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vesperasUma tertúlia feita das pessoalidades e dos desassossegos destes três interventores sociais, a inauguração de uma exposição de pintura e um momento de convívio, com música de Zeca Afonso, são os três momentos da iniciativa “As Vésperas”, que a Biblioteca Municipal de Lagos promove no dia 24 de Abril, a partir das 21h30.

O primeiro momento é a inauguração da exposição de pintura “A última semana do fascismo”, de Manuela Caneco, uma coleção constituída por 14 obras originais, estruturadas em cinco séries: “Corrosão do Sistema”; “Repressão em Lisboa”, “Tortura”, “Luta”, “Emigração forçada e clandestina”.

Às 22h00, decorre “Rente à Pele: Memórias do Portugal do 25 de Abril”, uma tertúlia que contará com a presença de Fernando Dacosta, Manuela Caneco e José Veloso, e feita das pessoalidades e dos desassossegos de três interventores sociais, cada um projetando “o seu” 25 de Abril, e refletindo sobre o tempo e o modo português, passado e presente. Num exercício de memória e de liberdade plenas.

“Chamar a Liberdade: Grândola Vila Morena”, é o momento de convívio final, no pátio, com a música do Zeca, acompanhada de vinhos e petiscos.

A transmissão da canção de José Afonso, no programa “Limite” da Rádio Renascença, às 00h20 do dia 25 de Abril de 1974, é a senha escolhida pelo MFA como sinal confirmativo de que as operações militares estão em marcha e são irreversíveis.

A Liberdade vinha para cumprir as palavras ansiadas da Poeta: Esta é a madrugada que eu esperava / O dia inicial inteiro e limpo / Onde emergimos da noite e do silêncio / E livres habitamos a substância do tempo. (Sophia de Mello Breyner, “O Nome das Coisas”, 1974).

A entrada em todas estas iniciativas é livre.

 

Os três interventores:

FERNANDO DACOSTA é um nome incontornável da literatura portuguesa contemporânea. Romancista, dramaturgo, jornalista e conferencista, é autor de uma vasta obra literária e documental, e um profundo vivenciador do período pré-25 de Abril.

Com uma escrita muito pessoal, de grande plasticidade e magnetismo, maioritariamente centrada nas temáticas relacionadas com a memória e a identidade nacionais, publicou, entre outros, “O Viúvo” e “Os Infiéis”, dois romances sobre o Portugal profundo, as ruturas e os encontros dos portugueses com a sua história; “Máscaras de Salazar” e “Nascido no Estado Novo”, livros de crónicas e memórias de muitos protagonistas e opositores do Estado Novo, inclusive Salazar; “Moçambique, todo o sofrimento do mundo”, “Os retornados estão a mudar Portugal” e “Os retornados mudaram Portugal”, obras que falam do fim do Império, e recentemente “O Botequim da Liberdade”, um livro-memória de e para Natália Correia, sua querida amiga.

Traz para a tertúlia as suas memórias e “os retornados”, os filhos indesejados da Revolução que chegam a Portugal no Verão Quente de 75. Eles são restos de império, vidas encaixotadas com passados perdidos, e que terão que inventar, assim de emergência e à pressa, novos sentidos de viver na “terra de ninguém” portuguesa. Incompreendidos, admirados, culpabilizados, invejados, eles seduzirão pela diferença, pela alegria, pela energia construtiva, pela abertura mental. Farão uma outra revolução, dentro da Revolução.

MANUELA CANECO é artista plástica, vive atualmente em Barão de S. Miguel, dá aulas particulares de pintura e trabalha exclusivamente com materiais reciclados.

Nos anos de 1973 e 1974 esteve fortemente envolvida na ambiência política e cultural lisboeta, devido à sua frequência da Escola Superior de Belas Artes, em Lisboa, e à ligação estreita que manteve com a Galeria “Opinião” e o Jornal “República”, locais de referência cultural à época. Nos tempos revolucionários do 25 de Abril foi ativista sócio – cultural, participando em diversos projetos comunitários por todo o país.

Através do trabalho artístico que agora revela na Biblioteca Municipal de Lagos, produzido precisamente na época que dá título à exposição, Manuela Caneco fala do seu “mundo de vésperas”, do Portugal antes da Revolução do 25 de Abril, visto e sentido por uma estudante e trabalhadora, emigrada do Sul, em Lisboa.

JOSÉ VELOSO é arquiteto de profissão e vive em Lagos. Candidato da Oposição Democrática, pela lista da CDE, à Assembleia Nacional, nas eleições de 1969, pelo círculo de Faro, esteve envolvido num dos projetos mais marcantes de participação cívica e de cidadania ativa, no 25 de Abril – o SAAL, um processo que, em dois anos, envolveu um milhar de arquitetos, engenheiros, técnicos e moradores, de Norte a Sul do país, para cumprir um dos ideais de abril: o direito à habitação.

José Veloso foi o arquiteto responsável e o autor dos 16 projetos da equipa SAAL (Serviço de Apoio Ambulatório Local), no barlavento algarvio.

A sua experiência de vida antifascista, e a utopia realizada, que experienciou no 25 de Abril, serão, certamente, os eixos principais da sua participação na tertúlia.

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