é inevitável e, quanto mais rápido acontecer, melhor, para que todas as empresas tenham uma relação normalizada com a ANA e com a Vinci», concluiu.