Esta sexta-feira, dia 20 de Março, terá lugar aquele que, visto de Portugal, será o maior eclipse solar desta década. Mas todos os que quiserem assistir a este evento devem recordar que a observação do Sol sem instrumentos ou técnicas adequadas acarreta perigos para os nossos olhos que podem mesmo levar à cegueira.
Por isso, não podemos recorrer a soluções caseiras, tais como o uso de vidro fumado, radiografias, filme fotográfico sobrexposto, disquetes ou mesmo óculos de Sol. E mesmo alguns vidros de soldador poderão não oferecer a proteção suficiente contra radiação ultravioleta, apesar de bloquearem grande parte da luz visível. Assim este vidro deverá ter no mínimo um grau de opacidade igual a 14 (DIN 14).
A abordagem correta passa então por utilizar filtros ou óculos específicos para a observação do Sol, que estão disponíveis em Farmácias e em lojas da especialidade.
Mesmo com estes óculos, devemos limitar a observação o Sol a períodos curtos (de 20 a 30 segundos) espaçados de 3 minutos de descanso, não devendo passar no total a meia hora de observação.
Uma solução mais económica e segura consiste em recorrer ao método de projeção, bastando para tal duas folhas de papel ou construindo uma câmara obscura.
No primeiro caso, basta pegar em duas folhas de papel ou cartão, fazendo um orifício num deles com uma agulha, e projetando a luz que passa por este buraco na segunda folha (este efeito ocorre igualmente com a luz que passa por entre folhagem algo densa).
Quanto à observação direta do Sol, recorrendo a telescópios ou binóculos, apenas poderá ser feita utilizando filtros adequados para a observação solar que sejam específicos para estes instrumentos. Também estes filtros devem ser sempre colocados junto à objetiva e nunca junto à ocular (peça por onde olhamos) do instrumento.
Em alternativa, também podemos projetar a imagem que sai do telescópio ou binóculos sobre uma folha de papel tal como é feito no método de projeção.
Outra solução segura consiste é participar, junto das diversas entidades que, um pouco por todo o país, levarão a cabo sessões de observação do eclipse.
Este eclipse coincide com a chegada da Primavera (que tem lugar às 22h25 do mesmo dia 20).
Como a sombra da Lua não atinge toda a superfície do planeta simultaneamente, em vários locais o eclipse tem início, final ou dimensão diferentes. No caso de Portugal, o máximo do eclipse será atingido pelas 07h50 em Ponta Delgada e Angra do Heroísmo, 8h45 no Funchal, 8h59 em Faro, 9h01 em Lisboa, 9h04 em Coimbra, 9h05 no Porto e 9h08 em Bragança.
No entanto, em Portugal não haverá grandes diferenças quanto à duração do eclipse, que irá rondar perto de duas horas.
Quanto à extensão do eclipse, ele irá variar entre o uma ocultação de 57% do disco solar na Madeira, 62% em Faro, 72% em Bragança e 74% nos Açores.
Autor: Fernando J. G. Pinheiro (CITEUC)
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